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sexta-feira, 24 de março de 2023

Cerimônia de Batimento de Quilha da primeira Fragata Classe "Tamandaré"

 


Um importante marco no programa de construção das novas Fragatas da Marinha do Brasil foi alcançado na manhã desta sexta-feira (24/3), na cidade de Itajaí, litoral norte do Estado de Santa Catarina, com a cerimônia de Batimento de Quilha do primeiro dos quatro navios destinados a reequipar a Força de Superfície da Esquadra brasileira. A solenidade contou com a presença do Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, integrantes do Alto-Comando da Marinha, autoridades militares e civis, representantes da EMGEPRON (empresa vinculada à Marinha do Brasil e encarregada pelo gerenciamento do projeto das embarcações), Consórcio Águas Azuis (responsável pela efetiva construção dos navios), do corpo técnico e de funcionários do Estaleiro Thyssenkrupp Brasil Sul e demais convidados. além de veículos de imprensa especializada nas áreas Naval e de Defesa, entre eles, o site Aviação em Floripa. Conheça a partir de agora, alguns detalhes do histórico e do projeto desses navios e da Solenidade de Batimento de Quilha.


Concepção artística da Fragata Classe "Tamandaré". Fonte: https://www.marinha.mil.br/emgepron/pt-br/fragatas-classe-tamandare-fct


Veja o vídeo instutucional sobre o Programa Fragata Classe Tamandaré. Basta clicar sobre o banner acima.


O início

Batizada de Classe "Tamandaré" (em homenagem ao Patrono da Marinha, Almirante Joaquim Marques Lisboa, também conhecido como Marquês de Tamandaré), o programa é o mais moderno, ambicioso e inovador projeto naval já desenvolvido em nosso país, composto pela construção de um total de quatro Fragatas, as quais passarão a compor a espinha dorsal da Esquadra brasileira no que tange às embarcações de combate classificadas no jargão naval, como Navios-Escolta.  Nesta categoria, a Marinha do Brasil conta atualmente com oito belonaves (vide quadro abaixo), muitas delas, com mais de quatro décadas de operação, embora ainda capazes de cumprir com eficiência as suas atribuições, porém, se aproximando rapidamente do fim do serviço ativo.


(*) A data se refere à incorporação ao serviço ativo pela Royal Navy (RN).

Tendo no horizonte a necessidade de renovar seus meios navais de escolta, a Marinha do Brasil, iniciou em meados da década passada, estudos visando o estabelecimento de características técnicas e operacionais para a construção em solo brasileiro de uma nova classe de Fragatas, com o objetivo principal de substituir suas congêneres da Classe "Niterói" (em operação desde 1975) e a única remanescente das quatro "Type 22" (aqui, denominadas de Classe "Greenhalgh"), compradas de segunda mão do Reino Unido na década de 1990. Embora seja um processo de aquisição mais demorado e complexo do que uma simples compra de oportunidade no exterior, ele traz um enorme conjunto de benefícios e vantagens agregados a esta escolha de caminho, entre os quais podemos citar, o fomento e incentivo à indústria e aos setores Naval e de Defesa brasileiros, com a construção dos navios incorporando 30% (na primeira embarcação) e 40% (a partir da segunda unidade) de componentes e materiais de origem nacional; geração de 2 mil empregos diretos e 6 mil indiretos, no auge da produção; capacitação e aprimoramento de mão de obra da construção naval; transferência de conhecimento e o domínio de tecnologias sensíveis, garantindo um elevado grau de independência quanto ao desenvolvimento de futuros projetos navais em nosso país.

Maquete da Fragata Classe "Tamandaré".

