A Aviação Militar não é fascinante apenas pelas suas aeronaves e as missões que cumprem em tempos de paz ou de guerra, controlando, defendendo e integrando territórios e céus, através de suas mais diversas funções e tarefas, seja na Caça, Ataque, Transporte, Reconhecimento, Asas Rotativas, Patrulha Marítima, Busca e Salvamento, Treinamento, dentre tantas outras. A ideia de utilizar símbolos para representar e identificar grupos ou exércitos no campo de batalha ganhou notoriedade na Idade Média e permanece sendo utilizada até os dias atuais. Inserida nas forças militares, a Aviação não é diferente, com as cores e formas dos Emblemas das Unidades Aéreas, estampando as fuselagens das aeronaves ou os trajes de voo das tripulações. Esses Distintivos ou Escudos e os elementos impressos em cada um deles, contam muito sobre a própria história dos Esquadrões ou as tarefas e atividades que realizam. Para tratar desse assunto pouco explorado e difundido, o site Aviação em Floripa preparou um conjunto de conteúdos, trazendo aos seus leitores, esse fantástico universo. Aqui você vai encontrar um guia atualizado, mostrando as Unidades Aéreas pertencentes aos três braços aéreos das Forças Armadas brasileiras, suas aeronaves, os Emblemas e seus significados, além de muitos detalhes e informações a respeito de cada uma delas, tudo reunido em infográficos exclusivos e individuais, além de outros componentes visuais especialmente elaborados para esta matéria. Boa leitura!
Nota Editorial: Se você perdeu a introdução a esta temática, referente à Heráldica na Aviação Militar brasileira e os conteúdos anteriormente publicados ou, simplesmente quer revisitá-los, basta clicar sobre os banners abaixo:
Ensinar os princípios do voo e forjar os futuros Oficiais Aviadores da Força Aérea Brasileira; aferir e calibrar os equipamentos e procedimentos de Navegação Aérea; testar e certificar aperfeiçoamentos, novas funcionalidades e capacidades para as aeronaves da Força Aérea Brasileira e; demonstrar para o Brasil e o mundo, as habilidades do piloto militar brasileiro e a excelência dos produtos da Indústria Aeronáutica do país. Na sexta e última parte da série de conteúdos sobre as Unidades Aéreas da FAB e seus Emblemas, você vai conhecer os Esquadrões responsáveis por executarem essas atividades. Saiba, a partir de agora, quais são, onde ficam, as aeronaves que utilizam e muito mais informações.
Diferentemente das Unidades Aéreas pertencentes às Aviações de Caça, Transporte, Asas Rotativas, Busca e Salvamento, Patrulha e Reconhecimento, todas subordinadas operacionalmente ao Comando de Preparo (COMPREP), as Unidades retratadas nesta matéria apresentam vinculações distintas e únicas, cada uma delas, atreladas de forma operacional, às Organizações Militares responsáveis pelas funções ou atividades que executam, conforme ilustra a figura abaixo.
Nos dias atuais, mesmo com o uso cada vez mais crescente de Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARP), realizando toda sorte de missões, inclusive ofensivas, o componente humano dentro de um cockpit ou cabine de comando, ainda é essencial. Todos os anos, as Forças Armadas ao redor do planeta, investem grandes recursos financeiros e tempo na formação de aviadores militares, considerados uma tropa de elite. Na Força Aérea Brasileira não é diferente. A formação inicial de seus pilotos acontece na Academia da Força Aérea (AFA), também conhecida como o "Ninho das Águias", localizada na cidade de Pirassununga, interior do Estado de São Paulo. São quatro anos de uma intensa rotina física e intelectual, que exige muito esforço e dedicação. Para fornecer todo o aprendizado prático aos Cadetes Aviadores (como são chamados os futuros Oficiais que irão conduzir as aeronaves da FAB), a AFA conta com dois Esquadrões dedicados à Instrução Aérea, um deles, voltado para o treinamento Primário e o outro, para o Básico.
A formação é ministrada em dois modelos de aviões, ambos de fabricação nacional. Em seu primeiro contato com uma aeronave militar, os Cadetes realizam cerca de 50 horas dentro da denominada Instrução Primária, sendo 15 horas de Simulador e 35 horas de voo, utilizando o T-25 Universal. Por sua vez, a Instrução Básica acontece no último ano de Academia, quando são completadas mais 125 horas, divididas entre 30 horas de Simulador e 95 horas de efetiva pilotagem, desta vez, a bordo do turboélice T-27 Tucano em sua versão modernizada, contando com um cockpit totalmente novo, dominado por Telas de LCD Multifuncionais, conceito chamado de Full Glass Cockpit. Durante o tempo de permanência na Academia, entre as capacidades técnicas de voo adquiridas pelos Cadetes, estão a prática de manobras de precisão, acrobacias, navegação aérea, voos de formatura e por instrumentos. Após a conclusão do Curso, agora declarados Aspirantes a Oficial Aviador, seguem para Natal/RN, onde vão se especializar em uma das três possibilidades na carreira militar: Caça, Aeronaves Multimotores ou Asas Rotativas.
