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quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Asas navais preservadas na orla de São Pedro da Aldeia

 


A cidade de São Pedro da Aldeia. localizada na chamada "Região dos Lagos", litoral norte do Estado do Rio de Janeiro, não é famosa apenas pelas suas belas paisagens naturais, qualidade de vida, simpatia e hospitalidade de seus moradores. Desde 1961, ela abriga o Comando da Força Aeronaval e também é sede da única Base Aérea da Marinha e de sete dos onze Esquadrões de Voo que formam o seu componente aéreo. Não por acaso, a cidade é também conhecida como "A Morada da Aviação Naval". Aproveitando a recente visita a São Pedro da Aldeia, o site Aviação em Floripa foi conhecer uma importante iniciativa de resgate e perpetuação de uma parte da história da Aviação Naval brasileira, representada por duas aeronaves colocadas em exposição permanente ao alcance de todos. Além do caráter histórico, os monumentos também simbolizam os fortes laços de amizade e de parceria que unem a cidade e o povo aldeense à Marinha do Brasil e sua Aviação. Em mais um conteúdo exclusivo, brindamos nossos leitores com a presente matéria, trazendo, imagens, informações e curiosidades acerca delas.

Quem chega a São Pedro da Aldeia/RJ, é recepcionado logo na entrada da cidade, por duas das mais relevantes e icônicas aeronaves da história recente da Aviação Naval brasileira. Instaladas junta à orla da Lagoa de Araruama, um dos principais cartões postais do município, elas rapidamente ganharam brilho próprio, chamando a atenção de todos e constituindo-se em mais uma atração turística para a pacata e simpática cidade com pouco mais de cem mil habitantes, que desde o início da década de 60, recebeu de braços abertos a chegada da Aviação Naval, representada pela construção e instalação da Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA), uma das responsáveis pelo desenvolvimento econômico do município e região próxima. Vamos contar a partir de agora, um pouco da história destas duas aeronaves e trazer detalhes sobre os exemplares expostos. Boa leitura!


O Rei dos Mares

Durante a chamada "Guerra Fria" (1947-1991), período da História que ficou marcado pelo confronto político e ideológico entre Estados Unidos e União Soviética, um dos principais campos de batalha no tocante ao desenvolvimento de novas aeronaves e armamentos, era o mar. De forma a combater a crescente frota de submarinos soviéticos, um dos pilares da estratégia norte-americana de defesa, residia na chamada Guerra Antissubmarino (ASW, do inglês Anti-Submarine Warfare). É neste contexto que no final da década de 50, surge o Sikorsky Sea King, sucessor do SH-34 Seabat, fabricado pela mesma empresa. Até este momento, o emprego ASW necessitava de uma aeronave para localizar e outra para neutralizar uma ameaça submarina. O Sea King mudou isso, sendo capaz de executar as duas funções de maneira eficiente em uma mesma plataforma. Também foi um dos primeiros helicópteros no mundo a utilizar a propulsão turbo eixo no lugar dos motores a pistão. O projeto era inovador, a fuselagem possuía a parte inferior em forma de casco que, juntamente com os dois estabilizadores de flutuação lateral, permitia o pouso da aeronave na superfície do mar. A cabine principal acomodava dois operadores de sonar/radar e os demais equipamentos de guerra antissubmarina. O rotor principal de cinco pás possuía atuadores hidráulicos que recolhiam as pás para trás, permitindo a hangaragem em espaços reduzidos. O modelo voou pela primeira vez em 11 de março de 1959, designado inicialmente como HSS-2 e logo depois como SH-3A.

O protótipo XHSS-2 Sea King, visto aqui em seu primeiro voo. Fonte: https://www.thisdayinaviation.com/11-march-1959/

Em meados da década de 60, entrou em serviço a versão SH-3D, com motores mais potentes, novos sensores e maior autonomia, atualizada anos mais tarde para o modelo "Hotel", com a conversão de várias células SH-3A e D, padronizadas para esta configuração. Além dos Estados Unidos, o Sea King foi produzido sob licença no Reino Unido, Canadá, Japão e Itália, incorporando equipamentos e pequenas melhorias, de acordo com as necessidades de cada país. A linha de produção se encerrou em 1997, com mais de 1.300 exemplares fabricados. Entre os principais operadores, além dos países citados acima, utilizaram o Sea King em diferentes versões, Arábia Saudita, Argentina, Brasil, Dinamarca, Espanha, Índia, Irã, Malásia, Noruega, Paquistão, entre outros. Alguns países ainda possuem exemplares em serviço ativo, na função primária ASW ou convertidos para outras tarefas.

