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sexta-feira, 26 de maio de 2023

A Heráldica na Aviação Militar brasileira

 


Em mais um conteúdo inédito e exclusivo, o site Aviação em Floripa traz aos seus leitores, uma matéria especial sobre um tema pouco abordado mas bastante interessante, a simbologia e o significado por trás dos Emblemas das Unidades Aéreas da Força Aérea Brasileira, Aviação Naval e Aviação do Exército. Conhecidos popularmente como "bolachas", esses distintivos, geralmente bordados ou emborrachados, são utilizados no macacão de voo pelos pilotos e tripulantes das Unidades Aéreas. Os elementos presentes em cada um deles, dizem muito sobre a própria história do Esquadrão, seu emprego, características e área de atuação. Conheça a partir de agora, um pouco deste universo fascinante da Heráldica e de suas cores, formas e significados. 

Nota Editorial: Antes de iniciarmos a matéria, cabe aqui um pequeno parêntese. Colecionador de "bolachas" há mais de 35 anos, o autor iniciou seu acervo no ano de 1987, na época, residente em São Pedro da Aldeia, litoral norte do Estado do Rio de Janeiro. Para quem não sabe, a cidade abriga a única Base Aérea da Marinha do Brasil, a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA), sede da maioria dos seus Esquadrões e durante 30 anos (1965-1995), também foi o lar da 2ª Esquadrilha de Ligação e Observação (2ª ELO), Unidade Aérea da FAB que tinha como missão operar em conjunto com os meios navais da Esquadra e da Força de Fuzileiros, provendo apoio aéreo contra alvos terrestres e marítimos. Em uma visita à Unidade Aérea, foi presenteado com a "bolacha" da 2ª ELO e a partir daquele momento, cresceu o interesse pelos Emblemas. Focada exclusivamente na Aviação Militar brasileira, em suas Organizações e Unidades Aéreas, a coleção atualmente conta com mais de duas centenas de itens. Esta série de matérias, tem o objetivo de apresentar ao nosso público, os emblemas dos Esquadrões Operacionais de nossas Forças Armadas, além de contribuir para a divulgação e preservação da cultura aeronáutica. 

A primeira "bolacha" bordada, que iniciou toda a coleção.


Parte do acervo do autor encontra-se disposto em quadros temáticos.

O ato de identificar indivíduos, famílias ou clãs remonta à Antiguidade, porém, foi na Europa, a partir da Idade Média (por volta do século XIII), que este costume ganhou uma notoriedade maior e começou a apresentar uma padronização e regramentos específicos. A Heráldica é considerada uma ciência auxiliar da História e uma forma de linguagem simbólica, surgida para a identificação dos exércitos nos campos de batalha, de um Estado, de uma corporação, de uma família, de uma autoridade civil, militar ou eclesiástica. Entre os principais componentes que formam uma figura heráldica, estão os brasões, escudos e todos as figuras, objetos e sinais inseridos neles, além das cores, também chamadas de esmaltes, que dão significado e identificação às peças.

As cores dentro da Heráldica apresentam nomes específicos, geralmente baseadas no idioma francês ou no latim.


Guardando desde o início, um forte vínculo com a atividade militar, a utilização da Heráldica dentro das Organizações Militares brasileiras se expressa através dos Emblemas, Distintivos, Logotipos, Estandartes e Flâmulas. A elaboração e utilização desses itens deve seguir um conjunto de critérios e normas técnicas, estabelecidos por legislação própria no âmbito de cada Força. A explicação e o significado de cada um destes elementos visuais, se chama Descrição Heráldica e também possui uma linguagem padrão, baseada nas regras heráldicas quanto ao nome das cores ou esmaltes, formato dos escudos, identificação e posição das figuras dentro daquilo que se está representando.

Principais formas de escudos utilizados na Aviação Militar brasileira.

A Força Aérea Brasileira adota para suas Organizações Militares os Escudos do tipo Francês e Português. O primeiro é utilizado para Unidades que têm a missão específica de planejamento, preparo e o emprego direto da Força Aérea, o emprego de engenhos aeroespaciais ou atribuições de operações aeroterrestres, como por exemplo, os Esquadrões Operacionais. Por sua vez, o Escudo Português é empregado para OMs com funções predominantemente administrativas, como as Bases Aéreas, os Comandos Aéreos Regionais, os Parques de Material Aeronáutico, entre outros. Embora certas Unidades Aéreas mais tradicionais da FAB tenham a Bolacha no formato circular, algumas delas inclusive sendo amplamente conhecidas, cabe ressaltar que o Emblema oficial destes Esquadrões deve trazer a referida "bolacha" inserida no Escudo Francês, obedecendo à regra de emprego de acordo com sua missão-fim. Outro ponto importante diz respeito à cor do filete que contorna o Escudo. Ela identifica o posto ou patente do Oficial que comanda a Unidade, sendo a cor Ouro (amarela), utilizada para OMs chefiadas por Oficiais Intermediários (Capitão) ou Superiores (Major, Tenente-Coronel ou Coronel) e a Prata (branco) para OMs comandadas por Oficiais Generais (Brigadeiro, Major-Brigadeiro ou Tenente-Brigadeiro). Temos ainda, como forma de identificação, o uso de estrelas na parte superior (ou Chefe) do Emblema que designa à qual Aviação o Oficial pertence (Caça, Reconhecimento, Transporte, Patrulha, Asas Rotativas ou Busca e Salvamento). São cinco níveis, de acordo com a hierarquia, sendo uma estrela para Oficial Subalterno (Segundo ou Primeiro Tenente), duas estrelas para Oficial Intermediário (Capitão), três estrelas para Oficial Superior (Major, Tenente-Coronel ou Coronel), quatro estrelas para Oficial General (Brigadeiro, Major-Brigadeiro e Tenente-Brigadeiro) e, finalmente, cinco estrelas, reservada exclusivamente ao Comandante da Aeronáutica, conforme mostra a figura abaixo.