Importante dizer que os dois Esquadrões de Instrução Aérea (EIA), embora operem aeronaves, não são considerados como Organizações Militares, pois integram a estrutura de Ensino da Academia da Força Aérea. Assim sendo, não têm a obrigação de possuir de forma regulamentar, um Escudo, Descrição Heráldica ou outros requisitos encontrados nas demais Organizações Militares da Força Aérea Brasileira. Entretanto, para efeitos de motivação, pertencimento e identificação do Corpo de Cadetes com a Instrução Aérea, além da ambientação com suas futuras atividades como piloto militar, ambos os Esquadrões, assim como toda e qualquer Unidade Aérea, têm seus próprios códigos, símbolos e tradições.
Como curiosidade, justamente por não serem Organizações Militares, as bolachas dos Esquadrões de Instrução Aérea não são mais utilizadas no macacão de voo. No caso dos Cadetes, são usadas atualmente, as bolachas da Academia da Força Aérea (lado esquerdo) e da Turma (lado direito). Já para os Instrutores de Voo, independente em qual Esquadrão atuem, é utilizada no lado direito, a famosa "bolacha do Pica-Pau", marca registrada da atividade de Instrução de Voo na AFA.
Nota Editorial: Para manter a padronização desta série de matérias, optamos por apresentar os Esquadrões de Instrução Aérea na forma de infográficos individualizados, com a mesma formatação das demais Unidades Aéreas da FAB, apenas com algumas diferenças e modificações. Para cada Esquadrão, no lugar do tradicional Escudo Francês e de sua Descrição Heráldica, colocamos seu Emblema e uma breve explicação acerca da simbologia dos elementos presentes nele. Conheça então, as Unidades responsáveis pela formação dos pilotos da Força Aérea Brasileira.
Todos os dias, milhares de pessoas utilizam o avião como meio de transporte para seus compromissos pessoais ou profissionais. Na agitação da vida moderna, muitos acabam esquecendo ou não percebendo que, por trás de cada pouso ou decolagem, chegada ou partida, existe uma complexa rede, formada por Controladores de Tráfego Aéreo, radares, sistemas e equipamentos de auxílio à navegação, comunicação, iluminação, aproximação e pouso, entre tantos outros. Olhos atentos e vigilantes com o único objetivo de garantir a Segurança de Voo e dos usuários do Espaço Aéreo. Um dos elos desta corrente é o chamado Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), Unidade Aérea especializada da Força Aérea Brasileira, subordinada operacionalmente ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), que tem a importante missão de aferir a eficiência desses sistemas, equipamentos e procedimentos, de modo a garantir uma operação segura a todas as aeronaves, civis e militares, em circulação no espaço aéreo brasileiro, durante todas as fases de voo, mesmo sob condições meteorológicas adversas. Graças ao trabalho realizado pelo GEIV, os usuários do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) podem executar as manobras e procedimentos de voo, descritos nas cartas aeronáuticas, com extrema precisão. Sediado nas dependências do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, suas aeronaves, verdadeiros laboratórios voadores, estão sempre atuando em algum ponto do país, fiscalizando, analisando, homologando, medindo e verificando o perfeito funcionamento de todos os sistemas e equipamentos de Navegação Aérea, responsáveis pela Segurança de Voo.
Com o surgimento da Indústria Aeronáutica no país e o desenvolvimento dos primeiros projetos de aeronaves nacionais para fins militares, em meados da década de 40, a Força Aérea Brasileira sentiu a necessidade de criar uma estrutura capaz de formar Técnicos e Engenheiros nos diversos campos relacionados com a atividade aeronáutica, a fim de certificar, avaliar, testar não apenas as aeronaves, mas todos os aspectos e parâmetros relacionados a elas. Assim nasceu o Centro Técnico Aerospacial (CTA), o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e mais tarde, o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IPD), com o objetivo de ensaiar e homologar equipamentos, componentes e materiais de interesse da FAB ou por solicitação de outros órgãos do governo e da indústria, testar novos tipos de aeronaves produzidas no país, aeronaves modificadas ou alteradas, além de fornecer os certificados de tais homologações. Toda esta estrutura acabou sendo concentrada na cidade de São José dos Campos/SP.
A atividade de Ensaios em Voo está presente nas diversas fases do desenvolvimento de uma aeronave, desde o seu planejamento até sua certificação, recebimento e emprego operacional. O mesmo acontece com os projetos dos diversos componentes a bordo, como por exemplo, aviônicos, sensores e armamentos. O embrião do que seria o atual Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV), surgiu no início da década de 60, com a criação de uma Unidade Aérea dedicada a esse propósito. Ao longo do tempo, a Unidade passou por diferentes denominações (Seção de Operações e Ensaios em Voo, Sub-divisão de Ensaios em Voo, Divisão de Ensaios em Voo, Grupo Especial de Ensaios em Voo) e, desde 2011, opera sob o atual nome, entretanto, a missão é a mesma, ou seja, determinar o desempenho e qualidades em voo de aeronaves, assim como os equipamentos e dispositivos embarcados, com a finalidade de garantir a segurança e o cumprimento das funcionalidades especificadas no projeto. Os profissionais que atuam junto ao IPEV (Pilotos, Engenheiros e Graduados), constituem um corpo técnico altamente capacitado e qualificado. A atividade requer o estudo e análise completa do comportamento de uma aeronave, sistemas, equipamentos ou armamentos para uma missão específica, auxiliando também na análise de risco desses projetos.
