Site voltado para a divulgação da Aviação Comercial, Militar e Civil, mostrando através de textos informativos e
fotos, as aeronaves, suas histórias e curiosidades, Operações Militares, Eventos Aeronáuticos e muito mais!

Seja bem-vindo a bordo!!!

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Santa Cruz: uma Base Aérea com muitas histórias para contar - Parte 1

 

Um lugar que é um dos berços e templos sagrados da Aviação de Caça brasileira, repleto de histórias e que guarda o principal testemunho em nosso país, da presença dos grandes dirigíveis que dominaram os céus do mundo entre as décadas de 20 e 30 do século passado. Estamos falando da Base Aérea de Santa Cruz, localizada na cidade do Rio de Janeiro, uma das mais importantes da FAB e sede do lendário Primeiro Grupo de Aviação de Caça, que lutou nos céus da Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. Em mais uma matéria exclusiva do site Aviação em Floripa, dividida em duas partes, nossos leitores vão conhecer detalhes históricos da "Cidade da Caça", como também é conhecida, e das Unidades Aéreas que por lá passaram, além de fotos e informações sobre suas construções, monumentos e aeronaves preservadas. Embarque conosco nesta verdadeira viagem pelo local que mantém um rico acervo e elementos importantes da história da nossa Aviação Militar.


A área que hoje abriga a Base Aérea de Santa Cruz, abrange uma parte das terras que no passado, pertenceram à Fazenda de Santa Cruz, um local marcado por relevantes fatos históricos, que remontam a meados do século XVI, quando este espaço foi doado pelo Governador-Geral Mem de Sá a Cristóvão Monteiro, como recompensa por seu engajamento na luta contra as invasões francesas. Com o passar do tempo, a Fazenda foi controlada pelos Jesuítas e depois pela Família Real, que a utilizou como residência de campo e de onde partiu a viagem de Dom Pedro I, que culminaria com a Independência do Brasil frente à Coroa Portuguesa. Após a Proclamação da República, em 1889, a imensa área foi desmembrada, urbanizou-se e desenvolveu-se economicamente, dando origem a diversas cidades na região. A principal prova ou evidência do outrora grande latifúndio é o prédio que serviu como sede da Fazenda, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e atualmente ocupado pelo Batalhão-Escola de Engenharia de Combate do Exército Brasileiro.

(1) Gravura de Cristóvão Monteiro, primeiro proprietário das terras de Santa Cruz. Fonte: https://diegodelpasso.com/2024/10/28/historia-da-fazenda-de-santa-cruz/ (2) Imagem litografada do castelo imperial de Santa Cruz, incluída no livro Viagem pitoresca, publicado em 1839, de Jean-Baptiste Debret (1768-1848). Fonte: acervo da Biblioteca Nacional (3) Extensão territorial da Fazenda Santa Cruz, retratada por Teixeira de Albernaz, no Século XVII, ainda chamada de Curral dos Padres. Fonte: https://descubrasantacruzrj.com.br/fazenda-santa-cruz-antigo-curral-dos-frades/ (4) Fachada da antiga sede da Fazenda de Santa Cruz, hoje ocupada pelo Batalhão-Escola de Engenharia de Combate, "Batalhão Vilagran Cabrita". Foto: Halley Pacheco de Oliveira, via Wikipedia.

Nas primeiras décadas do século XX, tanto os aviões como os dirigíveis se desenvolveram rapidamente e com eles, o transporte de passageiros. A atividade encurtou pelo ar, as viagens de longas distâncias, que antes eram feitas apenas por via marítima, permitindo que se cruzasse continentes com muito mais rapidez. Na Alemanha, o conde Ferdinand von Zeppelin ganhou notoriedade e reconhecimento com a construção de grandes dirigíveis. O primeiro deles foi o LZ 127 "Graf Zeppelin", lançado em 1928, com mais de 230 metros de comprimento e com capacidade para 20 passageiros, além de 36 tripulantes. A viagem inaugural ocorreu no mesmo ano, ligando Frankfurt a Nova Iorque. Outro gigante dos céus foi o LZ 129 "Hindenburg", ainda maior, um verdadeiro orgulho da engenharia aeronáutica alemã, com 245 metros de comprimento, podendo transportar 50 passageiros e 61 tripulantes. Até hoje, esses dirigíveis são os maiores objetos voadores já construídos pelo homem. A estrutura desses aparelhos era rígida, ou seja, moldada por uma armação interna, preenchida com gás hidrogênio, de forma a permitir a sua flutuabilidade e impulsionados por motores a hélice distribuídos em torno do corpo do dirigível. A operação exigia muitos cuidados, em função do hidrgênio ser altamente inflamável.

Em maio de 1930 foi registrada a primeira viagem do "Graf Zeppelin" à América do Sul. O voo de demonstração partiu de Frankfurt, na Alemanha e teve como ponto final, a cidade do Rio de Janeiro, então a Capital Federal do Brasil, com uma escala em Recife/PE. A presença do gigante nos céus brasileiros, chamou grande atenção por onde passou e atraiu multidões, nos pontos de parada. Nos anos seguintes, a rota se consolidou e em 1933, a operadora alemã obteve autorização do governo brasileiro para a construção de uma base fixa, com infraestrutura completa para a operação dos dirigíveis. Após análises dos técnicos da empresa, considerando fatores climáticos e logísticos, foi escolhida uma área plana, próxima do mar, na baía de Sepetiba, no bairro de Santa Cruz, localizado na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. O Aeródromo recebeu o nome de Campo Bartolomeu de Gusmão, em homenagem ao padre luso-brasileiro, conhecido como "padre voador", um dos pioneiros no mundo, na experimentação e construção bem sucedida de balões de ar quente, também chamados de aeróstatos.

O "Graf Zeppelin" entrando na baía de Guanabara em seu voo inaugural, em maio de 1930, tendo ao fundo, o Pão de Açúcar. A presença dos grandes dirigíveis nos céus da Capital Federal, adicionou um novo elemento à paisagem da cidade do Rio de Janeiro. Foto: Jorge Kfuri (acervo arquivístico da Marinha do Brasil) via Wikipedia.

Dentre as estruturas presentes no Campo Bartolomeu de Gusmão, a principal delas, que se destacava pela grandiosidade, era o hangar utilizado para abrigo e manutenção dos dirigíveis, com 274 metros de comprimento e 58 metros igualmente de largura e altura, medida esta, equivalente a um prédio de 20 andares. Somente o portão sul do hangar, permitia a entrada dos dirigíveis. A outra abertura, na extremidade oposta, funcionava apenas para ventilação. Além do hangar, completavam a infraestrutura do local, um campo de pousos e decolagens, uma torre móvel de atracação sobre trilhos, alfândega, prédio administrativo, sala para os operadores de rádio, alojamentos para a tripulação, depósitos, uma fábrica e um grande tanque para armazenamento de hidrogênio, além de um ramal de trens, que ligava o Aeródromo com o centro da cidade, localizado a 54 km de distância. As instalações em Santa Cruz foram oficialmente inauguradas em 26 de dezembro de 1936, com uma grande solenidade que contou com a presença do Presidente da República Getúlio Vargas e do Embaixador alemão à época, Sr. Schmidt Elskop. A partir daquele momento, as operações com os grandes dirigíveis ganhavam um espaço apropriado e seguro, uma vez que até então, ocorriam de forma improvisada no Campo dos Afonsos.