Em Dezembro de 2017 foi lançada ao mercado uma Solicitação de Propostas (ou RFP, do inglês Request For Proposal), com quatro grupos sendo selecionados no ano seguinte como finalistas, a saber: “Águas Azuis”, “Damen Saab Tamandaré”, “FLV” e “Villegagnon”. Após dois anos de uma minuciosa análise técnica, em 27 de Março de 2019, a proposta do Consórcio "Águas Azuis", formado pela empresa alemã Thyssenkrupp Marine Systems (TkMS) e as brasileiras Embraer Defesa & Segurança e Atech, foi escolhida como a que melhor se adequava às necessidades da Marinha, com o contrato sendo assinado em 5 de Março de 2020. Com o objetivo de construir as novas fragatas brasileiras, bem como atender a possíveis encomendas de outras marinhas da região, em janeiro de 2021, a TkMS adquiriu o estaleiro Oceana de Itajaí/SC (rebatizando-o como Brasil Sul), tornando-se o primeiro estaleiro da empresa na América Latina. A escolha da cidade catarinense se deu por sua notável vocação para a construção naval, disponibilidade de mão de obra treinada e localização privilegiada em relação à cadeia de fornecedores e clientes. Em 21 de Junho do ano passado, com a presença de representantes da Marinha do Brasil e demais envolvidos no projeto, ocorreu a apresentação do mockup (maquete) em tamanho real de uma seção da embarcação. Finalmente, em 5 de Setembro, iniciou-se efetivamente a fase de produção, com o corte inaugural de chapa para a confecção do primeiro dos 55 blocos que comporão a estrutura da Fragata.

Vista geral do estaleiro Thyssenkrupp Brasil Sul em Itajaí/SC. Fonte: Agência Marinha de Notícias.


O Navio

A proposta apresentada pelo Consórcio "Águas Azuis" foi baseada no projeto original da corveta MEKO A-100, integrante de uma família de navios de combate que conta com 82 unidades em serviço com 15 marinhas mundo afora. Para atender as necessidades brasileiras, a embarcação teve seu deslocamento alterado de 2.000 para cerca de 3.500 toneladas, aumento do comprimento total e a adição de vários sistemas de detecção, controle de tiro e armamentos de última geração. No campo das compensações comerciais (offsets), a TkMS também apresentou à Marinha do Brasil, um plano para a remotorização dos submarinos da classe Tupi construídos pela mesma empresa. A Embraer Defesa e Segurança é responsável por integrar alguns sensores e armamentos ao sistema de combate. Já a Atech, empresa do Grupo Embraer, especializada em engenharia e integração de sistemas, é responsável pelo desenvolvimento do Sistema de Gerenciamento de Combate (CMS), do Enlace de Dados Tático e pelas atividades de Integração e Testes do sistema de combate, em parceria com a Atlas Elektronik, subsidiária da Thyssenkrupp Marine Systems, e também do Sistema Integrado de Gerenciamento da Plataforma (IPMS), em parceria com a L3Harris. A Atech participa, em conjunto com a Marinha do Brasil, do processo de transferência de tecnologia destes sistemas, atividade de grande importância que permitirá dispor dos conhecimentos e ferramentas para operar e manter os sistemas do navio durante sua vida operacional. Outro aspecto que levou à escolha da proposta do consórcio vencedor, foram as semelhanças com a classe de fragatas MEKO A-200 e seu sistema de construção modular, permitindo a incorporação de elementos deste modelo em futuras atualizações dos navios brasileiros.

Localização dos diversos sensores e armamentos (clique sobre a imagem para uma visão ampliada). Fonte: https://www.defesaaereanaval.com.br/naval/batimento-de-quilha-da-fragata-tamandare-sera-em-marco-de-2023


Diagramas com os principais sensores e armamentos selecionados para as Fragatas Classe "Tamandaré". Fonte: https://tecnodefesa.com.br/fragatas-classe-tamandare-estao-em-fase-avancada-de-configuracao/