O IPEV atualmente é subordinado administrativa e operacionalmente ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aerospacial (DCTA), localizado em São José dos Campos/SP. Com relação aos meios aéreos à disposição do IPEV, a Unidade Aérea possui um conjunto diversificado de aeronaves próprias ou orgânicas (algumas delas em plena atividade ainda com outras Unidades da FAB), além de outras que permanecem sob sua responsabilidade apenas durante as campanhas de ensaios, retornando depois, para seus Esquadrões de origem. Um outro trabalho desempenhado pelos profissionais da Unidade, consiste no acompanhamento e recebimento de aeronaves destinadas à Força Aérea Brasileira.
O Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA) é a equipe oficial de exibição aérea da Força Aérea Brasileira. Entretanto, a Unidade Aérea é mais conhecida por outro nome, "Esquadrilha da Fumaça", apelido carinhoso que ganhou do público, ainda no início de sua história na década de 50, quando decidiram adicionar esse elemento visual em suas apresentações com o objetivo de delinear e melhorar o acompanhamento das manobras. Seus pilotos são considerados os "Embaixadores do Brasil nos céus", o cartão de visitas da FAB em eventos nacionais e internacionais. Divulgar a imagem da Força Aérea Brasileira, aproximar os meios civil e militar, despertar nos jovens a vocação pela Aviação, difundir a cultura aeronáutica e demonstrar a capacidade do piloto militar brasileiro e a excelência dos aviões fabricados em nosso país, estão entre os objetivos do EDA. A Unidade fica sediada na cidade de Pirassununga/SP, sendo subordinada administrativamente à Academia da Força Aérea (AFA) e diretamente vinculada ao Gabinete do Comandante da Aeronáutica (GABAER), em Brasília/DF.
Ao longo de sua história, o EDA voou com cinco modelos diferentes de aeronaves, T-6 Texan (1952-1976), Fouga Magister (1969-1972), T-25 Universal (1982-1983), T-27 Tucano (1983-2013) e o seu atual equipamento, o A-29 Super Tucano. A equipe é formada por doze pilotos com grande experiência, altamente capacitados e treinados. Sete deles se revezam nas posições de voo durante as apresentações, que duram em média, cerca de 40 minutos e são compostas por 55 manobras e acrobacias de alta performance. Para se tornar um "Fumaceiro", como os pilotos são conhecidos na FAB, é necessário possuir pelo menos 1.500 horas de voo, sendo 800 delas, como Instrutor de Voo. Os candidatos a uma vaga são todos voluntários, pertencentes às diversas Aviações da FAB (Caça, Transporte, Asas Rotativas, Patrulha, Busca e Salvamento e Reconhecimento) e passam por um Conselho Técnico, formado pelos próprios pilotos da Unidade, que avalia sua ficha de serviço, perfil psicológico, entre outros requisitos. Além disso, precisam ser escolhidos por unanimidade. Cada piloto permanece no EDA para um período de cerca de dois anos e depois prossegue sua carreira operacional na FAB normalmente. O curto prazo de permanência permite uma constante renovação do time. Todos os anos, de dois a três novos integrantes são incorporados à Unidade Aérea. Em seus 72 anos de atividade, a equipe soma mais de 4 mil apresentações no Brasil e em mais de duas dezenas de países mundo afora.
Com este conteúdo, encerra-se a apresentação das Unidades Aéreas da Força Aérea Brasileira. Ao longo de seis matérias, foram 41 Esquadrões retratados, conjunto que forma sua atual ordem de batalha. Os Emblemas, seus significados e Heráldica, localização, aeronaves, curiosidades e muito mais detalhes de cada Unidade Aérea da FAB (incluindo material inédito e nunca antes publicado), reunidos em um só local. Nossos leitores ou quem acessar o site, passam a ter à disposição, uma fonte única e centralizada de informações e referências sobre este tema, que podem ser pesquisadas, consultadas e revisitadas a qualquer tempo. A partir de agora, o foco se volta para a Marinha do Brasil e sua Aviação Naval. Aguardem!!
4 comentários:
Fascinante!
Mais um texto recheado de informações e, brilhantemente, escrito pelo Marcelo! Parabéns! 👏
Que trabalho fantástico, Marcelo! Parabéns!!
Garimpar todas estas informações, significa que as pesquisas foram longas e cansativas, porém resultaram em mais um brilhante trabalho. Não sabia quantas horas de voo os cadetes faziam na academia, achei muito interessante essa informação como as bolachas dos esquadrões envolvidos.
Belíssima reportagem!
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