A Marinha do Brasil começou a receber os primeiros Sea King em 1970, numa encomenda totalizando quatro unidades da versão S-61D-3 (SH-3D), novos de fábrica, com o objetivo de complementar e posteriormente substituir a frota de SH-34J "Baleia", utilizados pelo 1ª Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino (Esqd.HS-1). A chegada desses helicópteros representou um grande salto operacional e tecnológico para a Unidade Aérea, sendo também os primeiros vetores de asa rotativa biturbina a entrar em serviço na América do Sul. As aeronaves foram matriculadas de N-3007 a N-3010 e chegaram ao Brasil em 28 de abril de 1970, a bordo do Porta-Aviões norte-americano CV-66 "USS America". Em 1972, a Unidade Aérea recebeu mais dois exemplares (N-3011 e N-3012), totalizando cinco aeronaves em serviço, uma vez que em novembro de 1970, o N-3009 havia sido perdido em um pouso de emergência em Florianópolis. Os primeiros anos de operação com o novo vetor foram intensos, com a Unidade Aérea buscando atingir a sua plena capacidade operacional e a qualificação de suas equipagens, com a realização de inúmeros treinamentos e a participação em diversas Operações, inclusive com nações amigas. Em 1976, mais uma baixa, desta vez, o N-3008, caiu no mar, ao largo de Cabo Frio, durante um treinamento noturno, vitimando todos os ocupantes a bordo. Levaria quase duas décadas até que finalmente partes da aeronave fossem encontradas e resgatadas. 

Foto: MB/Divulgação

Foto: MB/Divulgação

Desde sua entrada em serviço na Marinha, o Sea King ampliou de forma significativa a missão de detectar e atacar alvos submarinos, estabelecendo uma sólida e eficiente doutrina de emprego ASW, formando várias gerações de Pilotos Navais nesse complexo e importante ramo de atuação da guerra no mar. Em 1981, de forma a repor as perdas e aumentar a capacidade de emprego do Esquadrão HS-1, a Marinha do Brasil assinou um contrato com a empresa italiana Agusta para a aquisição de quatro helicópteros Agusta-Sikorsky ASH-3D, novos de fábrica, aqui designados como SH-3A e com as matrículas N-3013 a N-3016. Esses helicópteros chegaram no final de 1984 a bordo do Navio de Transporte de Tropa G-16 "Barroso Pereira". Entre as funcionalidades trazidas pelos novos vetores, estava a capacidade de empregar o míssil antinavio AM-39 Exocet, colocando o Esquadrão em um novo patamar e capaz de cumprir também, a partir deste momento, ataques contra navios de superfície. No mesmo acordo que efetivou a compra dos helicópteros italianos, foi incluída a atualização das quatro células remanescentes (N-3007, N-3010, N-3011 e N-3012) para o mesmo padrão. Todos os helicópteros modernizados retornaram ao Brasil em maio de 1988. Em janeiro do ano seguinte, o N-3014 sofreu uma perda de potência durante uma decolagem noturna do NAeL "Minas Gerais", vindo a cair no mar próximo ao navio, resultando na perda da aeronave e de parte da tripulação.

Foto: MB/Divulgação

No primeiro semestre de 1996, o Brasil adquiriu da Marinha dos Estados Unidos (U.S. Navy), mais seis Sea King, desta vez do modelo SH-3H, que haviam dado baixa do serviço ativo e encontravam-se estocados. Essas aeronaves, depois de revisadas, foram embarcadas no NAeL "Minas Gerais" no porto de Pensacola (Flórida) e desembarcaram no Rio de Janeiro, em 10 de junho de 1996. Elas apresentavam um sonar mais avançado e potente, o AQS-18(V), semelhante ao utilizado nos SH-60F Seahawk (sucessor do Sea King), além de um radar Marconi LN66HP instalado na porção central inferior da fuselagem, característica que os diferenciavam visualmente dos SH-3A. Aqui, esses helicópteros foram designados como SH-3B e ganharam as matrículas N-3017 a N-3019 e N-3029 a N-3031. Além desses seis helicópteros, a Marinha havia recebido dois "charutos" ou fuselagens extras de SH-3D, sem condições de voo, em setembro de 1994, apenas como fornecedoras de peças de reposição. A partir de 2012, o Esquadrão HS-1 começou a incorporar os novos Sikorsky S-70B Seahawk e, no dia 25 de agosto do mesmo ano, durante os festejos de aniversário da Aviação Naval, o SH-3 fez seu último voo, encerrando uma carreira de 42 anos de bons serviços prestados em defesa da nossa soberania e em apoio à Esquadra brasileira. No total a Marinha operou com dezesseis SH-3 em três diferentes configurações (veja quadro abaixo).

