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sexta-feira, 30 de maio de 2025

Uma visita ao Primeiro Grupo de Aviação de Caça

 

Encerrando com chave de ouro, a série de conteúdos referentes aos 80 anos do dia 22 de abril e à Reunião da Aviação de Caça deste ano, o site Aviação em Floripa apresenta aos seus leitores, uma reportagem fotográfica especial e inédita, sobre uma das mais tradicionais e conhecidas Organizações Militares da Força Aérea Brasileira, o Primeiro Grupo de Aviação de Caça. Tivemos o privilégio em percorrer os principais ambientes e espaços da Unidade Aérea, que guardam muito da história da própria Aviação de Caça da FAB. O resultado dessa visita, apresentamos aos nossos leitores, a partir de agora.


O Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa), foi criado em 18 de dezembro de 1943, sendo a mais antiga entre todas as quarenta Unidades Aéreas que compõem a atual Ordem de Batalha da Força Aérea Brasileira, com mais de 81 anos de atividades ininterruptas. Entre 31 de outubro de 1944 e 2 de maio de 1945, o Grupo de Caça lutou com grande coragem e determinação nos céus italianos, realizando um total de 444 missões de combate durante a Segunda Guerra Mundial, contribuindo de forma decisiva para a vitória dos Aliados sobre as Forças do Eixo. Desde que retornou da vitoriosa Campanha da Itália, sua sede é a Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. A Unidade Aérea integra a chamada "Primeira Linha" da Aviação de Caça da FAB, equipada com os supersônicos Northrop F-5EM/FM Tiger II. O Primeiro Grupo de Aviação de Caça é formado por dois Esquadrões, "Jambock" (1º/1º GAvCa) e "Pif Paf" (2º/1º GAvCa). Ambos dividem as instalações e as aeronaves, porém, cada um deles, têm identidade própria e preserva seus personagens, histórias e tradições com muito orgulho. A Unidade Aérea é subordinada operacionalmente ao Comando de Preparo (COMPREP) e administrativamente, à Base Aérea de Santa Cruz.


O Primeiro Grupo de Aviação de Caça é atualmente comandado pelo Major Aviador Gusttavo Freitas de Souza, no cargo desde 21 de janeiro de 2025. Uma particularidade da Unidade Aérea são os códigos "King 01" e "King 02", utilizados respectivamente, pelo Comandante e pelo Oficial de Operações. Sua origem é incerta, entretanto, segundo relatos, surgiram no início dos anos 50, após a criação do Esquadrão "Pif Paf", como uma forma de diferenciar e destacar as duas funções. Outra versão, diz que o termo foi inspirado no filme "O Rei da Aviação", que narrava as aventuras de um piloto de caça. Histórias à parte, importante dizer que o código "King" não é pessoal ou vitalício, sendo repassado aos novos Oficiais quando assumem os cargos de comando da Unidade Aérea. Outro detalhe interessante referente ao Comandante e ao Oficial de Operações é que ambos utilizam o Emblema do Primeiro Grupo de Aviação de Caça no macacão de voo, ao invés das tradicionais "bolachas" em formato circular que identificam os dois Esquadrões que compõem o Grupo de Caça (veja infográfico mais abaixo).



As principais instalações do Primeiro Grupo de Aviação de Caça estão concentradas em um amplo prédio, dividido em dois blocos, com aproximadamente 2.250 m² de área construída, reunindo os setores Administrativos e Operacionais da Unidade Aérea. Além da sede, a estrutura conta ainda com um Hangar de Manutenção, Casa de Pista, Sala de Equipamentos de Voo e a linha de voo propriamente dita, onde ficam os aviões disponíveis para cumprir as missões diárias. A partir de agora, nossos leitores vão conhecer, através de imagens, os principais locais de destaque do Primeiro Grupo de Aviação de Caça. Todas podem ser visualizadas em maior resolução, facilitando a observação de detalhes. Além das informações disponíveis em cada parágrafo, sempre que necessário, as fotos estarão acompanhadas de legendas complementares. A visita começou pelo Salão Histórico, onde ficam guardados os documentos e itens que contam a trajetória e os fatos marcantes da Unidade Aérea, ao longo do tempo. Ali estão presentes, maquetes de todos os modelos de aviões operados pelo Grupo de Caça, troféus e prêmios conquistados e muitas raridades, como a carta escrita pelo Tenente-Coronel Nero Moura, contando para sua mãe sobre o desaparecimento em combate do seu irmão, Tenente Danilo Moura. 