(1) Na construção do hangar, foram empregados cerca de 5.500 operários, um terço deles, alemães. Todas as peças de aço utilizadas vieram da Alemanha, por via marítima e depois, levadas de trem até o local. (2) O LZ 129 "Hindenburg" visto a partir do hangar. Por ser o hidrogênio, um gás altamente inflamável, toda a operação era cercada de muita segurança. As instalações elétricas no interior do hangar eram blindadas por um revestimento especial à prova de fagulhas (3) Na foto, pode-se ver a torre de atracação sobre trilhos, que conduzia o dirigível até o interior do hangar. (4) O ingresso ao hangar ocorria apenas pelo portão sul. O mecanismo de abertura das portas acontecia através do acionamento de motores ou manualmente, por manivelas. (5) Uma linha de trem ligava o Aeroporto Bartolomeu de Gusmão até a área central da cidade do Rio de Janeiro, de onde os passageiros poderiam fazer conexões por meio de aviões para o Sul do Brasil, Uruguai, Argentina, Chile e Bolívia, que eram operados pela subsidiária brasileira da Lufthansa, a Syndicato Condor. (6) Vista aérea do Aeroporto Bartolomeu de Gusmão em meados da década de 30 e de suas instalações, com destaque para o hangar. Todas as fotos: FAB/INCAER, com exceção da imagem 3, disponpivel em: https://www.instagram.com/acervosantacruz/ 

O acordo firmado entre o governo brasileiro e a empresa Luftschiffbau-Zeppelin, previa a concessão de exploração exclusiva do serviço aéreo por um período de 30 anos e o estabelecimento de até 30 voos por ano, a médio e longo prazo. Entretanto, as operações com dirigíveis no local tiveram uma vida curta e não chegaram a durar mais que seis meses, por conta de um grave acidente ocorrido na América do Norte. Em 6 de maio de 1937, durante a manobra de atracação, em Lakehurst, Nova Jersey, nos Estados Unidos, o LZ 129 "Hindenburg" incendiou-se e foi completamente destruído pelas chamas. Das 97 pessoas a bordo (36 passageiros e 61 tripulantes), 35 perderam a vida, além de um funcionário em terra. A tragédia, como não poderia ser diferente, causou grande comoção e encerrou em definitivo a carreira dos dirigíveis como meio de transporte, pondo fim à era de ouro desses gigantes do ar. Dois anos depois, eclodiria a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e com ela, uma nova destinação foi dada ao Aeródromo em Santa Cruz e ao seu imponente hangar. Importante dizer que durante a década de 30 até a criação do Ministério da Aeronáutica, em 20 de janeiro de 1941, a Aviação Militar do Exército Brasileiro, também se fazia presente no local, através do Grupo Misto de Aviação Militar e depois com o Primeiro Regimento de Aviação (1º RAv).

A imagem do dirigível envolto em chamas é uma das mais conhecidas e dramáticas fotos do século XX. Fonte: https://www.nationaalarchief.nl/

Com o aumento das tensões e a iminente declaração de guerra às Forças do Eixo, formadas por Alemanha, Itália e Japão, nos primeiros meses de 1942, o governo brasileiro resolveu cassar a concessão alemã e repassar o controle do Campo Bartolomeu de Gusmão e de suas instalações para o recém-criado Ministério da Aeronáutica. O primeiro emprego militar em Santa Cruz sob o controle da Força Aérea Brasileira, ocorreu com um tipo de aeronave que já era familiar com o local, os blimps da Marinha dos Estados Unidos (U.S. Navy), uma espécie de dirigível, porém, de dimensões bem mais modestas, construídos com uma estrutura não rígida, ou seja, sem uma armação interna de sustentação e utilizando-se de gás hélio para seu preenchimento interno. Esses artefatos voadores foram utilizados ao longo do litoral brasileiro em missões de patrulhamento e proteção contra os submarinos alemães e italianos. Dois Esquadrões fizeram-se presentes em céus brasileiros, os ZP-41 e ZP-42, utilizando dirigíveis do modelo K, com 76 metros de comprimento, movidos por dois motores radiais, guarnecidos por 4 tripulantes e capacidade para transportar de uma a quatro pequenas cargas de profundidade, como armamento. Diversas localidades ao longo do litoral norte, nordeste e sudeste brasileiro, receberam os blimps estadunidenses. Santa Cruz, por já contar com uma infraestrutura pronta para apoiar dirigíveis, principalmente o grande hangar, além de base operacional, serviu também como centro de manutenção. O período compreendido entre os anos de 1943 e 1944 marcou o ápice da operação dos blimps no Brasil. Já nos primeiros meses do ano seguinte, com a Segunda Guerra Mundial entrando em sua fase final, os Esquadrões ZP-41 e ZP-42 retornaram para os Estados Unidos. Além da função de patrulhamento, realizaram inúmeras missões de busca por aviões militares acidentados ou desaparecidos.

Um blimp pertencente ao Esquadrão ZP-42 da Marinha dos Estados Unidos, em Santa Cruz. Ao fundo, o famoso e imponente hangar, construído para a operação dos grandes dirigíveis alemães. Fonte da foto: https://segundaguerra.org/

Embora desde 1942 sob jurisdição da Força Aérea Brasileira, apenas em 21 de agosto de 1944, o Campo Bartolomeu de Gusmão foi designado oficialmente como Base Aérea de Santa Cruz, passando a abrigar de forma integral e exclusiva, as atividades e Unidades Aéreas da FAB. Entretanto, antes mesmo de ser elevada à categoria de Base Aérea, como visto, o Aeródromo já operava com aeronaves militares. Com o término da Segunda Guerra Mundial, a Base Aérea de Santa Cruz foi escolhida para ser a sede do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, após o seu retorno triunfal da Campanha Aérea nos céus da Itália. Para lá seguiu também, o 2º Grupo de Caça, anteriormente baseado em Natal/RN, passando a executar a função de treinamento, em favor do Estágio para Seleção de Pilotos de Caça (ESPC). No final da década de 40, ambas as Unidades, por um breve período, fizeram parte do 9º Grupo de Aviação, porém, a força da tradição falou mais alto e assim, voltaram à designação original, agora como 1º e 2º Esquadrões do Primeiro Grupo de Aviação de Caça. denominação que permanece até os dias atuais. Importante dizer que o Grupo chegou a contar com um terceiro Esquadrão, ativado para cumprir a tarefa de formação dos futuros pilotos de caça da FAB. Porém, pouco tempos depois, uma nova reorganização nas atividades da FAB, transferiu e concentrou a Instrução Aérea de combate em Natal/RN. Dessa forma, o 3º Esquadrão foi extinto e o Grupo de Caça passou a ser, desde então, uma Unidade Aérea exclusivamente dedicada a sua atividade-fim.