Até o momento da publicação desta matéria, sete SH-3 Sea King retirados de serviço, encontram-se preservados em Praças, Museus ou outros locais públicos, entre eles o exemplar tema deste artigo. O primeiro local de exibição desta aeronave foi a Praça Almirante Protógenes Guimarães, anexa à Escola Almirante Carneiro Ribeiro, localizada defronte à Rodovia RJ-106, espaço inaugurado em 10 de janeiro de 1999, sendo este, o Sea King preservado e em exposição a mais tempo. A partir deste ano, o helicóptero ganhou um novo endereço, próximo ao anterior, na entrada da cidade. O local, assim como a aeronave, foram completamente revitalizados, constituindo-se em mais uma atração turística do município de São Pedro da Aldeia. Confira abaixo, um pequeno vídeo produzido pela Marinha do Brasil, mostrando detalhes do traslado, montagem e instalação do helicóptero em seu novo e permanente espaço de visitação.

Clique sobre a imagem acima, para assistir ao vídeo.

Praça Almirante Protógenes Guimarães, o primeiro local de exibição do N-3009. Foto: Arquivo pessoal do autor.

Um fato curioso sobre esta aeronave é que, apesar de ostentar a matrícula N-3009, na verdade este exemplar é um dos dois SH-3 adquiridos em 1994 como fonte de peças de reposição e que nunca voaram pela Marinha do Brasil. A fuselagem foi completada com componentes de outros helicópteros do mesmo modelo e pintada com as cores originais do verdadeiro N-3009, que se acidentou em Florianópolis, ao fazer um pouso de emergência na localidade conhecida como Praia da Gamboa, em 21 de novembro de 1970. A escolha desta matrícula foi uma homenagem ao "Guerreiro 09", em memória do primeiro SH-3 da Marinha a ser perdido em acidente, felizmente neste caso, sem vítimas. Acompanhe abaixo, imagens da aeronave em seu novo local de exibição.














O Falcão dos Céus


Concebido no início da década de 50 pela fabricante estadunidense Douglas, mais tarde McDonnell Douglas, o A-4 Skyhawk é um jato monoturbina, subsônico e com asas em delta, projetado como uma aeronave de ataque para operar a bordo dos Porta-Aviões da Marinha dos Estados Unidos (U.S. Navy). Foi bastante utilizado e ganhou notoriedade como caça-bombardeiro ao longo da Guerra do Vietnã (1955-1975), com a Força Aérea de Israel nos confrontos com os árabes, sobretudo na Guerra dos Seis Dias (1967) e Conflito do Yom Kippur (1973) e também com os argentinos durante a Guerra das Falklands/Malvinas (1982). O desempenho em combate mostrou as qualidades do aparelho e do projeto, tornando o A-4 um grande sucesso, com o desenvolvimento de diversas versões ao longo do tempo, sendo produzidos entre 1954 (ano em que ocorreu o primeiro voo) até 1979 (quando a linha de produção se encerrou), um total de 2.960 exemplares, operados por várias Forças Aéreas e Marinhas ao redor do mundo.

