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sábado, 13 de maio de 2023

F-39 Gripen: Uma jornada por mar, terra e ar!

 


Pela quarta vez, a cidade de Navegantes, localizada no litoral norte de Santa Catarina, recebeu a logística de entrega de mais uma remessa de caças F-39 Gripen para a Força Aérea Brasileira. Com estas duas aeronaves, já são sete jatos recebidos, todos utilizando a cidade catarinense como porta de entrada no Brasil. O primeiro Gripen chegou em setembro de 2020, seguido por mais dois, em abril de 2022. Em setembro do mesmo ano, novamente outra dupla de aviões e agora, neste mês de maio, mais duas aeronaves.  Acompanhe conosco, através de infográficos, tabelas e imagens, o passo a passo desta longa e incrível viagem desde a Suécia até o Brasil, cruzando mares, terras e ares.


O começo de tudo

O processo tem início a partir da fabricação dos aviões nas instalações da Saab, em Linköping, na Suécia, com a participação de técnicos e engenheiros brasileiros das empresas associadas ao programa. Depois de finalizada a etapa de montagem e pintura, já com todos os equipamentos de missão e sensores a bordo, a aeronave é conduzida para alguns testes de voo, para a aferição de que tudo esteja funcionando corretamente. Após cumprir essas etapas, o Gripen está pronto para iniciar sua jornada rumo ao Brasil, de acordo com o cronograma de entrega estabelecido e com a logística planejada entre a Saab e a Força Aérea Brasileira.

Todas as fotos: SAAB/Divulgação

Aeronave pronta na linha de produção para iniciar seu primeiro voo na Suécia. Foto: SAAB/Divulgação


O início da jornada


A viagem rumo ao Brasil começa com um curtíssimo voo de poucos minutos de duração, ligando os Aeroportos de Linköping (LPI/ESSL) e Kungsängen (NRK/ESSP), em Norrköping, separados entre si por uma distância de apenas 50 km. O trajeto entre o Aeroporto e o Porto da cidade é realizado da mesma forma que aqui, com as aeronaves sendo transportadas por via terrestre e na sequência, embarcadas para o Brasil. Os navios utilizados no transporte dos aviões são especialmente fretados para a operação. São do tipo Carga Geral, dotados de amplo espaço interno para abrigar os jatos e com dispositivos especiais para a fixação dos mesmos no assoalho do porão da embarcação, garantindo uma viagem em total segurança. As quatro remessas de caças Gripen contaram com navios distintos, porém, bastante semelhantes entre si, apresentando as mesmas características em termos de dimensões e tonelagem (veja tabela mais abaixo). O prazo de navegação gira em torno de três semanas, tempo necessário para vencer os quase 12 mil quilômetros que separam os Portos de Norrköping e Navegantes.

Ilustração mostrando a localização dos dois Aeroportos suecos utilizados na operação de transporte dos aviões ao Brasil. Fonte: arte própria, com auxílio do Google Maps

Caça Gripen da FAB sendo transportado pelas ruas de Norrköping, em direção ao porto. Crédito da foto: Thomas Möller

Vista geral do Porto de Norrköping, na Suécia. Fonte: MarineTraffic.com

Rota marítima comumente utilizada entre a Suécia e o Brasil. Fonte: Arte própria, com base em dados de navegação do site Marine Traffic

Dados de operação e características dos navios utilizados no transporte dos caças F-39 Gripen.

Imagem do FAB 4100 no porão de carga do ABB Elke, em setembro de 2020. O avião veio preso a uma estrutura metálica especial da Saab, fixada ao assoalho do porão. Foto: FAB/Divulgação

Nas remessas posteriores, mudou o modo de fixação ao assoalho do porão de cargas, porém, o objetivo continuou igual, ou seja, imobilizar as aeronaves durante a viagem, com a finalidade de evitar qualquer tipo de dano. Fotos: FAB/Divulgação


Terra brasileira à vista!


A chegada à Portonave marca uma importante etapa no processo de entrega dos caças Gripen para a FAB. É em Navegantes que os aviões são preparados para realizar seu primeiro voo em céus brasileiros. A escolha da cidade catarinense não foi por acaso e, a continuidade da logística por Navegantes demonstra isso claramente. Ela reúne as condições ideais para a realização deste tipo de operação, por ter, a exemplo de Norrköping, um Porto e um Aeroporto bem próximos e ligados por vias de circulação com boa pavimentação e sem a presença de obstáculos. A permanência na cidade dura de 3 a 5 dias, tempo necessário para que os aviões sejam retirados do navio, trasladados até o Aeroporto e seja feita a preparação para o voo, incluindo a instalação dos assentos ejetáveis e os ajustes finais e testes em todos os sistemas de bordo. 

Processo de retirada dos aviões do navio. Todas as fotos: Saab/Divulgação

No pátio da Portonave, as rodas do trem de pouso principal são recolocadas e as aeronaves ficam aguardando o momento para realizar o traslado ao Aeroporto. Todas as Fotos: FAB/Divulgação

A proximidade entre o Porto e o Aeroporto de Navegantes, distantes entre si, por aproximadamente 2 km, é o principal motivo pela escolha da cidade catarinense para receber a logística de entrega dos caças Gripen. Fonte: Arte própria elaborada a partir de imagem do Google Earth

A operação de traslado é realizada durante a madrugada, sob forte esquema de segurança, com o trajeto sendo concluído em aproximadamente 40 minutos. Todas as fotos: Marcelo Lobo da Silva (acervo pessoal)