Desde a criação da Base Aérea de Santa Cruz, o imenso hangar utilizado pelos grandes dirigíveis no passado, serviu como local de abrigo e manutenção para as aeronaves de todas as Unidades Aéreas lá sediadas. Na foto, provavelmente feita durante a década de 60, pode-se ver diversos P-16 Tracker do Primeiro Grupo de Aviação Embarcada (1º GAE) e mais, ao fundo, alguns Gloster Meteor pertencentes ao Primeiro Grupo de Aviação de Caça. Fonte da imagem: https://www.aereo.jor.br/2020/05/06/foto-hangar-do-zeppelin-na-base-aerea-de-santa-cruz/

Embora carregando desde o início de suas atividades, o DNA da Caça, ao longo do tempo, diversas Unidades Aéreas da FAB, relacionadas a diferentes tipos de missões, tiveram a Base Aérea de Santa Cruz como sede (veja infográfico mais abaixo). Esquadrilhas e Esquadrões de Reconhecimento e Ataque, Patrulha Marítima, Guerra Antissubmarino, Ligação e Observação, Transporte, dentre tantas outras, operaram por lá. No início de 2017, a Força Aérea Brasileira passou por uma grande reestruturação e várias de suas Bases Aéreas tiveram a denominação alterada para Alas. Assim, a Base Aérea de Santa Cruz transformou-se na Ala 12. Entretanto, a mudança durou pouco tempo e, em meados de 2020, o local retornou à sua designação histórica. Atualmente a BASC, também conhecida como Campo Nero Moura, abriga três Unidades Aéreas: o Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa), equipado com os jatos supersônicos Northrop F-5EM/FM Tiger II, o Primeiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (1º/7º GAv), que utiliza os quadrimotores Lockheed P-3AM Orion e Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT), IAI RQ-1150 Heron I, em missões de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (IVR), além do Terceiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (3º/8º GAv), unidade de Asas Rotativas que opera com os Airbus Helicopters H-36 Caracal nas funções de Transporte, Emprego Geral e Busca e Salvamento. A Base Aérea também abriga outras importantes Organizações Militares, como o Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Comunicações e Controle (1º/1º GCC), Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Santa Cruz (DTCEA-SC), Grupo de Segurança e Defesa de Santa Cruz (GSD-SC), Grupamento de Apoio de Santa Cruz (GAP-SC), Prefeitura de Aeronáutica de Santa Cruz (PASC), além da Policlínica de Aeronáutica de Santa Cruz (PC-SC). A Base Aérea de Santa Cruz possui um efetivo em torno de 1.600 militares e é atualmente comandada pelo Tenente-Coronel Aviador Juarez Bessa Leal, no cargo desde 24 de janeiro de 2025.





Encerra-se aqui, a primeira parte do conteúdo referente à Base Aérea de Santa Cruz. Nesta matéria, nossos leitores conheceram um pouco da sua rica história, as operações com os grandes dirigíveis, a mudança de Aeródromo civil em militar e as Unidades Aéreas que operam e operaram por lá, ao longo do tempo. Em breve, o site Aviação em Floripa estará publicando a segunda e última parte, resultante da recente visita que fizemos ao local, apresentando as aeronaves preservadas, os monumentos e as construções históricas. Agradecimentos ao Coronel Aviador Refm e Historiador Aeronáutico, Aparecido Camazano Alamino, que gentilmente nos forneceu os Emblemas e informações a respeito das Unidades Aéreas.

sexta-feira, 9 de maio de 2025

RAC 2025: As aeronaves

 

Entre os dias 21 e 24 de abril, a Base Aérea de Santa Cruz sediou mais uma edição da Reunião da Aviação de Caça. Este ano, o tradicional encontro também celebrou os 80 anos de um feito histórico, ocorrido em 22 de abril de 1945, quando o Primeiro Grupo de Aviação de Caça, em sua participação na Campanha da Itália, voou o maior número de missões em um único dia. Unidades Aéreas de Caça da Força Aérea Brasileira, de todos os pontos do país, vieram ao Rio de Janeiro para as celebrações. Na segunda e última parte da matéria sobre a RAC 2025, nossos leitores vão acompanhar, através de informações e muitas imagens, a chegada dos Esquadrões para o evento, além de detalhes sobre algumas das aeronaves que estiveram presentes na Base Aérea de Santa Cruz. Boa leitura!!


Em qualquer evento aeronáutico, as estrelas da festa são as aeronaves. São elas que atraem a atenção do público e as lentes das câmeras. A Reunião da Aviação de Caça deste ano, além dos F-5EM/FM Tiger II sediados na Base Aérea de Santa Cruz, contou com a participação de dezesseis aeronaves pertencentes aos demais Esquadrões de Caça da FAB distribuídos pelo país, totalizando seis A-29B Super Tucano, quatro F-5EM Tiger II, três A-1AM, um A-1BM e dois F-39E Gripen. Todas chegaram durante a manhã do dia 21 de abril, cumprindo à risca e com impressionante pontualidade, os horários determinados na programação da RAC. Nem a meteorologia desfavorável, com tempo fechado e nuvens baixas, atrapalhou o planejamento, demonstrando o alto grau de treinamento e de profissionalismo das Unidades Aéreas e de suas tripulações.


Chegada dos Esquadrões Escorpião, Grifo e Pampa. Fotos: Marcelo Lobo da Silva/Ângelo dos Santos Melo

Chegada dos Esquadrões Poker/Centauro, Flecha e Jaguar. Fotos: Marcelo Lobo da Silva/Ângelo dos Santos Melo

A Aviação de Transporte da FAB prestou um apoio fundamental para a Reunião da Aviação de Caça, garantindo a logística do evento. Fotos: Marcelo Lobo da Silva



Após a chegada de cada Unidade Aérea, as aeronaves foram sendo direcionadas e posicionadas no pátio sul da Base Aérea de Santa Cruz, em frente ao imponente Hangar do Zeppelin, visando a composição da foto oficial do evento, realizada no final da manhã do dia 21/4. Entre os principais destaques da RAC 2025, esteve a participação dos modernos caças F-39E Gripen, uma presença constante nos festejos do Dia da Aviação de Caça desde 2022. Até o momento, todos os F-39 operacionais da Força Aérea Brasileira encontram-se em serviço com o Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA), em Anápolis/GO. Para a RAC, a Unidade Aérea enviou dois exemplares, com as matrículas FAB 4101 e FAB 4103. Como o modelo ainda é relativamente novo na FAB, o caça raramente é visto fora de sua sede. Sendo assim, a Reunião da Aviação de Caça se constituiu em uma excelente oportunidade para conhecer de perto o F-39 Gripen.

Fotos: Marcelo Lobo da Silva/Ângelo dos Santos Melo

O Esquadrão Flecha, sediado em Campo Grande/MS, trouxe para a RAC 2025, o A-29B Super Tucano com a pintura em homenagem à participação do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, na Campanha da Itáilia. O trabalho na aeronave, de matrícula FAB 5910, foi realizado pelo Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (PAMA-LS), localizado em Minas Gerais, Organização Militar responsável por prestar as manutenções mais complexas na frota de Super Tucano da FAB. O avião foi oficialmente apresentado em 23 de outubro de 2024, em Brasília/DF, durante as comemorações pelo Dia do Aviador. Na ocasião, o P-47D Thunderbolt preservado no Museu Aerospacial (MUSAL, no Rio de Janeiro), com o indicativo visual "B4", foi trazido à Capital Federal e junto com o FAB 5910, realizou um táxi pelo pátio da Base Aérea de Brasília. 

Fotos: Marcelo Lobo da Silva

A escolha do A-29 Super Tucano para homenagear o Grupo de Caça não foi por acaso, pois uma de suas missões na FAB é atuar como aeronave de ataque ao solo, função desempenhada com maestria pelos Pilotos brasileiros na Campanha da Itália. Além disso, coincidentemente, o Super Tucano, é equipado com duas metralhadoras no calibre 12,7 mm, também conhecido como "ponto 50", o mesmo tipo de armamento orgânico do P-47, cujas oito metralhadoras causaram grande destruição às forças inimigas durante a Segunda Guerra Mundial. Além do belíssimo esquema de pintura, o FAB 5910 carrega consigo, um conjunto de elementos visuais e marcações, repleto de significados e simbolismos que, à primeira vista, passam despercebidos por quem não é entusiasta da Aviação Militar ou um conhecedor da história da participação do Primeiro Grupo de Aviação de Caça no conflito. 