O protótipo XA4D-1, que voou pela primeira vez em 22 de junho de 1954. Foto: U.S. Navy

O modelo empregado pelo Brasil foi originalmente operado pela Força Aérea do Kuwait a partir de meados da década de 70. Na ocasião foram encomendados um total de 30 A-4 monopostos da versão "M", chamada de Skyhawk II, mais 6 aeronaves bipostas TA-4, passando a serem designadas como A-4KU (matriculadas de 801 a 830) e TA-4KU (881 a 886), respectivamente. Estes aviões inclusive chegaram a ser utilizados em combate logo no início da Guerra do Golfo, em 1991, durante a invasão do Kuwait pelo Iraque. Do lote inicial de 36 exemplares, entre perdas de operação e em decorrência dos combates frente aos iraquianos, restaram 23 aeronaves, que ficaram estocadas até serem adquiridas pelo Brasil no final dos anos 90. Cabe ressaltar que os aviões estavam entre os últimos A-4 produzidos e cada célula contava com uma média aproximada de apenas 1.500 horas de voo, restando ainda grande potencial de utilização, tornando-se à época, uma excelente oportunidade de compra para a Marinha do Brasil, que logo após a liberação para voltar a ter aviões em seu inventário, buscava um vetor para realizar operações embarcadas a partir do Navio Aeródromo Ligeiro (NAeL) A-11 "Minas Gerais" e posteriormente do Navio Aeródromo (NAe) A-12 "São Paulo".


Fotos: MB/Divulgação

O contrato com o governo brasileiro foi assinado em 1998 e representou um marco para a Aviação Naval, que reinaugurava assim, a sua aviação de asa fixa, sendo também os primeiros aviões a jato operados pela Marinha em sua história. Aqui, os aviões foram designados como AF-1 Falcão (para os monopostos, que receberam as matrículas N-1001 a N-1020) e AF-1A Falcão (para os bipostos, matriculados de N-1021 a N-1023). Em 2 de outubro de 1998, o 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (Esqd.VF-1) foi criado, tendo a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia como sua sede. A partir deste momento, iniciou-se o processo para tornar a nova Unidade Aérea da Marinha plenamente operacional e a qualificação de seus Pilotos para o cumprimento de suas missões em apoio à Esquadra, tanto a partir de terra, quanto de sua base flutuante, o A-11 "Minas Gerais" e depois, o A-12 "São Paulo". 

Foto: MB/Divulgação

A operação do AF-1 Falcão ao longo dos anos, mostrou a necessidade de uma atualização de meia-vida, principalmente no tocante aos sensores e capacidade de autodefesa. Assim, em 2009 foi assinado um contrato com a Embraer Defesa e Segurança para a modernização de parte da frota. Após algumas mudanças na quantidade de aeronaves contempladas pelo programa, ficou estabelecido que sete exemplares (cinco monopostos e dois bipostos) seriam elevados ao padrão AF-1B/C, respectivamente. Entre os aperfeiçoamentos implementados estavam, um novo radar, a adoção de um novo conceito de cabine, com a substituição dos mostradores analógicos por telas de LCD multifunção, operação da aeronave e dos controles de voo e missão a partir do manche e do acelerador, instalação de novos sensores, entre outras melhorias. O avião com a matrícula N-1011 foi escolhido como o protótipo do Programa AF-1M, que fez seu primeiro voo em agosto de 2013 em sua nova configuração. Posteriormente, esta aeronave viria a ser perdida em uma colisão em voo com outro AF-1 Falcão, em julho de 2016, vitimando o Piloto. Atualmente o Esquadrão VF-1 opera com sua frota completa de aviões modernizados, sendo quatro monopostos e dois bipostos.

O protótipo do Programa AF-1M. Foto: Embraer

AF-1B Falcão modernizado. Foto: MB/Divulgação


Conforme a tabela acima, existem até o momento quatro exemplares de AF-1 Falcão preservados, dentre eles, o exposto no centro de São Pedro da Aldeia. Esta aeronave em questão tem um grande valor histórico, pois foi o AF-1 Falcão com a matrícula N-1006, que realizou o primeiro pouso enganchado no NAeL A-11 "Minas Gerais", em 15 de janeiro de 2001. Também foi este exemplar que protagonizou a primeira catapultagem, três dias depois. A ideia da exposição permanente de uma aeronave para representar o vínculo entre a cidade de São Pedro da Aldeia e a Aviação Naval, tomou forma em agosto de 2020, fruto de uma iniciativa do Poder Público municipal em conjunto com a Marinha do Brasil. Como visto, a aeronave escolhida foi um dos AF-1 Falcão não contemplados pela modernização e que encontrava-se estocado nas dependências do Complexo Aeronaval. O avião foi colocado em uma estrutura especialmente construída, junto à orla da Lagoa de Araruama, próxima ao centro da cidade. Acompanhe abaixo, um vídeo com a operação de traslado e da instalação, além de fotos do monumento, feitas durante nossa recente visita à cidade.