Entre as características dos navios, estão um deslocamento de 3.380 toneladas, comprimento de 107 metros, largura máxima de 16 metros, autonomia de 5.000 Milhas Náuticas (9.260 km) em velocidade de cruzeiro, velocidade máxima de 25,5 nós (47,2 km/h) e uma tripulação total de cerca de 130 militares. Quando estiverem em serviço, estas fragatas serão capazes de combater com a mesma eficiência, diversos tipos de ameaças (superfície, aéreas ou submarinas). Além disso, atuarão diretamente na garantia da soberania do território nacional e na proteção das riquezas naturais de nossa Amazônia Azul, seja na prevenção e combate ao contrabando, tráfico de drogas, pesca predatória, pirataria, tráfico de armas e fiscalização contra a poluição do meio ambiente marinho. De acordo com o cronograma, a primeira unidade, batizada de F-200 "Tamandaré" e que dá nome à Classe, deverá ser entregue em fins de 2025. As fases de produção envolvem o batimento de quilha, construção, lançamento, testes de aceitação de porto e de mar, última fase antes da entrega para a Marinha. Esse conjunto de etapas leva em torno de 42 meses para ser concluída. O programa contempla ainda a entrega subsequente de mais três fragatas até Dezembro de 2029. Importante destacar que no auge da produção, o estaleiro terá a capacidade de trabalhar de forma simultânea em mais de uma embarcação, gerando celeridade no processo e garantindo um tempo mais curto para a entrada em serviço das quatro unidades.




A Cerimônia

O universo naval é repleto de tradições. Quando se trata da construção de navios, uma das mais emblemáticas e importantes é o batimento de quilha, a primeira das muitas etapas que compõem a vida operativa de uma embarcação. Reza a lenda que desde a antiguidade, quando os barcos eram ainda feitos de madeira, havia o costume de colocar uma moeda recém-cunhada sob a quilha e construir o navio sobre ela. Acreditava-se que isso trazia sorte durante a fabricação e posteriormente, ao capitão e à tripulação na operação da embarcação. Este ritual remonta à Grécia ou Roma Antiga e destinava-se a "pagar o barqueiro" para transportar as almas dos mortos ao outro lado do rio Estige, caso o navio afundasse. A quilha era considerada pelos marinheiros de outrora, como o "coração" do navio e, naquele tempo, a cerimônia de batimento era vista como um ato mágico, inspirando longevidade e bons presságios ao futuro navio. Para espantar os maus espíritos, o primeiro prego era fixado à quilha com o uso de uma ferradura. Mais tarde, o prego passou a ser confeccionado em ouro e decorado com uma fita de tecido vermelho, simbolizando saúde e vida. Com o avanço da tecnologia, a construção naval se modernizou, o prego foi substituído pela solda, entretanto, todo este simbolismo atravessou gerações e manteve-se presente até os dias atuais, não importando o tamanho ou a finalidade da embarcação.

A quilha é um dos componentes mais importantes de um navio, considerada sua base ou espinha dorsal. Trata-se de uma peça longitudinal que percorre toda a parte inferior da embarcação, sobre a qual todas as seções transversais e demais estruturas são assentadas e fixadas. O evento realizado no estaleiro Thyssenkrupp Brasil Sul, na manhã desta sexta-feira, representou o efetivo início da fase de montagem, com a primeira peça estrutural (de um total de 55 blocos que irão integrar o casco e a superestrutura da fragata), sendo posicionada no local de construção. Esse moderno modelo construtivo, que prevê a produção em blocos para serem edificados posteriormente, oferece diversas vantagens sobre o modelo antigo. Desse modo, é possível instalar acessórios e fundações de forma antecipada, além de facilitar a colocação de equipamentos a bordo e possibilitar trabalhos em diversos estágios de maneira segregada em cada unidade. O processo também aumenta a segurança da equipe técnica, por manter espaços abertos por mais tempo durante a construção.

A evolução da engenharia e os modernos processos de produção adotados no Programa Fragatas Classe Tamandaré (PFCT) permitem que os navios sejam edificados em blocos, algo inédito na história da construção naval militar no Brasil. Por esse motivo, no caso da Fragata Tamandaré, o batimento de quilha foi caracterizado pelo posicionamento, no seu local de edificação, de um importante bloco estrutural, que pesa aproximadamente 52 toneladas e corresponde a uma das praças de máquinas do navio, onde serão instalados dois motores, engrenagem redutora e diversos equipamentos auxiliares. Foi este acontecimento que tivemos o privilégio em acompanhar e que compartilhamos através de imagens, a partir de agora, com nossos leitores.




Na imagem, as duas primeiras seções ou peças estruturais do navio. Posteriormente as duas serão unidas, formando o bloco pertencente a uma das Casa de Máquinas da embarcação.