A aeronave foi pintada com um padrão de cor semelhante ao utilizado pelos aviões do Grupo de Caça, em verde-oliva e retrata fielmente o P-47 com o código "C1", voado pelo Capitão Fortunato Câmara de Oliveira (1916-2004), Piloto e Líder da Esquadrilha Azul, que realizou 56 missões durante a guerra. Além de aviador, o Capitão Fortunato era um exímio desenhista e foi o responsável pela criação do famoso Emblema do Grupo, disposto, tal qual no P-47, na lateral esquerda, sobre a carenagem do motor. Em ambas as laterais da fuselagem e sobre a asa esquerda, aparece a insígnia de identificação da Força Aérea Brasileira utilizada na época. No lado esquerdo, logo abaixo da cabine de pilotagem, da mesma forma que na guerra, encontra-se uma sequência de 56 pequenas bombas, na cor amarela, simbolizando cada uma das missões voadas pelo Capitão Fortunato. Essa prática era bastante utilizada pelos pilotos de todas as nações e servia para individualizar suas aeronaves, representando também, suas ações e vitórias nos céus. Um detalhe interessante e que evidencia todo o cuidado histórico com a pintura da aeronave, é a pequena suástica aplicada sobre a bomba de nº 43. Ela marca a destruição no solo de um bombardeiro Junkers Ju-88 da Força Aérea alemã, missão realizada pela Esquadrilha liderada por Fortunato, em 29 de janeiro de 1945.

Fotos: Marcelo Lobo da Silva

O grande destaque da Reunião da Aviação de Caça nesta edição de 2025, ficou com os anfitriões do evento. Para celebrar os 80 anos do dia 22 de abril e os 50 anos de operação do caça F-5 Tiger II com a Força Aérea Brasileira, um dos F-5 biplaces do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, recebeu uma pintura comemorativa relativa aos dois fatos marcantes. A aeronave escolhida foi o F-5FM com a matrícula FAB 4808, que teve duas artes pintadas em ambos os lados do estabilizador vertical. O emblema referente aos 80 anos do dia 22 de abril é de autoria do Major Aviador Rodolfo de Meneses Oliveira e a logomarca foi vencedora de um concurso promovido pela Associação Brasileira de Pilotos de Caça (ABRA-PC), para a confecção de uma moeda comemorativa à data. Já a imagem alusiva aos 50 anos do F-5 na FAB, é uma criação do Ilustrador paulistano Rick Nunes, residente atualmente no sul da Bahia e que mantém uma página no Instagram para divulgar seu trabalho, mostrando com grande criatividade e raro talento, fatos, datas importantes e o cotidiano das Organizações Militares brasileiras, principalmente, àquelas ligadas à Aviação.

A tarefa de transformar os desenhos em realidade, ficou a cargo de dois profissionais do mais alto gabarito, ambos gaúchos, o Sargento Fábio Lucimar Silva dos Santos e o Restaurador Aeronáutico Luciano André Schneider, um dos maiores expoentes no Brasil neste tipo de atividade, tendo em seu currículo, a recuperação de diversas aeronaves antigas ou preservadas em monumentos, muitas delas, expostas em Organizações Militares da Força Aérea Brasileira. Por sua vez, o Sargento Fábio possui grande expertise nesta área, tendo participado de diversos processos de pinturas especiais em aeronaves F-5 da FAB, principalmente ligadas ao Esquadrão Pampa de Canoas/RS. O trabalho foi realizado nas dependências da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, sede do Primeiro Grupo de Aviação de Caça e durou cerca de dez dias, envolvendo o emprego de diversas técnicas, além de muito talento e paciência, por parte dos dois artistas, como mostram as fotos a seguir.

Fotos: via Luciano André Schneider

A história do FAB 4808 com a Força Aérea Brasileira começou em 1988, com a aquisição de 26 aeronaves F-5 (vinte e dois monopostos e quatro bipostos), procedentes da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) e oriundos de Esquadrões chamados de "Agressores", cuja função era treinar os pilotos estadunidenses nas táticas de combate aéreo dos países do Pacto de Varsóvia, formado pela então União Soviética e seus aliados. Cabe ressaltar que a FAB já operava com o F-5 desde 1975, quando recebeu 36 F-5E Tiger II (monopostos) e seis F-5B Freedom Fighter (bipostos), todos novos de fábrica. As 26 aeronaves adquiridas no final dos anos 80, vieram para reforçar a frota e repor as perdas operacionais. Inicialmente todos os F-5 do segundo lote foram alocados ao Primeiro Esquadrão do Décimo Quarto Grupo de Aviação em Canoas/RS. Estes aviões receberam as matrículas de FAB 4856 a FAB 4877 para os F-5E e FAB 4806 a FAB 4809, para os F-5F. No início dos anos 2000, o FAB 4808, juntamente com o FAB 4874, foram escolhidos para serem os protótipos do programa de modernização, que elevou um total de 49 F-5E/F para o padrão F-5EM/FM, incluindo três F-5F adquiridos da Jordânia, em 2008. Atualmente quatro F-5 biplaces seguem em operação na Força Aérea Brasileira, dois deles com o 1º GAvCa, em Santa Cruz/RJ (FAB 4808 e FAB 4810) e os outros dois, com o 1º/14º GAv, em Canoas/RS (FAB 4807 e FAB 4812). 

Fotos: Marcelo Lobo da Silva/Ângelo dos Santos Melo

Fotos: Marcelo Lobo da Silva

Com esta matéria, encerra-se a cobertura da Reunião da Aviação de Caça, feita pelo site Aviação em Floripa. Para este Editor, participar das comemorações pelo Dia da Aviação de Caça, foi a realização de um desejo antigo, acalentado desde os tempos de infância. Agradecimentos à Diretoria da Associação Brasileira de Pilotos de Caça (ABRA-PC), ao Comando e à Comunicação Social da Base Aérea de Santa Cruz (BASC) e, ao Comando e à Comunicação Social do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa), por todo o apoio e por transformar um sonho em realidade. Mas ainda não acabou, na próxima semana, nossos leitores vão conhecer a história de um dos templos sagrados da Aviação de Caça, a Base Aérea de Santa Cruz, desde muito antes da época em que os grandes dirigíveis cruzavam os céus do mundo, além de suas Unidades Aéreas passadas e presentes e muito mais. Aguarde!

sexta-feira, 2 de maio de 2025

RAC 2025: A Aviação de Caça da FAB reunida em Santa Cruz

 

Todos os anos, durante o mês de abril, a Base Aérea de Santa Cruz, localizada na cidade do Rio de Janeiro, recebe as Unidades Aéreas de Caça da Força Aérea Brasileira para um grande encontro. Chamado de Reunião da Aviação de Caça (RAC), o evento tem os objetivos de cultuar as tradições, relembrar histórias e preservar o legado deixado não apenas daqueles que lutaram nos céus da Itália durante a Segunda Guerra Mundial, mas também, das gerações de Caçadores que os sucederam. Este ano, a celebração foi especial, pois marcou os 80 anos de um feito histórico. Em 22 de abril de 1945, o Primeiro Grupo de Aviação de Caça realizou o maior número de missões em um único dia. Foram onze, cada uma delas, composta por Esquadrilhas com quatro aviões e com apenas 22 pilotos disponíveis para o voo. Não por acaso, a data é comemorada na Força Aérea Brasileira como o Dia da Aviação de Caça. Durante quatro dias, o site Aviação em Floripa acompanhou toda a programação da Reunião da Aviação de Caça desse ano e preparou para seus leitores um conteúdo especial, ilustrado por tabelas inéditas e diversos infográficos exclusivos, trazendo detalhes do evento, além de um breve histórico da Aviação de Caça da FAB, suas aeronaves, Unidades Aéreas e muito mais. Boa leitura!!


A Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira atualmente é composta por nove Unidades Aéreas, distribuídas de norte a sul do país (veja infográfico mais abaixo). Cinco delas, são classificadas como de "Primeira Linha", operando com aeronaves de alto desempenho e capacidade de combate. As demais, empregam o mesmo vetor, o turboélice de treinamento e ataque leve A-29 Super Tucano, fabricado pela Embraer, considerado o mais eficiente e moderno avião no mundo em sua categoria e um grande sucesso de vendas mundo afora. O modelo é utilizado tanto na formação dos futuros Pilotos de Caça da FAB em Natal/RN, quanto no policiamento do espaço aéreo junto às fronteiras norte e oeste, coibindo a entrada de voos ilícitos procedentes dos países vizinhos, feitos por aviões de pequeno porte, transportando drogas ou contrabando. Essa tarefa é de responsabilidade do 3º Grupo de Aviação e seus três Esquadrões, localizados estrategicamente nas cidades de Boa Vista/RR, Porto Velho/RO e Campo Grande/MS. Por sua vez, a espinha dorsal de caças da FAB, é formada pelos supersônicos F-39E Gripen (Anápolis/GO) e F-5EM/FM Tiger II (Santa Cruz/RJ e Canoas/RS), além dos caças-bombardeiros subsônicos A-1AM/BM (Santa Maria/RS), estes, previstos para deixar o serviço ativo em breve.

O moderno F-39E Gripen entrou em serviço operacional no final de 2022, tornando-se o mais avançado vetor de combate da FAB e aos poucos, vai substituindo os modelos de caça mais antigos em operação.

Na Base Aérea de Natal, situada na cidade de Parnamirim/RN, está concentrada a formação de todos os pilotos operacionais da FAB. No começo de cada ano, o local recebe os Aspirantes oriundos da Academia da Força Aérea (AFA), localizada em Pirassununga/SP, para os Cursos de Especialização Operacional em suas quatro vertentes: Asas Rotativas (CEO-AR), Caça (CEO-CA), Transporte (CEO-TR) e Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (CEO-IVR), todos com duração de nove meses. No tocante à Caça, o curso é ministrado no Segundo Esquadrão do Quinto Grupo de Aviação (2º/5º GAv), com o objetivo de utilizar o avião como plataforma de armas, além de apresentar aos aviadores egressos do "Ninho das Águias", as doutrinas, táticas e procedimentos utilizados na Aviação de Caça. A aeronave empregada nessas importantes tarefas, é a versão de dois assentos do A-29 Super Tucano. É no Esquadrão Joker que também acontece o primeiro contato dos Aspirantes com a rotina de uma Unidade Aérea de Caça. Concluído o curso, os jovens Caçadores, agora no posto de Segundo-Tenente, seguem para um dos três Esquadrões do 3º Grupo de Aviação, onde vão iniciar na prática, a função como Pilotos de Caça e, ao mesmo tempo, realizar os primeiros cursos de progressão operacional na carreira, qualificando-os como Líder de Esquadrilha. Nessas Unidades Aéreas, são pelo menos dois anos voando o A-29 Super Tucano, até que se possa pleitear uma vaga em um Esquadrão de "Primeira Linha", o topo da atividade operacional para qualquer Piloto de Caça. Somando-se os quatro anos de Academia da Força Aérea, mais um ano de Especialização Operacional, além do período nos "Terceiros", são necessários no mínimo, sete anos de muito estudo e dedicação para que se possa pilotar as melhores, mais rápidas e capazes aeronaves de caça da FAB. Um outro caminho para os aviadores que concluem esse tempo de serviço, é o retorno para Natal ou Pirassununga, na qualidade de Instrutor de Voo. 

O Curso de Especialização Operacional da Aviação de Caça (CEO-CA), acontece na Base Aérea de Natal. É nos céus potiguares, que os futuros Pilotos de Caça da FAB começam a abrir suas asas. Foto: FAB/Divulgação

Os registros históricos são imprecisos em indicar com exatidão, desde quando os Esquadrões de Caça da FAB se reúnem para um grande encontro anual, entretanto, é possível afirmar que no começo dos anos 60, isso já acontecia, inicialmente de forma itinerante, entre as Bases Aéreas que abrigavam Unidades de Caça na época, Canoas/RS (1º/14º GAv), Fortaleza/CE (1º/4º GAv) e Santa Cruz/RJ, sede do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa) desde 1945, quando a Unidade retornou da Campanha da Itália. Alguns anos depois, decidiu-se que o evento, agora oficializado sob o nome de Reunião da Aviação de Caça (RAC), deveria acontecer em um local fixo e a escolha recaiu sobre a Base Aérea de Santa Cruz, um dos berços da aviação de combate da FAB. Conhecido nos seus primórdios por outros nomes, como Festividade da Caça ou Semana de Caça, pois durava realmente vários dias, a partir da década seguinte, com a criação da 1ª Ala de Defesa Aérea (1ª ALADA), em Anápolis/GO e o surgimento posterior de outras Unidades Aéreas, aos poucos, a RAC foi ganhando um caráter maior de formalidade e uma organização mais elaborada. O encontro que começou apenas como um tributo ao legado deixado pelos pioneiros e uma confraternização entre pilotos, com o tempo, adicionou e integrou novos elementos, até se chegar ao modelo atual, contando com a participação de Oficiais a nível de Comando, além da troca de experiências e conhecimentos entre todos, através da realização de palestras sobre assuntos ligados ao dia-a-dia da Aviação de Caça.

Momentos da Reunião da Aviação de Caça, durante os anos 70 e 80, na Base Aérea de Santa Cruz. Fotos: via Major-Brigadeiro Refm Jorge Cruz de Souza e Mello

Após o surgimento da Reunião da Aviação de Caça, um outro evento começou a tomar forma, envolvendo as Unidades Aéreas de Caça existentes à época na FAB, compostas pelo 1º GAvCa (Jambock e Pif Paf), 1º/4º GAv (Pacau) e 1º/14º GAv (Pampa). Assim nasceu o Torneio da Aviação de Caça (TAC), uma disputa por meio de competições aéreas e esportivas, criado com os objetivos de consolidar e aprimorar a doutrina de emprego, permitir o intercâmbio entre os Esquadrões participantes, avaliar a eficiência operacional das Unidades Aéreas de Caça e o preparo físico e militar dos seus integrantes, além de estimular e fortalecer a integração e o espírito de corpo. A primeira edição aconteceu em abril de 1966, na Base Aérea de Santa Cruz, durante as comemorações da Semana da Caça daquele ano, com o Esquadrão Pampa de Canoas/RS, sagrando-se campeão. Até então, as Unidades Aéreas de Caça da FAB realizavam apenas torneios internos, chamados de "Taça Eficiência", porém, nos mesmos moldes do TAC, ou seja, com provas aéreas (nas modalidades ar-ar e ar-solo) e esportivas (voleibol, cabo de guerra, provas de tiro, entre outras). Inicialmente realizado em fases, distribuídas ao longo do ano entre as Bases Aéreas que abrigavam Unidades de Caça, a partir de 1987, o TAC passou a ser disputado em uma única etapa. Com o passar do tempo, o Torneio da Aviação de Caça ganhou novos participantes, novas sedes, mudou de formato, mas se manteve com os mesmos propósitos.

