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sexta-feira, 9 de maio de 2025

RAC 2025: As aeronaves

 

Entre os dias 21 e 24 de abril, a Base Aérea de Santa Cruz sediou mais uma edição da Reunião da Aviação de Caça. Este ano, o tradicional encontro também celebrou os 80 anos de um feito histórico, ocorrido em 22 de abril de 1945, quando o Primeiro Grupo de Aviação de Caça, em sua participação na Campanha da Itália, voou o maior número de missões em um único dia. Unidades Aéreas de Caça da Força Aérea Brasileira, de todos os pontos do país, vieram ao Rio de Janeiro para as celebrações. Na segunda e última parte da matéria sobre a RAC 2025, nossos leitores vão acompanhar, através de informações e muitas imagens, a chegada dos Esquadrões para o evento, além de detalhes sobre algumas das aeronaves que estiveram presentes na Base Aérea de Santa Cruz. Boa leitura!!


Em qualquer evento aeronáutico, as estrelas da festa são as aeronaves. São elas que atraem a atenção do público e as lentes das câmeras. A Reunião da Aviação de Caça deste ano, além dos F-5EM/FM Tiger II sediados na Base Aérea de Santa Cruz, contou com a participação de dezesseis aeronaves pertencentes aos demais Esquadrões de Caça da FAB distribuídos pelo país, totalizando seis A-29B Super Tucano, quatro F-5EM Tiger II, três A-1AM, um A-1BM e dois F-39E Gripen. Todas chegaram durante a manhã do dia 21 de abril, cumprindo à risca e com impressionante pontualidade, os horários determinados na programação da RAC. Nem a meteorologia desfavorável, com tempo fechado e nuvens baixas, atrapalhou o planejamento, demonstrando o alto grau de treinamento e de profissionalismo das Unidades Aéreas e de suas tripulações.


Chegada dos Esquadrões Escorpião, Grifo e Pampa. Fotos: Marcelo Lobo da Silva/Ângelo dos Santos Melo

Chegada dos Esquadrões Poker/Centauro, Flecha e Jaguar. Fotos: Marcelo Lobo da Silva/Ângelo dos Santos Melo

A Aviação de Transporte da FAB prestou um apoio fundamental para a Reunião da Aviação de Caça, garantindo a logística do evento. Fotos: Marcelo Lobo da Silva



Após a chegada de cada Unidade Aérea, as aeronaves foram sendo direcionadas e posicionadas no pátio sul da Base Aérea de Santa Cruz, em frente ao imponente Hangar do Zeppelin, visando a composição da foto oficial do evento, realizada no final da manhã do dia 21/4. Entre os principais destaques da RAC 2025, esteve a participação dos modernos caças F-39E Gripen, uma presença constante nos festejos do Dia da Aviação de Caça desde 2022. Até o momento, todos os F-39 operacionais da Força Aérea Brasileira encontram-se em serviço com o Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA), em Anápolis/GO. Para a RAC, a Unidade Aérea enviou dois exemplares, com as matrículas FAB 4101 e FAB 4103. Como o modelo ainda é relativamente novo na FAB, o caça raramente é visto fora de sua sede. Sendo assim, a Reunião da Aviação de Caça se constituiu em uma excelente oportunidade para conhecer de perto o F-39 Gripen.

Fotos: Marcelo Lobo da Silva/Ângelo dos Santos Melo

O Esquadrão Flecha, sediado em Campo Grande/MS, trouxe para a RAC 2025, o A-29B Super Tucano com a pintura em homenagem à participação do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, na Campanha da Itáilia. O trabalho na aeronave, de matrícula FAB 5910, foi realizado pelo Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (PAMA-LS), localizado em Minas Gerais, Organização Militar responsável por prestar as manutenções mais complexas na frota de Super Tucano da FAB. O avião foi oficialmente apresentado em 23 de outubro de 2024, em Brasília/DF, durante as comemorações pelo Dia do Aviador. Na ocasião, o P-47D Thunderbolt preservado no Museu Aerospacial (MUSAL, no Rio de Janeiro), com o indicativo visual "B4", foi trazido à Capital Federal e junto com o FAB 5910, realizou um táxi pelo pátio da Base Aérea de Brasília. 

