Em meados de 1937, o novo
bombardeiro Mitsubishi G3M (denominado "Nell" pelos aliados) entrou
em serviço na China. Apenas dois meses depois, a Marinha Imperial expediu uma
nova especificação junto à Mitsubishi visando a substituição do G3M. As exigências
foram sem precedentes para um bimotor de ataque ao solo daquela época:
Velocidade máxima de 398 quilômetros por hora a 3.000 metros e autonomia para
percorrer 4.722 quilômetros vazio. Carregando um torpedo de 800 quilos ou igual
carga de bombas, a nova aeronave deveria ter capacidade para cobrir pelo menos
3.700 quilômetros.
Para satisfazer os requisitos de
longo alcance e alta velocidade, uma equipe de projetistas da Mitsubishi
liderada por Kiro Honjo concebeu o G4M com grandes tanques de combustível nas
asas, desprovidos de qualquer blindagem ou autovedação. Esta total ausência de
proteção, em muito contribuiu para tornar a aeronave mais leve. A decisão de
não blindar os tanques das asas foi a saída encontrada pelo fabricante para
satisfazer as elevadas exigências de performance estabelecidas pela Marinha. A
Mitsubishi também incorporou esta mesma característica de projeto no A2M Zero,
pelas mesmas razões e com os mesmos resultados. Afinal, a doutrina das Forças
Armadas Japonesas era baseada sempre no ataque, nunca na defesa.
detalhe da cabine do G4M.
Ambas aeronaves tinham um alcance
sem precedentes, mas também eram extremamente vulneráveis ao fogo de metralhadora
e canhão dos caças aliados. Os Betty mostravam-se tão propensos a se
incendiarem que os aliados deram-lhe os apelidos pejorativos de "Acendedor
Automático", "Isqueiro Voador" e "Charuto Voador". Da
mesma forma, os pilotos da Marinha Imperial Japonesa o chamavam de
"Acendedor Tipo Um" e "Hamaki" (charuto).
O primeiro protótipo G4M saiu da
fábrica em setembro de 1939 e foi transportado para o Aeródromo Kagamigahara,
pois a fábrica da Mitsubishi em Nagoya não possuia uma pista de pouso.
Kagamigahara ficava a 48 quilômetros ao norte. Paradoxalmente, o bombardeiro
mais moderno e avançado do Japão fez a viagem desmontado, transportado em cinco
carros de bois, por lamacentas estradas de terra! Após a chegada ao aeroporto,
o primeiro G4M foi remontado e pilotado por Katsuzo Shima em 23 de outubro de
1939.
Os primeiros resultados foram
impressionantes, mas a Marinha adiou o início da produção do novo bombardeiro
por certo tempo, em favor de uma variante super-armada que seria denominada
G6M1. Testes revelaram que a variante sobrecarregada perderia muito da
performance original. Assim, foi liberada a produção do G4M.
Os Betty eram bastante espaçosos
internamente e muito manobráveis. Entraram em serviço na Marinha Imperial com a
denominação oficial “Avião Naval de Ataque Tipo 1”. No início, a carreira dos
Betty foi vitoriosa e as equipes que os tripulavam conseguiram vários êxitos
operacionais em seu primeiro ano de combate. Eles destruíram o aeródromo
estadunidense Clark Field nas Filipinas, em 8 de dezembro de 1941, e
participaram dos ataques que culminaram
com o afundamento dos navios de guerra britânicos HMS "Príncipe de
Gales" e HMS "Repulse", em 10 de dezembro.
A combinação de alta velocidade e
grande alcance operacional permitia que o G4M realizasse ataques rápidos, de
variadas direções e altitudes, conseguindo escapar antes que os aviões inimigos
decolassem para interceptá-los.
Com o desenrolar da guerra, além
de contarem, progressivamente, com maior quantidade de baterias antiaéreas, os
aliados fizeram-se presentes com aviões de caça mais velozes, bem armados e em
maior número. Foi o início para o fim dos dias felizes do Betty. A resposta foi
a nova versão G4M2 completamente redesenhada, porém sem conseguiur superar a
vulnerabilidade do avião frente a todo o poder de fogo dos Aliados. A
Mitsubishi então, voltou à prancheta, e dentre várias modificações adicionou
proteção aos tanques de combustível reduzindo sua capacidade em um terço.
Placas blindadas também foram instaladas em todas as posições da tripulação. A
torre de cauda foi redesenhada e a fuselagem encurtada. Esta versão foi
batizada modelo G4M 34.
A despeito de sua fraca (ou
inexistente) blindagem, atacar um G4M pela ré podia ser uma tarefa das mais
perigosas e arriscadas, pois era na cauda do avião, que estava sua mais
poderosa arma defensiva: Um canhão Type 99 de 20 mm. O Type 99 foi o canhão
japonês padrão utilizado em aeronaves durante a Segunda Guerra, tanto em
posições fixas como em instalações móveis. Era cópia de um modelo Oerlikon, mas
foi sendo continuamente aperfeiçoado. Os primeiros modelos eram alimentados com
um tambor de 60 cartuchos. Em 1942 surgiu uma versão com tambor de 100
cartuchos. Versões posteriores eram alimentadas com cintas de munição.
Artilheiro de cauda e seu canhão Tipo 99.
Os Betty encerraram sua carreira,
participando das negociações para a rendição do Japão, com dois G4Ms
desarmados, pintados de branco e com insígnias da Cruz Vermelha. Os dois G4M
designados para a missão, receberam os sinais de chamada Bataan 1 e Bataan 2 e
foram enviados para a ilha de Lejima transportando as delegações japonesas na
primeira etapa de seu voo para Manila, nas Filipinas. A produção total do G4M
foi de 2.479 aeronaves, uma quantidade extraordinariamente elevada para um
bombardeiro, dentro dos padrões japoneses à época.
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Fontes consultadas:
http://collections.naval.aviation.museum/
http://www.wwiivehicles.com/
http://richard.ferriere.free.fr/
http://nhungdoicanh.blogspot.com
http://arawasi-wildeagles.blogspot.com
http://www.j-aircraft.com/
http://www.aviation-history.com/
http://historius.narod.ru
http://www.doxaerie.com/
http://www.bookmice.net/
http://www.avionslegendaires.net/
http://armasnaguerra.blogspot.com
http://www.warbirdphotographs.com/
http://www.airpages.ru/
1 comentários:
I will stay here all day enjoying all the wonderful 'flying machines'. Thank you!!
JP/Raleigh, NC
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