Além das provas aéreas, competições esportivas e de caráter físico e militar, integravam o Torneio da Aviação de Caça, entre elas, voleibol, tiro, cabo de guerra e corrida de orientação. A Unidade Aérea que somava o maior número de pontos nas provas aéreas e terrestres, sagrava-se campeã. Fotos: via Major-Brigadeiro Refm Jorge Cruz de Souza e Mello


Até o início da década de 70, como visto, a Força Aérea Brasileira contava com três Unidades Aéreas de Caça, sendo elas, o Primeiro Grupo de Aviação de Caça e seus dois Esquadrões, em Santa Cruz/RJ, o Primeiro Esquadrão do Quarto Grupo de Aviação, em Fortaleza/CE e o Primeiro Esquadrão do Décimo Quarto Grupo de Aviação, sediado em Canoas/RS. Cabe destacar que desde a criação do Ministério da Aeronáutica, em janeiro de 1941, diversas Unidades de Caça chegaram a existir, porém, por conta de reestruturações e reorganizações administrativas e/ou operacionais, muitas acabaram extintas ou incorporadas a outras. Nesse contexto, uma das mais emblemáticas e efêmeras, foi o Esquadrão Seta, localizado em Natal/RN e que existiu por apenas três anos (1975-1977), atuando na formação dos novos Pilotos de Caça da FAB. A entrada em serviço do AT-26 Xavante em 1971, o advento do supersônico Mirage III no ano seguinte, além da aquisição de outros modelos de aeronaves de combate mais à frente, permitiram o surgimento de novas Unidades Aéreas. Na tabela abaixo, estão listadas por ordem cronológica, todas as Unidades Aéreas de Caça, passadas e presentes, da Força Aérea Brasileira.


Jatos F-103 Mirage IIII, AT-26 Xavante e F-5 Tiger II, reunidos no pátio  da Base Aérea de Santa Cruz, durante a década de 80. Foto: Ricardo Pereira (coleção particular), via site Poder Aéreo.

Ao longo de sua história, a Força Aérea Brasileira operou com 14 modelos distintos de aviões de caça. O primeiro deles foi o Curtiss P-36A Hawk, com dez exemplares recebidos dos Estados Unidos em 1942. Ainda no começo da década de 40, a FAB incorporou aeronaves mais modernas e com melhor desempenho, sendo elas, o Curtiss P-40 Warhawk e o Republic P-47 Thunderbolt, ambos de fabricação estadunidense. Cabe destacar que o P-47 foi o avião utilizado pelo Primeiro Grupo de Aviação de Caça, durante a Segunda Guerra Mundial e que ainda permaneceu em uso no Brasil por mais alguns anos, após retornar do conflito. No início dos anos 50, a Aviação de Caça brasileira ingressou na era do jato, com a chegada do Gloster Meteor, adquirido do Reino Unido por intermédio de uma curiosa negociação: 70 aviões por 15 mil toneladas de algodão. Duas décadas mais à frente, um novo salto de qualidade, representado pelos primeiros modelos supersônicos a entrar em serviço na FAB, o francês Mirage III (1972) e o estadunidense F-5 (1975). Nessa época, um outro fato marcante, foi a montagem em território nacional (conduzida pela recém-criada Empresa Brasileira de Aeronáutica), do jato de treinamento avançado italiano Aermacchi MB-326, aqui designado como AT-26 Xavante. A parceria entre Brasil e Itália resultou posteriormente no Programa AMX, contemplando o projeto e a construção no país, de um caça-bombardeiro subsônico, equipado com eletrônica de última geração. O conhecimento adquirido pelos Engenheiros e Técnicos da EMBRAER permitiu que a empresa produzisse para a FAB no final dos anos 90, o A-29 Super Tucano, um turboélice de treinamento e ataque leve, que acabou se tornando um grande sucesso de exportação, em função das qualidades do avião. Mais recentemente, a Aviação de Caça ingressou em um novo patamar tecnológico e operacional, com o recebimento dos primeiros exemplares do F-39 Gripen, um caça de origem sueca, desenvolvido em conjunto com o Brasil e equipado com o que existe de mais moderno em termos de sensores e armamentos. Na atualidade, a frota de combate da Força Aérea Brasileira é composta por quatro modelos: A-1 e F-5 Tiger II, ambos em versões modernizadas, A-29 Super Tucano e os novos F-39 Gripen. Acompanhe abaixo, uma arte especial com uma linha do tempo, mostrando todos os tipos e variantes de aeronaves de caça operadas pela FAB, além de outros conteúdos visuais com informações complementares.





Atualmente, o formato da Reunião da Aviação de Caça compreende atividades distribuídas ao longo de três a quatro dias, incluindo a chegada e recepção das Unidades Aéreas. Além da confraternização e das trocas pessoais de experiências e conhecimentos, acontecem também, palestras sobre assuntos inerentes à Aviação de Caça. A programação do evento reserva espaço ainda para alguns momentos especiais e bastante tradicionais, como o "Almoço do Caçador" e a encenação da "Ópera do Danilo", que narra a saga do Tenente Danilo Marques Moura (1916-1990), irmão do Tenente-Coronel Nero Moura (Comandante do Grupo de Caça). Seu caça P-47 foi abatido em 4 de fevereiro de 1945, durante uma missão, nas proximidades de Castelfranco, norte da Itália. Saltando de paraquedas sobre território defendido pelas forças alemães, ferido, cansado e com fome, o aviador brasileiro empreendeu uma fuga heroica e improvável, percorrendo cerca de 450 km em 30 dias, descumprindo todas as regras de sobrevivência que os manuais indicavam nesse tipo de situação. Entretanto, quis o destino que ele não fosse capturado ou morto pelo inimigo. Durante a longa e perigosa travessia, foi ajudado por diversas pessoas por onde passava, moradores locais contrários à ocupação do seu país. Ao chegar à Base Aérea de Pisa, 19 kg mais magro, Danilo mal foi reconhecido pelos companheiros. Após ouvirem os relatos daquele feito incrível e inacreditável, em sua homenagem, compuseram uma ópera, composta por cinco atos, representando as etapas da fuga e as situações de tensão e perigo enfrentadas por ele. Todos os anos, durante a Reunião da Aviação de Caça, como um tributo à sua determinação e coragem, a história é revivida, recontada e transmitida às novas gerações de Caçadores.


Um dos acontecimentos mais aguardados da RAC é a encenação da tradicional Ópera do Danilo, organizada pelo Primeiro Grupo de Aviação de Caça e contando com a participação dos próprios militares nos papéis de atores e figurantes. Fotos: Marcelo Lobo da Silva

Durante a Reunião da Aviação de Caça, também há espaço para momentos descontraídos como o Torneio Informal da Caça, uma divertida disputa em formato de gincana, com a participação dos integrantes de todas as Unidades Aéreas presentes na Base Aérea de Santa Cruz, cujo prêmio é o Troféu "Maria Boa". A Aviação de Caça da FAB é repleta de simbolismos, tradições e fatos pitorescos. Uma das histórias mais curiosas e conhecidas é a da "Maria Boa". Nascida na cidade de Remígio, na Paraíba, em 1920, Maria Oliveira Barros sempre foi uma mulher à frente de seu tempo. Expulsa de casa pelos pais ainda jovem, ela acabou se estabelecendo em Natal, capital do Rio Grande do Norte, onde abriu um cabaré que logo se tornaria conhecido e frequentado por brasileiros e norte-americanos, durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial. O local lhe deu dinheiro e fama e inclusive, um bombardeiro B-25 foi "batizado" com o seu nome. O cabaré perdurou ainda por vários anos após o término do conflito. Maria faleceu em julho de 1997, vítima de um AVC. Para saber mais detalhes sobre a biografia e curiosidades desta personagem icônica, recomendamos aos nossos leitores, uma reportagem publicada pelo jornal Tribuna do Norte, em 2020, acessível clicando sobre a frase abaixo:


A história de "Maria Boa" com a Aviação começou com a adição de seu nome em um bombardeiro B-25J Mitchell, com a matrícula FAB 5071, pertencente ao 1º/5º GAv, sediado na Base Aérea de Natal e se eternizou, anos depois, com a descoberta da célebre foto. Desde então, a gravura circula entre as Unidades Aéreas de Caça. Há controvérsias se é realmente ela que aparece na foto, entretanto, polêmicas a parte, o fato é que a imagem se perpetuou como tal. Reza a lenda que a primeira disputa pelo quadro, aconteceu lá pelos idos de 1954, em Natal, por meio de uma partida de Futebol de Salão, entre o 1º/5º GAv (na época, um Esquadrão de Bombardeio) e o 2º/5º GAv (Esquadrão de Caça), na qual este saiu-se vitorioso e levou o cobiçado "troféu". Em 1956, o 1º/4º GAv, sediado na Base Aérea de Fortaleza, recebeu a tarefa de Instrução dos Pilotos de Caça do 2º/5º GAv e herdou também a famosa obra de arte. De lá para cá, a posse do quadro mudou de dono diversas vezes. A regra geral determina que a Unidade Aérea detentora do objeto, deve guardá-lo em suas dependências, porém, o mesmo deve permanecer em local visível a todos, como um troféu, de forma de enaltecer e valorizar a sua conquista. Com o passar do tempo, o Torneio de Aviação de Caça (TAC) incluiu entre as premiações ao vencedor, a posse do quadro. Hoje em dia, ele é disputado anualmente entre as Unidades Aéreas durante a Reunião da Aviação de Caça, realizada sempre durante as comemorações pelo dia 22 de abril, por meio do Torneio Informal de Caça. O atual detentor da posse do quadro é o Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA), sediado em Anápolis/GO. Até a RAC do próximo ano, esse será o endereço de "Maria Boa".

Quadro da "Maria Boa", exposto durante a RAC 2025. Esta é a foto original, que foi completamente restaurada em 1996. Todas as Unidades Aéreas têm uma cópia dessa imagem, porém, a disputa pelo original é bastante acirrada. Possuir a foto é um sinal de grande prestígio, pois representa uma das tradições mais antigas da Aviação de Caça. 

O ponto alto da Reunião da Aviação de Caça acontece sempre no dia 22 de abril, data em que se comemora o Dia da Aviação de Caça. As celebrações têm início logo cedo, com uma cerimônia em lembrança dos veteranos do Grupo de Caça, que acontece na praça que abriga o monumento do P-47D Thunderbolt e o Memorial Senta a Púa, construído para eternizar o legado de seus integrantes. A segunda parte da Solenidade tem lugar no pátio operacional da Base Aérea de Santa Cruz, junto ao célebre Hangar do Zeppelin. Nesse local, ocorre a Formatura Militar alusiva ao Dia da Aviação de Caça, com a leitura da Ordem do Dia e entrega de prêmios e troféus aos que se destacaram durante o ano anterior, além do tradicional desfile da tropa, formada pelos Veteranos, Pilotos de Caça da ativa e da reserva e pelo efetivo da Base Aérea de Santa Cruz, ao som do Hino Oficial da Aviação de Caça, a canção “Carnaval em Veneza”. Por vezes, a Solenidade conta com a participação de viaturas do Clube de Veículos Militares Antigos do Rio de Janeiro (CVMARJ),  No céu, formações com aeronaves de caça da FAB realizam sobrevoos sobre o pátio. Em algumas edições do 22 de abril, acontece também uma demonstração operacional, com os aviões realizando disparos com seus canhões e lançamento de bombas sobre alvos terrestres.


O site Aviação em Floripa publicou na semana passada, uma reportagem fotográfica especial, mostrando os principais momentos da Solenidade alusiva aos 80 anos do dia 22 de abril, na Base Aérea de Santa Cruz. Se você perdeu esse conteúdo, basta clicar sobre o banner abaixo para acessá-lo. Informamos ainda que em breve, estaremos lançando uma matéria adicional sobre a Reunião da Aviação de Caça, dessa vez, focada nas aeronaves que estiveram presentes ao evento.

Clique sobre o banner para acessar a matéria da Solenidade do Dia da Aviação de Caça.


Foto oficial da RAC 2025.

Fica aqui registrado o agradecimento especial do site Aviação em Floripa, à Diretoria da Associação Brasileira de Pilotos de Caça, tornando realidade a nossa presença na Base Aérea de Santa Cruz, durante a Reunião da Aviação de Caça, além de toda a ajuda prestada na produção desta matéria e dos demais conteúdos referentes aos 80 anos do dia 22 de abril. Gratidão também ao Comando e à Comunicação Social da Base Aérea de Santa Cruz, além do Comando e da Comunicação Social do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, pelo apoio, facilidades e autorização de acesso às dependências da BASC para a realização das pautas relativas ao evento. Agradecimentos também ao Professor e Pesquisador Aeronáutico, Rudnei Dias da Cunha, que gentilmente nos concedeu o uso dos perfis laterais das aeronaves de caça da FAB; ao Historiador Aeronáutico e Coronel Aviador Veterano, Aparecido Camazano Alamino e; ao Coronel Aviador Veterano Antônio Riccieri Biasus, pela contribuição de ambos, com informações que auxiliaram na elaboração da tabela referente ao Torneio da Aviação de Caça e de outros tópicos integrantes desta matéria.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

22 de abril: um tributo aos Heróis dos Céus

 

A manhã da última terça-feira, 22/4, foi de festa na Base Aérea de Santa Cruz, localizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Como acontece todos os anos nessa data, a "Cidade da Caça", sede do lendário Primeiro Grupo de Aviação de Caça, recebeu Unidades Aéreas de diversos pontos de país, autoridades militares, veteranos e seus familiares, além de convidados, para uma justa homenagem em honra e memória dos homens e mulheres que, durante a Segunda Guerra Mundial, atravessaram o Atlântico e lutaram nos céus da Itália contra a tirania e em defesa da liberdade. Muitos tombaram em combate e não tiveram a chance de pisar novamente em solo pátrio, mas o legado desses brasileiros de inquestionáveis fibra e coragem, jamais será esquecido. O site Aviação em Floripa esteve presente na Base Aérea de Santa Cruz e preparou para seus leitores, uma matéria fotográfica especial. A partir de agora, você é nosso convidado para acompanhar essa grande celebração.

Nota Editorial: Por tratar-se de uma reportagem fotográfica, o conteúdo desta matéria é composto essencialmente de imagens. Para dar aos leitores um melhor entendimento do cerimonial, as fotos estão dispostas em ordem sequencial, de acordo com o acontecimento dos fatos. Sempre que necessário, as imagens serão complementadas por legendas explicativas. Todas as fotos são de autoria de Marcelo Lobo da Silva, Editor do site Aviação em Floripa e do colaborador, Ângelo dos Santos Melo.


A Cerimônia em comemoração ao Dia da Aviação de Caça foi realizada na Praça do P-47, junto ao Memorial Senta a Pua, próxima ao famoso Hangar do Zeppelin. O local reúne diversos monumentos diretamente ligados ao Grupo de Caça, à Campanha da Italia e de seus integrantes, incluindo o mausoléu onde estão depositados os restos mortais do Brigadeiro Nero Moura, primeiro Comandante da Unidade Aérea e Patrono da Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira. Esse ano, o evento teve um significado especial, pois marcou os 80 anos de um feito histórico, quando no dia 22 de abril de 1945, o Primeiro Grupo de Aviação de Caça voou o maior número de missões durante a sua participação na Campanha da Itália.