Fotos: Marcelo Lobo da Silva

A escolha do A-29 Super Tucano para homenagear o Grupo de Caça não foi por acaso, pois uma de suas missões na FAB é atuar como aeronave de ataque ao solo, função desempenhada com maestria pelos Pilotos brasileiros na Campanha da Itália. Além disso, coincidentemente, o Super Tucano, é equipado com duas metralhadoras no calibre 12,7 mm, também conhecido como "ponto 50", o mesmo tipo de armamento orgânico do P-47, cujas oito metralhadoras causaram grande destruição às forças inimigas durante a Segunda Guerra Mundial. Além do belíssimo esquema de pintura, o FAB 5910 carrega consigo, um conjunto de elementos visuais e marcações, repleto de significados e simbolismos que, à primeira vista, passam despercebidos por quem não é entusiasta da Aviação Militar ou um conhecedor da história da participação do Primeiro Grupo de Aviação de Caça no conflito. 

A aeronave foi pintada com um padrão de cor semelhante ao utilizado pelos aviões do Grupo de Caça, em verde-oliva e retrata fielmente o P-47 com o código "C1", voado pelo Capitão Fortunato Câmara de Oliveira (1916-2004), Piloto e Líder da Esquadrilha Azul, que realizou 56 missões durante a guerra. Além de aviador, o Capitão Fortunato era um exímio desenhista e foi o responsável pela criação do famoso Emblema do Grupo, disposto, tal qual no P-47, na lateral esquerda, sobre a carenagem do motor. Em ambas as laterais da fuselagem e sobre a asa esquerda, aparece a insígnia de identificação da Força Aérea Brasileira utilizada na época. No lado esquerdo, logo abaixo da cabine de pilotagem, da mesma forma que na guerra, encontra-se uma sequência de 56 pequenas bombas, na cor amarela, simbolizando cada uma das missões voadas pelo Capitão Fortunato. Essa prática era bastante utilizada pelos pilotos de todas as nações e servia para individualizar suas aeronaves, representando também, suas ações e vitórias nos céus. Um detalhe interessante e que evidencia todo o cuidado histórico com a pintura da aeronave, é a pequena suástica aplicada sobre a bomba de nº 43. Ela marca a destruição no solo de um bombardeiro Junkers Ju-88 da Força Aérea alemã, missão realizada pela Esquadrilha liderada por Fortunato, em 29 de janeiro de 1945.

Fotos: Marcelo Lobo da Silva

O grande destaque da Reunião da Aviação de Caça nesta edição de 2025, ficou com os anfitriões do evento. Para celebrar os 80 anos do dia 22 de abril e os 50 anos de operação do caça F-5 Tiger II com a Força Aérea Brasileira, um dos F-5 biplaces do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, recebeu uma pintura comemorativa relativa aos dois fatos marcantes. A aeronave escolhida foi o F-5FM com a matrícula FAB 4808, que teve duas artes pintadas em ambos os lados do estabilizador vertical. O emblema referente aos 80 anos do dia 22 de abril é de autoria do Major Aviador Rodolfo de Meneses Oliveira e a logomarca foi vencedora de um concurso promovido pela Associação Brasileira de Pilotos de Caça (ABRA-PC), para a confecção de uma moeda comemorativa à data. Já a imagem alusiva aos 50 anos do F-5 na FAB, é uma criação do Ilustrador paulistano Rick Nunes, residente atualmente no sul da Bahia e que mantém uma página no Instagram para divulgar seu trabalho, mostrando com grande criatividade e raro talento, fatos, datas importantes e o cotidiano das Organizações Militares brasileiras, principalmente, àquelas ligadas à Aviação.