Nota Editorial: Dentro da Aviação de Caça da FAB, utiliza-se uma regra própria com relação à quantidade de estrelas presentes no Chefe (parte superior) do Distintivo, de acordo com a progressão operacional do piloto, ao longo de sua carreira. De acordo com esta metodologia, temos então as seguintes situações: sem estrela ( Piloto de Caça, Ala Operacional da Aviação de Caça ou Líder de 2º Elemento da Aviação de Caça); uma estrela (Líder de Esquadrilha da Aviação de Caça); duas estrelas (Líder de Esquadrão da Aviação de Caça; e, três estrelas (Líder de Grupo da Aviação de Caça e Comandante de Unidade de Caça da Força Aérea Brasileira).

Na Marinha do Brasil e no Exército Brasileiro, em sua grande maioria, predominam os Escudos de forma circular para as Bolachas das Unidades Aéreas. Uma exceção diz respeito aos Esquadrões VF-1 e QE-1 da Aviação Naval, que utilizam uma variação do Escudo Triangular. Outros tipos de Emblemas, pertencentes à Esquadrilhas de Voo, Emblemas de Qualificação ou Especialidades, entre outros, podem apresentar outros formatos. Para todas as suas Organizações Militares, a Marinha faz uso do Escudo Português, denominado de Boleado, envolto por cabos e tendo na parte superior, um objeto, chamado de Coroa Naval, sendo este conjunto de elementos, conhecido como Emblema Heráldico. Esse é o padrão de Escudo de Organização Militar da Marinha, incluindo suas Unidades Aéreas, sendo assim, além da Bolacha circular utilizada no macacão de voo, todos os seus Esquadrões também apresentam esse modelo de Emblema. Assim como existem formas diferentes de representações de Escudos para as Unidades Aéreas, FAB, Marinha e Exército também distribuem suas Bolachas de formas distintas no macacão de voo de seus pilotos e tripulantes. As artes abaixo, mostram a quantidade, localização e tipos de Emblemas utilizados por cada uma delas.




Nota Editorial: Na Aviação Naval e na Aviação do Exército não se costuma empregar uma Bolacha contendo a numeração de antiguidade ao piloto ou tripulante dentro da Unidade Aérea. São poucos os Esquadrões da Marinha ou do Exército que fazem uso deste expediente. Porém, aqueles que o fazem, utilizam a Bolacha logo abaixo da Bandeira do Brasil. Por não ter seu uso difundido, optamos por não mostrá-la nas artes com o macacão de voo da Marinha e do Exército.

O conteúdo que que você acabou de acessar, teve o objetivo de trazer algum conhecimento sobre a Heráldica dentro da Aviação Militar brasileira e de como seus elementos são utilizados na confecção e apresentação dos Emblemas das Organizações Militares ligadas com a atividade aérea. Em breve, o site Aviação em Floripa estará publicando uma série de matérias com os emblemas e muitas outras informações a respeito de todas as Unidades Aéreas atualmente operacionais na Força Aérea Brasileira, Marinha do Brasil e Exército Brasileiro.


3 comentários:

sergio m. borba disse...

Nota 10 este acervo de " bolachas" representando unidades aéreas das forças armadas e também a explicação da posição das mesmas no macacão de voo. Tenho certeza, nisso me incluo, que é um fato desconhecido da grande maioria das pessoas que gostam do assunto F.A

Anônimo disse...

Bom dia. Sensacional. Gostei bastante, pois acredito ser muito legal, porém nunca tinha tido a oportunidade de conhecer sobre o assunto. Muito obrigado.

Dom Pedro Neto disse...

Boa tarde. Meu nome é Pedro Neto e também fui militar da nossa gloriosa Aviação Naval. Cursei Aviônica, na Turma 1-82. Dei baixa em 1987 e vim para Itajubá-MG, para trabalhar na Helibras (Helicópteros de Brasil). Desde então, também cultivo o hobby de colecionar bolachas de macacacão de voo. Parabéns pela tua coleção e pela, matéria publicada àcima. Foi muito elucidativa. Gostaria de saber se você conhece alguém que venda bolachas. Vamos, por favor, manter contato. O meu whats'app é (35) 99966-4063. Abraço.

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