A Solenidade contou com a presença da Alta Cúpula da Marinha e os CEOs (Diretores Executivos) de todas as empresas ligadas ao projeto.

Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio OLSEN.

Discurso do CEO da Sociedade de Propósito Específico (SPE) "Águas Azuis", Sr. Fernando Queiroz.

Oliver Burkhard, CEO da Thyssenkrupp Marine Systems.

Chefe da Diretoria-Geral do Material da Marinha, Almirante de Esquadra Arthur Fernando BETTEGA Corrêa.





Ato de entrega das Medalhas Comemorativas da Fragata Tamandaré.




Colocação das Medalhas na caixa. Crédito: Marinha do Brasil/Thyssenkrupp Marine Systems

Após a entrega das Moedas, as mesmas foram recolhidas por funcionários do Estaleiro e colocadas dentro desta caixa de madeira, representando simbolicamente o local onde fica localizada a quilha da embarcação.

Momento histórico! O acionamento e deslocamento da peça estrutural sobre a caixa contendo as Medalhas Comemorativas. Participaram o Almirante de Esquadra Olsen (Comandante da Marinha), Almirante de Esquadra Bettega (Chefe da DGMM), Sr. Oliver Burkhart (CEO da TKMS) e o Sr. Fernando Queiroz (CEO da SPE Águas Azuis).


Clique sobre a imagem acima para assistir ao vídeo do momento do acionamento.





De acordo com informações prestadas pela Assessoria de Imprensa da Thyssenkrupp Marine Systems, o cronograma de construção das Fragatas Classe "Tamandaré" avança conforme o planejamento e atualmente, apresenta uma evolução em 34% de sua totalidade. Para as próximas etapas, está prevista a edificação do bloco que forma a outra praça de máquinas da Fragata, com o posicionamento dos equipamentos e motores no local. Na sequência, os blocos edificados completarão as estruturas centrais do navio. Ressalta-se que, das mais de cinquenta unidades estruturais que compõem a sequência construtiva da primeira Fragata Classe "Tamandaré", cerca de um quarto está em processo de montagem estrutural na Thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul, e outras já estão cortadas e conformadas, com painéis e submontagens finalizadas.

Quanto à qualificação do pessoal que será responsável pela manutenção dos sistemas do navio, já foram concluídas cerca de 50% das atividades sobre Engenharia de Sistemas e Apoio Logístico Integrado. O lançamento da Fragata "Tamandaré" está estimado para meados de 2024 e a sua entrega para a Marinha do Brasil no final de 2025. O corte da chapa do casco da segunda Fragata Classe "Tamandaré" (possivelmente a futura F-201 "Jerônimo de Albuquerque") está previsto para acontecer ainda no corrente ano.

Navios já construídos pelo Estaleiro. Em breve, quatro novos quadros estarão decorando esta parede.

O site Aviação em Floripa gostaria de agradecer à Marinha do Brasil pela oportunidade em acompanhar de perto este momento marcante para o Programa da Fragata Classe Tamandaré e para a consolidação e fortalecimento do Poder Naval brasileiro, principalmente ao Centro de Comunicação Social da Marinha (CCSM) e à Diretoria-Geral do Material da Marinha (DGMM). Agradecimentos também a Margarete Storto e Edvaldo Chequetti, da Assessoria de Imprensa do Estaleiro Thyssenkrupp Brasil Sul, pelas informações e todo o apoio durante a Cerimônia. Agradecimentos especiais ao Editor-Chefe do site Defesanet, Nelson Düring, de quem partiu o convite para participar da Solenidade, o qual tivemos o privilégio e a responsabilidade de representar durante o evento nesta manhã. Enfim, a todos que de alguma forma, contribuíram para a realização desta matéria.


quinta-feira, 23 de março de 2023

Visitamos a Exposição "O Diário de Zeperri"

 