Clique sobre a imagem acima, para assistir ao vídeo.
















Localização das duas aeronaves na orla da Lagoa de Araruama, em São Pedro da Aldeia. Fonte da imagem: Google Earth


terça-feira, 17 de outubro de 2023

O Sul em festa! A FAB abre suas Bases Aéreas para a Sociedade

 

Um é pouco! Dois é bom! Três é demais? Não!!! Três é melhor ainda! No final de semana passado, prolongado pelo Feriado de Nossa Senhora Aparecida, as três Bases Aéreas da FAB localizadas no sul do país (Canoas, 12/10; Santa Maria, 14/10 e; Florianópolis, 15/10), realizaram seus eventos aeronáuticos em comemoração ao mês do Aviador, uma justa homenagem à genialidade de um brasileiro, Alberto Santos Dumont e à maior de suas invenções, o avião, meio de transporte que revolucionou a humanidade, encurtando distâncias e diminuindo o mundo de tamanho. O site Aviação em Floripa esteve presente aos três eventos e convida você a nos acompanhar nesta jornada, mostrando as aeronaves participantes, as atrações para o público e o que de mais importante aconteceu. 



Este ano, todos os eventos da Força Aérea Brasileira têm como pano de fundo, a comemoração pelos 150 anos de nascimento de Alberto Santos Dumont, considerado o Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica Brasileira. Nascido em 20 de julho de 1873, na localidade de Cabangu, que mais tarde seria parte da cidade de Palmyra (atualmente chamada de Santos Dumont), em Minas Gerais. Filho de Francisca Santos Dumont e Henrique Dumont, Engenheiro Civil de Obras Públicas, desde criança, Alberto se notabilizou no interesse pelas máquinas, tendo sido incentivado por seu pai a direcionar seus estudos nas áreas de mecânica, física, química e eletricidade. O fascínio pelos artefatos voadores e pelo desejo de voar surgiu aos 15 anos de idade e três anos mais tarde, já emancipado pelo pai, o jovem seguiu para Paris, na França, a fim de completar seus estudos e perseguir seu sonho. Não demorou para que os primeiros modelos de balões e dirigíveis (até então, a forma como se tinha contato com o céu), ganhassem forma e os ares da capital francesa. Entretanto, o espírito inquieto de Santos Dumont queria muito mais e assim, no dia 23 de outubro de 1906, ele alçou voo a bordo de seu 14-Bis, no Campo de Bagatelle, em Paris e, diante de uma plateia atônita e maravilhada, provou ao mundo que voar por meios próprios e de maneira sustentada, não era privilégio apenas dos pássaros. Estava aberto o caminho que revolucionou a forma de se locomover e viajar e por que não, da própria humanidade. E tudo isso, por intermédio de um visionário e obstinado gênio brasileiro. 

Santos Dumont a bordo do 14-Bis. 

A história de vida, as obras e os valores do Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica Brasileira são fontes de inspiração não só no nosso país, mas em várias regiões do planeta. Suas inovações e contribuições para a Aviação são lembradas e celebradas até hoje. Por este motivo, de forma a eternizar aquele feito histórico e em sua memória, o dia 23 de outubro é marcado como o Dia do Aviador e da Força Aérea Brasileira. Alberto Santos Dumont faleceu em 23 de julho de 1932, no Guarujá/SP, porém, seu legado para o desenvolvimento da Aviação permanece vivo até os dias atuais, exemplos inequívocos de trabalho, persistência e genialidade para as atuais e futuras gerações de brasileiros.







Diversas Organizações Militares da FAB espalhadas por todo o país, anualmente promovem durante o mês de outubro, uma série de atividades esportivas e culturais para celebrar e relembrar a vida e as realizações de Alberto Santos Dumont. Dentre elas, sem sombra de dúvidas, a mais aguardada por todos é o evento chamado de "Portões Abertos", um dia de festividades, no qual a população tem a oportunidade única para conhecer um pouco do trabalho e das ações desenvolvidas pela Força Aérea Brasileira, suas aeronaves e suas capacidades de emprego. Além disso, é uma ótima oportunidade para difundir a cultura aeronáutica, despertar vocações e estreitar os laços com a sociedade. Suspensos durante a pandemia, aos poucos o calendário de eventos foi retomado de forma tímida a partir do ano passado e em 2023, voltaram com força total. Acompanhe na tabela abaixo, as datas e locais das principais festas aviatórias organizadas pela FAB no ano que celebra os 150 anos de nascimento de Alberto Santos Dumont:


Localização das Bases Aéreas da FAB no Sul do país, com as respectivas datas de seus eventos aeronáuticos.