A tarefa de transformar os desenhos em realidade, ficou a cargo de dois profissionais do mais alto gabarito, ambos gaúchos, o Sargento Fábio Lucimar Silva dos Santos e o Restaurador Aeronáutico Luciano André Schneider, um dos maiores expoentes no Brasil neste tipo de atividade, tendo em seu currículo, a recuperação de diversas aeronaves antigas ou preservadas em monumentos, muitas delas, expostas em Organizações Militares da Força Aérea Brasileira. Por sua vez, o Sargento Fábio possui grande expertise nesta área, tendo participado de diversos processos de pinturas especiais em aeronaves F-5 da FAB, principalmente ligadas ao Esquadrão Pampa de Canoas/RS. O trabalho foi realizado nas dependências da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, sede do Primeiro Grupo de Aviação de Caça e durou cerca de dez dias, envolvendo o emprego de diversas técnicas, além de muito talento e paciência, por parte dos dois artistas, como mostram as fotos a seguir.

Fotos: via Luciano André Schneider

A história do FAB 4808 com a Força Aérea Brasileira começou em 1988, com a aquisição de 26 aeronaves F-5 (vinte e dois monopostos e quatro bipostos), procedentes da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) e oriundos de Esquadrões chamados de "Agressores", cuja função era treinar os pilotos estadunidenses nas táticas de combate aéreo dos países do Pacto de Varsóvia, formado pela então União Soviética e seus aliados. Cabe ressaltar que a FAB já operava com o F-5 desde 1975, quando recebeu 36 F-5E Tiger II (monopostos) e seis F-5B Freedom Fighter (bipostos), todos novos de fábrica. As 26 aeronaves adquiridas no final dos anos 80, vieram para reforçar a frota e repor as perdas operacionais. Inicialmente todos os F-5 do segundo lote foram alocados ao Primeiro Esquadrão do Décimo Quarto Grupo de Aviação em Canoas/RS. Estes aviões receberam as matrículas de FAB 4856 a FAB 4877 para os F-5E e FAB 4806 a FAB 4809, para os F-5F. No início dos anos 2000, o FAB 4808, juntamente com o FAB 4874, foram escolhidos para serem os protótipos do programa de modernização, que elevou um total de 49 F-5E/F para o padrão F-5EM/FM, incluindo três F-5F adquiridos da Jordânia, em 2008. Atualmente quatro F-5 biplaces seguem em operação na Força Aérea Brasileira, dois deles com o 1º GAvCa, em Santa Cruz/RJ (FAB 4808 e FAB 4810) e os outros dois, com o 1º/14º GAv, em Canoas/RS (FAB 4807 e FAB 4812). 

Fotos: Marcelo Lobo da Silva/Ângelo dos Santos Melo

Fotos: Marcelo Lobo da Silva

Com esta matéria, encerra-se a cobertura da Reunião da Aviação de Caça, feita pelo site Aviação em Floripa. Para este Editor, participar das comemorações pelo Dia da Aviação de Caça, foi a realização de um desejo antigo, acalentado desde os tempos de infância. Agradecimentos à Diretoria da Associação Brasileira de Pilotos de Caça (ABRA-PC), ao Comando e à Comunicação Social da Base Aérea de Santa Cruz (BASC) e, ao Comando e à Comunicação Social do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa), por todo o apoio e por transformar um sonho em realidade. Mas ainda não acabou, na próxima semana, nossos leitores vão conhecer a história de um dos templos sagrados da Aviação de Caça, a Base Aérea de Santa Cruz, desde muito antes da época em que os grandes dirigíveis cruzavam os céus do mundo, além de suas Unidades Aéreas passadas e presentes e muito mais. Aguarde!

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito boa a matéria! Completa e detalhada!!! Valeu pela descrição da pintura do A-29, ressaltando o detalhe da suástica sobre a bomba! Coisa de PROFISSIONAL!!! Parabéns!

Angelo disse...

Belissimas imagens! Leva o leitor pra dentro da RAC. Parabens!

sergio m. borba disse...

O Angelo resumiu bem " Leva o leitor pra dentro da RAC" essa pintura do a29 lembrando os p47 ficou ótima.

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