Entrada principal da sede do Primeiro Grupo de Aviação de Caça.

Emblema do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, totalmente confeccionado com munições de diversos calibres. A obra de arte foi elaborada pelo Senhor Wagner Dissenha e oficialmente inaugurada em 17 de agosto de 2023.

Junto à recepção, encontra-se uma grande tela, retratando o P-47D Thunderbolt pertencente ao Tenente-Coronel Nero Moura, primeiro Comandante do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, além do vetor atual operado pela Unidade Aérea, o F-5EM/FM Tiger II.


Nas paredes do corredor principal, estão quadros com todos os modelos de aviões de caça utilizados pela Unidade Aérea. O Primeiro Grupo de Aviação de Caça foi pioneiro na FAB, na implantação do P-47 Thunderbolt, Gloster Meteor, AT-26 Xavante, F-5B Freedom Fighter e F-5E Tiger II.

Entrada do Salão Histórico.



Vistas gerais do Salão Histórico.


Carta original, escrita por Nero Moura a sua mãe, informando sobre o desaparecimento em combate de seu irmão mais novo, Danilo Moura.


Coleção de "bolachas", medalhas e outros itens.

O Salão Histórico conta também com maquetes em escala reduzida, de todos os modelos de aviões utilizados pelo Primeiro Grupo de Aviação de Caça.

Outro local interessante é o "Jink Out Bar", uma espécie de lounge ou sala de estar. O nome tem origem no jargão aeronáutico militar, representando o ato de realizar curvas ou manobras evasivas para escapar ou distanciar-se de um avião inimigo durante um combate aéreo. Fazendo uma analogia, é um ambiente de descanso, conversas e descontração para os pilotos, onde podem deixar de lado por alguns momentos, o cotidiano e as tensões do dia a dia. O espaço é temático e decorado com diversos objetos que remetem ao universo de uma Unidade Aérea de Caça. Para o visitante, principalmente se for um entusiasta da aviação, tudo chama a atenção, entretanto, o grande destaque é a seção dianteira de um caça F-5, disposta como se estivesse entrando pelo teto. Embora pareça parte de um avião de verdade, trata-se de uma maquete, representando o F-5EM Tiger II com a matrícula FAB 4826, sendo reabastecido em voo. O projeto ganhou corpo durante uma reforma no local e a maquete foi produzida e cedida gratuitamente pela equipe cenográfica da Rede Globo. Importante destacar que tanto o posicionamento do avião como a idealização e organização dos demais itens na sala, contaram com a participação e consultoria dos veteranos do Grupo de Caça.




Detalhes dos puxadores da porta, confeccionados com partes do manche do caça F-5 Tiger II.

Míssil Ar-Ar Python 3, em sua versão de manejo.

Míssil ar-ar MAA-1 Piranha, também em sua versão de manejo.

Canhão Pontiac M39A2, de 20 mm, que equipa o caça F-5.


O avestruz e o pinguim confraternizando-se é o espírito que norteia o "Jink Out Bar".


Detalhes da maquete do F-5.

Existem também duas salas temáticas, uma para o Primeiro Esquadrão, denominada como Sala "Brigadeiro Nero Moura", Patrono do Primeiro Grupo de Aviação de Caça e outra, chamada de Sala "Tenente Lima Mendes", Patrono do Segundo Esquadrão. Ambos os espaços prestam uma homenagem à memória e ao legado dos dois aviadores e aos demais integrantes do Grupo de Caça, de ontem, de hoje e de sempre, através de objetos, fotos e outros itens, diretamemte relacionados com a história das duas Unidades Aéreas, assim como as grandes pinturas que emolduram as paredes de fundo de cada um dos ambientes.


Sala Histórica do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º/1º GAvCa).

Fotos anuais com os pilotos pertencentes ao Primeiro Esquadrão.


Sala Histórica do Segundo Esquadrão do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (2º/1º GAvCa).