A partir de agora, você passa a acompanhar através de imagens, uma grande cobertura fotojornalística dos "Portões Abertos" em Canoas/RS, Santa Maria/RS e Florianópolis/SC. Para os fãs de Aviação Militar, segue também uma tabela com diversas informações sobre todas as aeronaves militares presentes e à disposição do público ou que conseguimos registrar de alguma forma, em cada uma das Bases Aéreas. Fiel ao compromisso de levar aos nossos leitores sempre o melhor e mais completo conteúdo a respeito do que acontece na Aviação Militar, o site Aviação em Floripa, se fez presente nos três eventos. É o que você passa a acompanhar a partir de agora.









Cartaz Oficial da EXPOAER 2023.

Localizada na Região Metropolitana de Porto Alegre, o município de Canoas abriga uma das maiores e mais importantes Bases Aéreas da FAB, sede de três Unidades Aéreas, sendo uma de Caça (1°/14° GAv - Esquadrão Pampa), uma de Patrulha Marítima (2°/7° GAv - Esquadrão Phoenix) e outra de Transporte (5º ETA - Esquadrão Pégaso). No Rio Grande do Sul, o evento de "Portões Abertos" costuma receber o nome de EXPOAER (Exposição Aeronáutica). Realizada desde 1986, tradicionalmente no Feriado de Nossa Senhora Aparecida e Dia das Crianças, a EXPOAER da Base Aérea de Canoas é sempre muito aguardada, fazendo parte inclusive, do calendário oficial de eventos da cidade e neste ano, chegou em sua 34ª edição. 





O último evento aeronáutico aberto ao público em Canoas, havia sido em 2019 e a expectativa da população pelo retorno da festa era grande. Nem a possibilidade de chuva, frio e céu nublado, afastaram os canoenses e demais visitantes. Segundo estimativas oficiais, mais de 40 mil pessoas passaram pelo local durante a EXPOAER desse ano. Além das aeronaves em exposição em terra e o show no ar, não faltaram atrações para todos os públicos e idades, dentre elas, Hangar da Leitura, brinquedos infláveis para a criançada, apresentações artísticas e culturas, estandes diversos com venda de artigos militares e aeronáuticos, artesanato, exposição de carros de combate do Exército Brasileiro, praça de alimentação, entre outras. A possibilidade de chuva e a condição meteorológica adversa no sul do país acabou trazendo poucas aeronaves militares de fora do Rio Grande do Sul para o evento este ano. Mesmo assim, o dia ficou movimentado com a "prata da casa". Confira abaixo:

Apresentação de paraquedismo.

Northrop F-5EM Tiger em exposição no hangar do 5º ETA.

Apresentação acrobática do Comandante Sérgio Machado e seu CAP-10. Uma verdadeira lenda viva e um ícone da Aviação no Rio Grande do Sul.

Aeronaves em exposição estática: C-98A Grand Caravan FAB 2743 / C-97 Brasília FAB 2008 - 5º ETA (Canoas/RS)

Aeronaves em exposição estática: A-1BM FAB 5652 - 3º/10º GAv (Santa Maria/RS)

Aeronaves em exposição estática: F-5EM Tiger II FAB4862 - 1º/14º GAv (Canoas/RS)

Apresentação do Batalhão de Aviação da Brigada Militar (BAvBM)

Northrop F-5EM/FM Tiger II do Esquadrão Pampa na linha de voo.

Northrop F-5EM/FM Tiger II do Esquadrão Pampa: decolagens, pousos e passagens baixas.

Algumas imagens do Esquadrão de Demonstração Aérea em Canoas/RS.










Cartaz Oficial da EXPOAER 2023.