Florianópolis está recebendo a partir desta semana, uma exposição.sobre a memória da Aéropostale (Empresa Aérea francesa que nas décadas de 20 e 30 operou voos postais para a América do Sul, tendo a capital catarinense como uma de suas escalas) e o mais célebre de seus pilotos, Antoine de Saint-Exupéry, autor do clássico livro "O Pequeno Príncipe", uma das obras literárias mais lidas e traduzidas em todos os tempos no mundo. As passagens do piloto e escritor Saint-Exupéry pela Ilha de Santa Catarina, mais especificamente no bairro Campeche (uma famosa comunidade de pescadores e onde ficava o campo de pouso e as instalações da Companhia Aérea), marcaram profundamente o lugar e seus moradores e até os dias atuais, sua presença por aqui permanece viva no imaginário de todos. A inauguração da mostra aconteceu na noite da última terça-feira (21/3), reunindo as pessoas envolvidas com o projeto e demais convidados. O site Aviação em Floripa visitou a exposição e, a partir de agora, levamos você para conhecer detalhes desta bela iniciativa para a preservação de um dos capítulos mais importantes da história aeronáutica de Florianópolis.

A ideia da exposição partiu do Multi Open Shopping, localizado no Sul da Ilha de Santa Catarina que, para celebrar seus cinco anos de atividade e o aniversário de 350 anos de Florianópolis, buscava trazer para seu público, algo especial e marcante na história da cidade e principalmente para a região onde o empreendimento está situado. Chamada de "O Diário de Zeperri", a mostra tem como elemento central, doze painéis misturando fotos da época e ilustrações que contam detalhes das passagens do piloto e escritor pelo bairro Campeche. Junto às imagens, estão textos com relatos de Saint-Exupéry, contando suas memórias e impressões da cidade de Florianópolis e de sua relação com o local e seus moradores. 

A exposição acontece no Multi Open Shopping até o dia 21 de Abril.




Adesivadas pelo chão, estão algumas frases inspiradoras de Saint-Exupéry. O público também pode fazer registros ao lado de personagens do livro "O Pequeno Príncipe", sua obra mais conhecida, que este ano está completando 80 anos de sua primeira publicação. A exposição traz ainda um grande painel, no qual é possível colorir artes inspiradas na vida do autor. De acordo com Verônica Carniel, Gerente de Marketing do shopping, a mostra é um presente para a população de Florianópolis pelos seus 350 anos e uma excelente oportunidade para que mais pessoas conheçam detalhes da presença do escritor francês pela cidade. Um outro fato importante é que, pela primeira vez, estão sendo homenageadas algumas famílias que deram o suporte necessário para a inclusão da capital catarinense como uma das escalas da Aéropostale, em seu serviço aéreo postal entre a Europa e a América do Sul.





O elemento central da exposição são os 12 painéis mostrando fatos da vida de Saint-Exupéry e detalhes de sua presença por Florianópolis. A mostra conta com aquarelas de Beatriz de Miranda e artes de Victor Emmanuel Carlson. Os textos dos painéis foram revisados por Maria Tereza de Queiroz Piacentini.


Nota Editorial: O nome "Zeperri" ou "Zé Perri" é a forma como os moradores e pescadores locais chamavam Saint-Exupéry, pela dificuldade em pronunciar de forma correta seu sobrenome. Toda esta história atravessou gerações e por causa da Aéropostale e seus audazes pilotos, a Aviação faz parte até hoje do cotidiano do bairro Campeche, inclusive, a Escola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes, coincidentemente situada em parte da área que no passado abrigou o campo de pouso, é a única Instituição de Ensino Público de Florianópolis que desde 2013, oferece aos seus alunos a oportunidade de aprender o idioma francês, curso este realizado em parceria com a FASEJ (Fondation Antoine de Saint-Exupéry pour la Jeunesse). Para saber mais sobre essa relação da Aviação com o Campeche, em 2016, o site Aviação em Floripa publicou uma extensa matéria sobre este tema, a qual pode ser acessada através do link abaixo:

https://www.aviacaoemfloripa.com.br/2016/12/das-aulas-de-frances-para-o-ceu-um-voo.html




A inauguração da exposição aconteceu na noite de terça-feira (21/3).