Representação do P-47D Thunderbolt "C5", avião voado por Lima Mendes na Campanha da Itália.

Chapa pertencente a um caça Gloster Meteor, com os nomes de diversos Comandantes do 2º/1º GAvCa.

A partir de agora, nossos leitores vão conhecer, através de imagens e informações, o passo a passo e os locais por onde os pilotos passam até chegar às aeronaves no pátio. Antes de se iniciar qualquer voo, mesmo que rotineiro ou de treinamento, é realizada uma reunião, na qual todos os detalhes e aspectos técnicos da missão são analisados e discutidos. Chamada de briefing, ela acontece em um ambiente destinado para isso. O Grupo de Caça é formado por Esquadrilhas, identificadas por cores: Vermelha, Amarela, Azul e Verde, para o Primeiro Esquadrão e; pelos naipes do baralho: Ouros, Paus, Copas e Espadas, para o Segundo Esquadrão. Interessante destacar que cada Esquadrilha, tem o seu próprio espaço de reuniões. Finalizada esta etapa, os Pilotos dirigem-se a outra sala, onde pegam uma espécie de cartão de memória, denominado de MMC, que contém todas as informações do voo. Esse dispositivo é inserido no painel da aeronave, alimentando os computadores de bordo com os dados da missão. 

Cada Esquadrilha ativa, possui a sua própria sala de briefing.

Vista geral da sala da Esquadrilha Vermelha.

Aviões usados para simular manobras que serão executadas no voo.

Porta-canetões no formato de um míssil Python 5.

O Primeiro Grupo de Aviação de Caça também conta com um Auditório, para reuniões maiores.

O próximo passo é se equipar para o voo. Isso acontece na Sala de Equipamentos de Voo (EQV). Cada Piloto tem seu próprio espaço individualizado, onde ficam o traje Anti-G, Colete e Capacete, tudo organizado e separado para rapidamente ser utilizado. Falando em capacete, são dois à disposição, um mais simples e outro chamado de HMD, mais sofisticado, onde diversas informações do voo, são projetadas diretamente no visor. Logo ao lado, está a Casa de Pista, local onde ficam os mecânicos responsáveis pela manutenção direta das aeronaves. Sobre o balcão, estão os manuais de cada avião, contendo a situação de cada um deles. Somente nesse momento é que o Piloto vai saber em qual aeronave vai voar, depois de verificar todas as informações anotadas pela equipe de terra e concordar com elas. Finalizado todo esse processo, chega enfim o momento de se dirigir ao pátio e realizar todos os procedimentos para o acionamento, táxi e decolagem. Após o pouso, tudo acontece novamente, só que na ordem inversa. Uma missão rotineira de treinamento de 45 minutos, por exemplo, pode durar cerca de 2 a 3 horas, considerando tudo que precisa ser feito antes e depois do voo. Assim como acontece em todas as Unidades de Caça da FAB, uma aeronave é mantida em estado de prontidão, 24 horas por dia, todos os dias do ano, capaz de decolar em questão de minutos, em situações que podem envolver uma emergência em voo com outras aeronaves ou a averiguação de tráfegos aéreos desconhecidos, dentro da área de jurisdição do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, que inclui os estados da Região Sudeste do país. Esses acionamentos são feitos, sem aviso prévio, a partir do Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I), em Brasília/DF e podem representar uma situação real ou apenas uma simulação. Todos os Pilotos da Unidade Aérea revezam-se nessa função, cumprindo uma escala de serviço que pode durar 24h.

Vista geral da Sala de Equipamentos de Voo.

Dentro da bolsa, fica o capacete do tipo HMD.

Balcão na Casa de Pista, com o manual de cada aeronave disponível na linha de voo. É nesse local, que reúne todas as facilidades, que o Piloto de Alerta, juntamente com a equipe de apoio, cumprem sua escala de serviço.






O Primeiro Grupo de Aviação de Caça possui oito hangaretes para abrigar suas aeronaves. Este é o local de onde partem os aviões para cumprirem suas missões diárias em defesa do Espaço Aéreo brasileiro.