No sábado foi a vez da Base Aérea de Santa Maria, localizada no coração do Rio Grande do Sul, receber a população para a sua EXPOAER. A "Sentinela Alada do Pampa", como também é conhecida, sedia quatro Unidades Aéreas da FAB, duas, equipadas com aeronaves de Caça, os Esquadrões Poker e Centauro, uma de Helicóptero, o Esquadrão Pantera e, uma com Aeronaves Remotamente Pilotadas, o Esquadrão Hórus. O dia ensolarado, de céu azul e temperatura agradável ajudou a atrair um grande público para a Base Aérea, estimado pela organização do evento, em cerca de 40 mil pessoas. Além da interrupção causada pela pandemia, já havia alguns anos que a EXPOAER de Santa Maria não era realizada, criando uma grande expectativa, que foi plenamente atendida com uma festa aviatória muito bem planejada e estruturada, repleta de atrações durante todo o dia.

Recebendo os visitantes na entrada, um lendário H-1H, helicóptero que marcou época na FAB e no Esquadrão Pantera, sediado em Santa Maria.

O Exército Brasileiro sempre tem presença marcante na EXPOAER, com seus carros de combate e viaturas blindadas.

A Marinha do Brasil foi representada por militares do 5º Distrino Naval e por integrantes do Esquadrão HU-51, ambos com sede na cidade de Rio Grande.

A Aviação Civil se fez presente com aeronaves do Aeroclube de Santa Maria e de regiões próximas.


O sábado de céu azul levou cerca de 40 mil pessoas à Base Aérea de Santa Maria.

Quem foi ao evento, teve a oportunidade de ver de perto diversas aeronaves da Força Aérea Brasileira, incluindo os RQ-450 e 900, veículos pilotados remotamente, utilizados em missões de vigilância e reconhecimento e raramente vistos pelo grande público. Os caças A-1 dos Esquadrões Poker e Centauro fizeram diversas passagens sobre a Base, encantando os presentes com suas manobras e o Esquadrão Pantera realizou uma apresentação de rapel com seu helicóptero H-60 Black Hawk, demonstrando toda a técnica e treinamento necessários em missões de resgate. Além do espetáculo no céu, muitas atrações em terra também, como a tradicional apresentação do Canil Vento Divino, Aeromodelismo, exposição de blindados do Exército Brasileiro, vendas de artigos aeronáuticos, entre tantas outras. Digno de registro e uma grata surpresa, foi a participação da Marinha do Brasil, representada pelo Quinto Distrito Naval e pelo Esquadrão HU-51, com sede na cidade de Rio Grande. Quem passou pelo estande teve a chance de conhecer um pouco do trabalho e das atividades desenvolvidas pelos homens e mulheres do Mar. A EXPOAER foi encerrada com uma apresentação de gala da Esquadrilha da Fumaça. Acompanhe abaixo, em imagens, alguns momentos do evento.

Aeronaves em exposição estática.

Demonstração de rapel do Esquadrão Pantera.

RQ-450 do Esquadrão Hórus em exposição estática.

Demonstração em voo do RQ-900 do Esquadrão Hórus.

Demonstração em voo dos A-1M.

Chegada do Esquadrão de Demonstração Aérea em Santa Maria.

Apresentação do Esquadrão de Demonstração Aérea. Todas as fotos: Rafael Beltrame





Cartaz Oficial do Portões Abertos 2023

Encerrando os eventos aeronáuticos promovidos pela Força Aérea Brasileira no sul do país, no domingo, dia 15 de outubro, foi a vez da Base Aérea de Florianópolis abrir suas portas para a comunidade. Após uma lacuna de três anos, o tradicional e muito aguardado "Portões Abertos" voltou a acontecer. Ciente do grande interesse da população e pensando no conforto e segurança dos visitantes, a Base Aérea de Florianópolis pela primeira vez adotou o sistema de geração gratuita de ingressos (uma prática cada vez mais comum em eventos aeronáuticos no Brasil), com o objetivo de dimensionar de forma antecipada, a quantidade de público e assim, poder planejar e organizar toda a infraestrutura necessária, de maneira a minimizar problemas ou transtornos gerados pelo grande fluxo de pessoas. Um cuidado especial foi dedicado com o acesso ao local, assim como as formas de entrada e saída do evento. Todos os lotes de ingressos colocados à disposição, esgotaram-se até a véspera do Portões Abertos, comprovando a demanda histórica e garantindo de antemão, um evento bastante movimentado. De acordo com informações levantadas pelo site Aviação em Floripa, em torno de 30 mil pessoas passaram pela Base Aérea de Florianópolis.

Hasteamento do Pavilhão Nacional, abrindo oficialmente o Portões Abertos da BAFL.

C-130 Hércules aberto à visitação do público.