À frente da parte executiva da exposição está a Historiadora Mônica Cristina Corrêa, uma voz ativa e dedicada na tarefa de preservar a memória da Companhia Aérea francesa em suas onze escalas pelo litotal brasileiro. Mônica é Presidente da Associação e Memória da Aéropostale no Brasil (AMAB), entidade criada com esta finalidade. Nas palavras da pesquisadora, "a exposição tem como objetivo, trazer para perto do público infanto-juvenil e adulto ("todo mundo já foi criança um dia", disse Saint-Exupéry no Pequeno Príncipe), uma história que foi por muito tempo considerada lenda de pescadores mas, comprovadamente, é uma das páginas mais importantes, senão a mais, da história do Século 20 na cidade. A vinda da tecnologia aeronáutica mudou definitivamente Florianópolis e influenciou o cotidiano de todos naquela época. Por isso, "O Diário do Zeperri" procura mostrar, de forma lúdica e ilustrada, essas mudanças e retrata, em flashes, os detalhes dessa história".

Sabrine Quarezemin, Superintentendente do Multi Open Shopping (à esquerra) e Mônica Cristina Corrêa, Organizadora e Curadora da Exposição.

Uma de suas principais bandeiras é a criação de um Memorial ou Museu no bairro Campeche, no prédio que abrigava a Casa de Pilotos (também conhecida como "Popote"), local que servia de alojamento e de apoio logístico para os aviadores e funcionários da Companhia Aérea. Cabe ressaltar que dentre todas as escalas da Aéropostale entre Paris, na França, passando pelo norte da África até chegar em seu destino final, Santiago do Chile, a edificação em Florianópolis é uma das poucas que resistiu à ação do tempo e do homem, sendo a mais bem preservada e guardando boa parte da arquitetura original. Uma vitória foi conquistada em 2014, quando a Prefeitura de Florianópolis reconheceu a importância do local, com o casarão quase centenário sendo tombado como Patrimônio Histórico do município. Mas a luta continua. De acordo com Mônica, se a exposição contribuir para que o Casarão Aéropostale efetivamente se transforme em um local permamente para a perpetuação da história da Companhia Aérea e de sua presença em Florianópolis, projeto em que trabalhamos arduamente desde 2006, terá cumprido um de seus objetivos centrais. A imagem da casa está na exposição e, no contexto mostrado, nem é preciso relevar sua importância. A consciência de todos faz com que essa batalha pelo restauro e pela memória sejam coletivos e é nessa direção que pretendemos caminhar. 


Casarão Aéropostale, no bairro Campeche, em Florianópolis. Fotos: Marcelo Lobo da Silva (arquivo pessoal)

Recentemente a AMAB lançou uma série de vídeos de curta duração, intitulada "Notas Esparsas", trazendo passagens, fatos e personagens da atuação da Aéropostale em nosso pais. Alguns deles referem-se diretamente à presença da Companhia Aérea e de Saint-Exupéry na capital catarinense, os quais compartilhamos com nossos leitores logo abaixo, basta clicar sobre os banners para acessar o material.

Clique sobre a imagem para assistir ao vídeo.

Clique sobre a imagem para assistir ao vídeo.

Clique sobre a imagem para assistir ao vídeo.

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Gostaríamos de agradecer à Mônica Cristina Corrêa pelo convite em participar da inauguração da exposição e pelo apoio prestado para a realização desta matéria. Parabenizamos também o Multi Open Shopping e sua equipe de profissionais por esta bela iniciativa, enfim, a todos os envolvidos diretamente neste projeto. O site Aviação em Floripa é parceiro e apoiador na transformação do Casarão Aéropostale em um local que possa abrigar a memória da Companhia Aérea e da Aviação em Florianópolis. Esta matéria, além de divulgar a exposição, também tem o objetivo de contribuir para a efetiva concretização dessa empreitada.

Para quem é de Florianópolis e região ou está visitando a cidade, a exposição acontece de 21 de Março a 21 de Abril, no Hall de Entrada do Multi Open Shopping, localizado na Rodovia Dr. Antônio Luiz Moura Gonzaga, 3339, no Rio Tavares, em Florianópolis/SC. A entrada é gratuita.