Enfim, rumo ao céu


As últimas etapas acontecem nas dependências do Aeroporto Internacional Ministro Victor Konder (NVT/SBNF). Como o local não possui instalações militares, os aviões ficam abrigados em hangar particular, onde os técnicos da Saab fazem a recolocação do assento ejetável, do kit de sobrevivência e todas as verificações necessárias, afinal de contas, as aeronaves ficaram mais de três semanas inertes e sem girar o motor. Após a conclusão dos trabalhos, os jatos são trazidos para fora do hangar e colocados no pátio. Antes da decolagem é feito um teste de solo, composto por acionamento e um breve taxiamento, para a certificação de que todos os sistemas e o motor estão em pleno funcionamento. Com tudo pronto, chega o momento da reunião final entre os pilotos, militares da FAB e o corpo técnico da Saab, na qual todos os detalhes do voo são acertados. A partir deste ponto, os F-39 Gripen estão liberados para ganharem os céus brasileiros pela primeira vez. O destino dos aviões até o ano passado, era as instalações do Centro de Testes em Voo do Gripen, em Gavião Peixoto, no interior de São Paulo. No último trimestre de 2022, o Gripen recebeu a sua Certificação de Uso Militar, um documento autorizando sua operação no Brasil e finalmente, em dezembro do mesmo ano, iniciou suas atividades com o 1º Grupo de Defesa Aérea, em Anápolis/GO. A dupla de jatos que decolou no início desta semana de Navegantes, seguiu diretamente para o Planalto Central, indicando que a partir de agora, o processo de entrada em serviço dos novos aviões será muito mais rápido.

Durante o período que permanecem no Aeroporto, os aviões passam por uma intensa preparação para a decolagem. Todas as fotos: FAB/Divulgação

Antes da decolagem, é feito o teste de acionamento e taxiamento no pátio do Aeroporto. Todas as fotos: Marcelo Lobo da Silva (acervo pessoal).

Taxiamento em direção à cabeceira da pista e decolagem. Todas as fotos: Marcelo Lobo da Silva (acervo pessoal)



O futuro da logística


Em fevereiro deste ano, a Saab enviou para o Brasil, os componentes para a montagem final do primeiro F-39E Gripen em nosso país. Fazem parte do conjunto, as asas, as três seções da fuselagem (dianteira, intermediária e traseira), além de diversos outros equipamentos. Na manhã da última terça-feira, dia 9 de maio, ocorreu a cerimônia de inauguração da linha de montagem dos exemplares monopostos no Brasil, em Gavião Peixoto/SP. A partir de 2025, quando o primeiro avião sair da linha de produção nacional, o ritmo de entrega das unidades restantes para a FAB vai receber uma substancial aceleração. De acordo com o cronograma atual, todas as 36 aeronaves contratadas deverão ter sido entregues até o final de 2027.

Primeiro F-39E Gripen na linha de montagem em Gavião Peixoto/SP. Foto: Roberto Caiafa

Alguns setores da imprensa especulam que estes dois aviões que partiram de Navegantes nesta semana, foram os últimos entregues utilizando toda a logística que você acabou de acompanhar. Entretanto, é preciso ficar atento a alguns detalhes. O contrato assinado em 2013, contemplou a aquisição de 36 aeronaves, 28 F-39E (monopostos) e 8 F-39F (bipostos), com quinze unidades da versão de assento único sendo construídas no Brasil e as outras treze, vindas da Suécia. Até o presente momento, sete jatos encontram-se no Brasil (todos fabricados no país europeu), então, restam seis aeronaves monopostas para fechar a quantidade contratada, as quais, possivelmente serão entregues utilizando-se a mesma logística por Navegantes. No ano passado, o contrato foi modificado, ficando estabelecida a fabricação integral das oito unidades de dois assentos na Suécia. No momento, o primeiro exemplar biposto encontra-se na linha de montagem da Saab, em Linköping e, conforme o planejamento, deve estar finalizado no curso de 2025, para então ser enviado ao Brasil. 

Infográfico elaborado pelo autor, trazendo a distribuição e responsabilidades de fabricação, por versão, de cada país, de acordo com o estabelecido em contrato. A sequência de Matrículas das aeronaves a serem construídas no Brasil, bem como as dos seis F-39E Gripen restantes a virem da Suécia são especulativas e podem ser diferentes destas que aparecem no quadro. Da mesma forma, o cronograma apresentado pode não seguir as datas nem a quantidade de aeronaves mostradas. É apenas uma previsão ou estimativa, baseada no que aconteceu até o presente momento e no número de aeronaves restantes que deverão vir da Suécia.

Diante do exposto no parágrafo anterior e nas informações presentes no quadro acima, temos então, seis Gripen monopostos e oito bipostos a serem fabricados na Suécia e que deverão ser enviados ao Brasil, ao que tudo indica, através da mesma logística utilizada até agora. Portanto, ainda é prematuro afirmar o encerramento da operação de entrega por Navegantes. Está prevista para o segundo semestre, a chegada de mais dois F-39 monopostos para a FAB vindos da Suécia. Certamente a cidade catarinense ainda presenciará por mais algumas vezes, a singular visão do caça passando por suas ruas e avenidas e o rugido do seu potente motor ao ganhar o céu, seu habitat natural.


3 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia. Bem completa e muito interessante esta reportagem. Que possamos continuar a ter estas informações, satisfazendo nossa curiosidade. Obrigado. Geraldo.

Angelo disse...

Materia pra revista, parabens pelo conteúdo! Espero estar junto nas proximas entregas

sergio m. borba disse...

Mais uma brilhante cobertura onde o autor deve ter gasto dezenas de horas de trabalho e pesquisa para
nos propiciar informações detalhadas da inserção do Gripen na FAB.

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