Apresentação da Banda de Música da Base Aérea de Canoas.

O "Fabinho", personagem que representa a Força Aérea Brasileira chamou a atenção das crianças.

Apresentação do Boi de Mamão, atividade típica da cultura ilhéu.

Santos Dumont também veio prestigiar o Portões Abertos em Florianópolis.

A locução do evento ficou a cargo de Sandro Rocha, trajado à caráter, deu um show no microfone, trazendo a todo instante, informações de utilidade pública, além de detalhes da programação e aspectos históricos e curiosidades sobre as aeronaves.

Durante os dias que antecederam o evento, a maior dúvida que pairava sobre todos era a meteorologia, uma vez que Santa Catarina, assim como boa parte do sul do país, vem enfrentando sérios problemas com a chuva. Entretanto, contrariando as previsões, o domingo na capital catarinense permaneceu apenas com céu nublado, experimentando até alguns momentos de maior abertura, com um sol tímido aparecendo de vez em quando, como se quisesse participar da festa, fazendo a alegria dos apaixonados por aviação e garantindo a diversão das famílias que escolheram a Base Aérea de Florianópolis para o seu programa de domingo. Pensando nesta diversidade de público, uma série de atrações e atividades estavam disponíveis de forma a preencher todo o dia, como exposição de veículos antigos, estandes de vendas de produtos aeronáuticos, demonstração do canil da Polícia Militar, exposição de aeronaves em miniatura, apresentação de Boi de Mamão (mas das mais tradicionais manifestações culturais da Ilha de Santa Catarina), presença da Banda de Música da Base Aérea de Canoas/RS, Paraquedismo, entre outras, sem contar é claro, as aeronaves militares e civis, as grandes estrelas do espetáculo, chamando a atenção das crianças e adultos, tanto no pátio quanto durante as demonstrações no céu. 



Mais de 30 mil pessoas passaram pela Base Aérea de Florianópolis.

 A Esquadrilha da Fumaça encantou o público com sua demonstração sobre a Baía Sul.

Falando em aeronaves, como não poderia deixar de ser, quem mais atraiu os olhares e as lentes das máquinas fotográficas e celulares do público foi a Esquadrilha da Fumaça, o cartão de visitas da Força Aérea Brasileira, sempre uma atração à parte por onde passa. Os sete aviões A-29 Super Tucano, pintados com as cores da bandeira nacional, não decepcionaram quem ficou até o horário marcado para a apresentação e deram seu costumeiro show de técnica, arrojo e perícia, conquistando corações e mentes e arrancando aplausos dos presentes, a cada manobra realizada. Acompanhe a partir de agora, em imagens, mais alguns momentos desta grande festa.

Aeronaves em exposição estática.

Paraquedismo

Passagem baixa dos caças F-5M Tiger II.

Passagens baixas dos caças A-1M.

Chegada do Esquadrão de Demonstração Aérea em Florianópolis.



Foram três eventos aeronáuticos, em dois Estados, cobertos em quatro dias, totalizando mais de 1.500 km rodados. Essa foi a maratona encarada pelo site Aviação em Floripa para levar até nossos leitores, todos os detalhes dos Portões Abertos em Canoas, Santa Maria e Florianópolis. Na bagagem, além de muitas imagens, momentos e experiências que ficarão guardadas para sempre, a oportunidade de rever velhos amigos e de fazer novas amizades. Gostaríamos de deixar aqui um agradecimento especial ao Coronel Aviador da Reserva Antônio Ricieri Biasus que, por iniciativa própria, dedica parte do seu tempo para reunir um pequeno grupo de apaixonados por aviação e fotografia na Base Aérea de Canoas durante a Expoaer. Nosso muito obrigado também à Comunicação Social da Base Aérea de Santa Maria, na figura do Sargento Tiarlen, por todo o apoio e atenção dedicados aos veículos de imprensa. Agradecimentos também ao Comando da Base Aérea de Florianópolis, a sua Seção de Comunicação Social e à Organização do Portões Abertos, pelo acesso irrestrito e facilidades para a realização desta matéria. Gratidão a todos os leitores que chegaram até aqui, por prestigiarem nosso trabalho. Por fim, mas não menos importante, um grande abraço a todos os velhos e novos amigos spotters, pela companhia, conversas e momentos de diversão. Nos vemos no próximo ano.