Operar e manter uma aeronave de combate de alta performance exige um cuidadoso trabalho de manutenção. Tudo precisa estar em perfeito funcionamento, visando o cumprimento da missão e a segurança de voo. O Primeiro Grupo de Aviação de Caça dispõe de um amplo hangar e de uma equipe técnica, composta por profissionais especialistas em diversas áreas, incluindo motores, eletrônica, estruturas, entre outras. As manutenções mais simples e cotidianas são realizadas localmente. Já as grandes revisões, serviços programados ou situações mais complexas, são competência do Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP), instalado junto ao Campo de Marte, Organização Militar responsável por executar esses trabalhos junto aos caças F-5EM/FM Tiger II da Força Aérea Brasileira, tanto do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, quanto de sua Unidade Aérea co-irmâ, o Primeiro Esquadrão do Décimo Quarto Grupo de Aviação, Esquadrão Pampa, com sede em Canoas/RS.



Vista geral do Hangar de Manutenção.

O site Aviação em Floripa agradece ao Comando e à Seção de Comunicação Social do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, pela oportunidade em conhecer suas instalações e trazer para os nossos leitores, um pouco da história, do dia a dia da Unidade Aérea e do permanente e dedicado trabalho na defesa do Espaço Aéreo brasileiro. Uma atividade silenciosa e anônima, desconhecida de muitas pessoas e que esperamos que esta matéria possa melhor divulgá-la. Senta a Púa! Brasil!

A visita ao Primeiro Grupo de Aviação de Caça finalizou uma série de sete conteúdos, iniciada no dia 17 de abril, com a matéria sobre os 80 anos do dia 22 de abril. De lá para cá, semanalmente, nossos leitores acompanharam a Solenidade em comemoração pelo Dia da Aviação de Caça, conheceram a estrutura atual da Aviação de Caça da FAB e detalhes do seu principal evento anual, a Reunião da Aviação de Caça. Na sequência, foi a vez de apresentar a história e os monumentos da Base Aérea de Santa Cruz, um dos templos sagrados e berços de nossa aviação de combate. Além das imagens e textos, o conjunto de matérias contou com inúmeras tabelas e infográficos exclusivos, apresentando dados nunca antes publicados, resultado de muita pesquisa e que esperamos, possam servir de referência e fonte de consulta para todos que se interessam por esse tema. 

Entretanto, nada disso seria possível, sem a ajuda de pessoas e Instituições que acreditaram no nosso trabalho. Fica aqui o nosso agradecimento aos integrantes da atual Diretoria da Associação Brasileira de Pilotos de Caça (ABRA-PC), ao Comando e à Seção de Comunicação Social da Base Aérea de Santa Cruz (BASC), além do já citado, Primeiro Grupo de Aviação de Caça, por todo o apoio, sem o qual, nada disso teria sido possível. Da mesma forma, gratidão a quem voou na nossa ala, nessa importante missão, em especial, ao colaborador e amigo, Ângelo dos Santos Melo, ao Coronel Aviador Refm e Historiador Aeronáutico, Aparecido Camazano Alamino, ao Coronel Aviador Refm Antônio Ricieri Biasus, aos Pesquisadores Aeronáuticos, Rudnei Dias da Cunha, Luis Gabriel e Vicente Vasquez, ao Restaurador Aeronáutico, Luciano André Schneider e a todos que de alguma forma, contribuíram para a realização dos conteúdos ou ajudaram na sua divulgação. Por fim, deixamos registrado nosso agradecimento mais que especial aos leitores do site Aviação em Floripa, por meio das visitas, comentários e palavras de incentivo. Vocês são o nosso pós-combustor, aqueles que nos dão ânimo e energia extra para seguir em frente e à plena potência, nos mantendo voando em "Céu de Brigadeiro", nivelados e em altitude de cruzeiro. Muito Obrigado!!

6 comentários:

Carol disse...

👏👏👏👏

Angelo disse...

Um verdadeiro tour virtual pra quem nunca teve a oportunidade de visitar a cidade da caça. Parabéns mais uma vez e obrigado por compartilhar de forma tao detalhada com os leitores!

Regina disse...

Muito interessante!

Anônimo disse...

Sensacional muito bom

Anônimo disse...

Parabéns, ótima matéria!!

NILTON disse...

Parabéns Marcelo excelente matéria, um abraço.

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