É uma Solenidade rápida, porém, carregada de simbolismos e lembranças, principalmente para os familiares dos militares que combateram nos céus italianos. O momento mais marcante e emocionante, aconteceu durante a leitura dos nomes dos aviadores do Grupo de Caça que perderam a vida durante a fase de treinamento e na guerra. Com a ajuda da Inteligência Artificial, seus rostos ganharam vida e voz, e um a um, se apresentaram ao público, enquanto recebiam uma salva de tiros. Acompanhe abaixo, as imagens com os principais momentos do evento.

A Cerimônia foi presidida pelo Comandante da Aeronáutica Substituto e do Estado-Maior da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Pedro Luís Farcic, o primeiro com uniforme de voo, à esquerda na foto.

Apresentação do Comandante do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, Major Aviador Gusttavo Freitas de Souza ao Chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, dando início à Solenidade.




Acendimento da pira pelo Oficial mais moderno do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, Primeiro Tenente Aviador Caio Felipe Mendonça Leitão. A pira simboliza a chama do ideal, eternamente presente no espírito dos integrantes da Aviação de Caça.

Em seu discurso, o Comandante do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, Major Aviador Gusttavo Freitas de Souza, relembrou a trajetória, as missões realizadas no dia 22 de abril pelo Grupo de Caça e enalteceu a coragem e a determinação dos seus integrantes.



Estandartes representando a presença de todas as Unidades Aéreas atuais da Aviação da Caça na Cerimônia.

Durante a Solenidade, um caça F-5EM Tiger II pertencente ao Primeiro Grupo de Aviação de Caça, realizou algumas passagens sobre o local.

O momento mais emocionante da Cerimônia aconteceu quando o Major Freitas, fez a leitura dos nomes dos nove pilotos do Grupo de Caça que perderam a vida durante a Campanha da Itália, seguido de um brado de "Presente", para cada um deles, proferido pela tropa do 1º GAvCa. Ao fundo no telão, em ordem de chamada, um a um, os próprios aviadores, com o uso de Inteligência Artificial se apresentavam e diziam a sua data de falecimento.

Logo após a apresentação no telão, cada piloto recebeu uma salva de tiros.



Deposição de coroa de flores sobre o túmulo do Brigadeiro do Ar Nero Moura, primeiro Comandante do Primeiro Grupo de Aviação de Caça e Patrono da Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira. O ato foi realizado pelo Tenente-Brigadeiro Farcic, Major Freitas, Brigadeiro Veterano Quírico (Presidente da Associação Brasileira de Pilotos de Caça) e pela Sra. Leonor Moura (filha do Brigadeiro Nero Moura).



A Cerimônia encerrou-se com o hasteamento da "Flâmula do Jambock", utilizada nos acampamentos durante a Campanha da Itália e com a canção "Carnaval em Veneza", uma paródia feita na Itália pelos pilotos do Grupo de Caça e que acabou se tornando o Hino da Aviação de Caça, entoada com entusiasmo por todos os presentes.

Após a Cerimônia, aconteceu a Formatura Militar alusiva ao Dia da Aviação de Caça, realizada no pátio oeste, junto ao Hangar do Zeppelin. Durante o evento, ocorreu a entrega de troféus, prêmios e medalhas aos Pilotos de Caça que se destacaram durante o ano de 2024. A Solenidade encerrou-se com um grande Desfile Militar, ao som da música "Carnaval em Veneza", liderado pela tropa formada por Veteranos do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, Pilotos de Caça da ativa e da reserva e ex-integrantes do Primeiro Grupo de Aviação de Caça. O desfile contou ainda com efetivos de todas as Organizações Militares que estão sediadas na Base Aérea de Santa Cruz. Acompanhe a partir de agora, os principais momentos do cerimonial.

Palanque de autoridades.

O assento ejetável e o capacete, representam o Brigadeiro Nero Moura.

Estandartes de todas as Unidades Aéreas de Caça da FAB.

Tropa do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa), Unidade Aérea da Aviação de Caça da FAB, sediada na Base Aérea de Santa Cruz.

Tropa do Primeiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (1º/7º GAv), Unidade Aérea da Aviação de Patrulha da FAB, sediada na Base Aérea de Santa Cruz.

Tropa do Terceiro Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (3º/8º GAv), Unidade Aérea da Aviação de Asas Rotativas da FAB, sediada na Base Aérea de Santa Cruz.




Entrega de troféus aos pilotos mais eficientes do ano de 2024, que se destacaram nos campos operacional, intelectual e desportivo em suas respectivas Unidades Aéreas.


Entrega do Prêmio Pacau/Magalhães Motta do ano de 2024, ao Major Aviador Paulo Roberto Falcão. A distinção foi entregue pelo Sr. Fernando Magalhães Motta (irmão do Patrono do Prêmio), acompanhado pelo Brigadeiro do Ar Veterano Teomar Fonseca Quírico (Presidente da Associação Brasileira de Pilotos de Caça). O Prêmio tem por finalidade, estimular o estudo e a pesquisa de assuntos referentes ao emprego da Aviação de Caça, através da apresentação de trabalhos escritos ou audiovisuais. 



Formações de caças da FAB realizaram passagens durante o evento.


Os trajes de época, deram um ar de nostalgia à Solenidade.

Pavilhão Nacional se deslocando para ocupar lugar de destaque, durante a Imposição da Medalha Operacional Brigadeiro Nero Moura.

A Medalha Mérito Operacional Brigadeiro Nero Moura foi instituída pelo Decreto nº 7.085, de 29 de janeiro de 2010, por ocasião das comemorações do centenário de nascimento do Brigadeiro Nero Moura, com o objetivo de enaltecer a figura, sem par, do Líder e do Comandante Operacional. É uma distinção concedida a militares do Comando da Aeronáutica que exerceram ou exerçam o cargo de Comandante de Unidade Aérea e aos Veteranos do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, pela conduta em prol da operacionalidade da sua Organização e da Força Aérea Brasileira. A Medalha é alceada por um passador de prata, constando de uma miniatura do brevê de Oficial Aviador


Este ano, foram agraciados com a Medalha, os seguintes militares (da esquerda para a direita): Tenente-Coronel Aviador Ramon Lincoln Santos FórneasComandante do Primeiro Grupo de Defesa Aérea (Esquadrão Jaguar); Tenente-Coronel Aviador Primo Antônio Corral de MedeirosComandante do Segundo Esquadrão do Quinto Grupo de Aviação (Esquadrão Joker); Tenente-Coronel Aviador Felipe Luís de Oliveira Vilela, Comandante do Terceiro Esquadrão do Terceiro Grupo de Aviação (Esquadrão Flecha); e o Tenente-Coronel Aviador Edgar Barcellos Carneiro, Comandante do Primeiro Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (Esquadrão Poker) e do Terceiro Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (Esquadrão Centauro).


O momento mais aguardado por todos, aconteceu no final da Solenidade, com o tradicional Desfile Militar, liderado pela tropa formada pelos Veteranos e ex-integrantes do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, além de Pilotos de Caça em atividade e da reserva. O desfile também aconteceu no ar, com o sobrevoo das aeronaves de caça. Seguindo os Veteranos, estavam contingentes de todas as Organizações Militares sediadas na Base Aérea de Santa Cruz, além dos componentes da Banda de Música que abrilhantou o evento.










O site Aviação em Floripa agradece à Diretoria da Associação Brasileira de Pilotos de Caça (ABRA-PC), ao Comando e à Comunicação Social da Base Aérea de Santa Cruz (BASC), ao Comando e à Comunicação Social do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa), por todo o apoio dado à realização dessa matéria. Agradecimento também ao colaborador e amigo, Ângelo dos Santos Melo, pela contribuição essencial de suas fotos, que ajudaram a enriquecer este conteúdo. Desde já, informamos nossos leitores que na próxima semana, estaremos publicando uma matéria especial sobre a Reunião da Aviação de Caça.