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quinta-feira, 29 de agosto de 2024

1º/1º GT realiza treinamento em Santa Catarina

 

Até sexta-feira, 30 de agosto, a Base Aérea de Florianópolis (BAFL) está recebendo o Exercício Técnico de Busca e Salvamento (EXETEC SAR), com a presença do 1º Esquadrão do 1º Grupo de Transporte (1º/1º GT), Unidade Aérea da Aviação de Transporte da Força Aérea Brasileira, que tem sua sede na Base Aérea do Galeão/RJ. Uma aeronave KC-390 Millennium e cerca de 40 militares participam da manobra. O objetivo principal do treinamento é a capacitação e requalificação anual das tripulações do Esquadrão, incluindo Pilotos, Mestres de Carga e Observadores Aéreos, em missões de Busca e Salvamento (SAR, do inglês Search And Rescue), uma das muitas atribuições da Aviação de Transporte da FAB. O exercício compreende as atividades de busca sobre áreas marítimas e terrestres, além do lançamento de botes e fardos. O adestramento é fundamental para atuar em situações reais. Recentemente, a Força Aérea Brasileira participou ativamente da chamada Operação Taquari 2, em apoio ao povo gaúcho, atingido pela catástrofe climática sem precedentes que se abateu sobre o Rio Grande do Sul. Entre as muitas ações de destaque, estava o ressuprimento aéreo, realizado em locais sem a possibilidade de pouso de aeronaves. Ali se fizeram presentes os aviões de transporte da FAB, lançando alimentos, medicamentos, água e outros insumos importantes para a sobrevivência das pessoas em terra. Nesse tipo de tarefa, em que o socorro que vem do céu representa a diferença entre vida ou morte, é a precisão no lançamento das cargas que garante o sucesso da missão e isso só é alcançado com muita dedicação e prática. Por este motivo, treinamentos como este que está acontecendo na capital catarinense são tão importantes.

Embora o 1º/1º GT esteja sediado na cidade do Rio de Janeiro, a escolha por Florianópolis para a realização do exercício, está relacionada ao conjunto de cenários encontrados no entorno da Ilha de Santa Catarina e em áreas próximas, distantes a poucos minutos de voo, reunindo as condições perfeitas para a prática das atividades de Busca e Salvamento. Isso propicia uma substancial economia de combustível e maior tempo útil e efetividade nos treinamentos. Além disso, o apoio logístico prestado pela Base Aérea de Florianópolis é de fundamental importância, tanto para as tripulações quanto para a aeronave. Soma-se ainda, o espaço aéreo da capital catarinense, pouco saturado de aeronaves, se comparado com outras regiões do país, garantido fluidez nas operações e aumentando a segurança de voo. 


Todas as fotos: Marcelo Lobo da Silva/Aviação em Floripa

O treinamento consiste na realização de lançamentos de botes e fardos, além de buscas sobre mar e terra. As duas primeiras atividades acontecem, respectivamente, sobre as águas da Baía Sul e junto à pista auxiliar 03/21 do Aeroporto Internacional Hercílio Luz. Por sua vez, os voos de busca sobre o mar, são realizados em um espaço previamente delimitado, ao largo da Ilha de Santa Catarina. Já as buscas em terra, acontecem no norte do Estado, próximo às cidades de Jaraguá do Sul e Barra Velha. As ações são executadas a baixa altura (em torno dos 1 mil pés ou menos, cerca de 300 metros), exigindo atenção contínua e destreza por parte da tripulação. Com o foco na Segurança de Voo, exercícios dessa natureza, contam com o apoio do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), através da emissão de Notificações Aeronáuticas (NOTAM), informando aos usuários do espaço aéreo na região, sobre a presença da aeronave, além dos locais e altitudes em que a mesma estará operando, durante o período do treinamento. Da mesma forma, as áreas destinadas para as manobras são definidas com antecedência, sendo de conhecimento prévio de todos os aeronavegantes.

A imagem acima mostra uma típica missão que está sendo conduzida pelo KC-390, com o lançamento de botes e fardos em áreas próximas da Base Aérea de Florianópolis e, composta ainda, pela realização de buscas sobre área terrestre, no norte do Estado. Fonte: FlightRadar24.com



Na sequência, de cima para baixo, as áreas utilizadas pela o lançamento de botes, de fardos e para buscas sobre o mar. Fonte: https://aisweb.decea.mil.br/?i=aerodromos&codigo=SBFL#notam

Busca sobre área marítima. Fonte: FlightRadar24.com

Vista geral do compartimento de cargas do KC-390.

Para as missões de Busca e Salvamento, existe uma porta especial com uma grande bolha de observação, permitindo um aumento significativo do campo de visão em torno da aeronave.

Detalhe da bolha de observação.

Visão por dentro da bolha para o campo traseiro.

Visão por dentro da bolha para o campo dianteiro.

A Embraer desenvolveu um engenhoso sistema de troca das portas em pleno voo, no qual a porta padrão (pressurizada) desliza para cima e uma outra, própria para a Busca e Salvamento, é encaixada em seu lugar. Essa funcionalidade, permite que o KC-390 voe em altitude de cruzeiro e somente ao atingir a área de buscas, desça de nível, para então, trocar a porta. Isso resulta em significativa economia de combustível, que pode ser revertida em mais tempo para a missão.

Detalhe do assento do Observador SAR. São dois, localizados em cada uma das portas laterais traseiras. Eles são utilizados especificamente para missões de Busca e Salvamento, juntamente com a porta. Mais à frente na fuselagem, existem duas janelas, que também podem receber assentos, totalizando quatro postos de observação.

Esses são os simulacros de botes que estão sendo usados no treinamento, na foto, dispostos sobre a rampa traseira. O equipamento real é composto por estas cinco peças, sendo dois botes que se inflam em contato com a água, dispostos nas pontas. No meio, vão três kits de sobrevivência, contendo água, alimentos e outros itens, além de um rádio-localizador. No exercício, o interior é preenchido com madeira, simulando o peso real do conjunto. Após serem lançados na Baía Sul, uma equipe recolhe os materiais para uso posterior.

Em ocorrências que envolvem acidentes aeronáuticos, naufrágios, embarcações à deriva, situações de calamidade pública, populações isoladas ou qualquer eventualidade em que não seja possível o pouso de um helicóptero ou avião, a técnica mais utilizada, consiste no lançamento de botes ou fardos, contendo água, alimentos, materiais de primeiros socorros, entre outros, garantindo a sobrevivência das pessoas até a chegada das equipes de resgate. Essa operação pode ser feita de forma manual ou automatizada. Nesta última, os computadores a bordo calculam todos os parâmetros para que qualquer tipo de carga que esteja no interior da aeronave (incluindo volumosos pallets e até mesmo veículos de combate), atinja o solo com a máxima precisão no ponto determinado, independente da altitude. Para fins de capacitação dos novos integrantes do 1º/1º GT, durante o exercício, os lançamentos estão sendo feitos no modo manual, sem a ajuda da eletrônica.

O conjunto de fotos a seguir, mostra como funciona o procedimento. No treinamento  em Florianópolis, a operação é feita junto à pista auxiliar 03/21 do Aeroporto Internacional Hercílio Luz. No solo, uma equipe demarca com um sinalizador de fumaça, o local onde a carga deve cair. A aeronave se aproxima, voando a baixa altura (cerca de 300 pés, ou 100 m), com a rampa traseira aberta e em atitude de voo cabrado (levemente inclinada para cima), de forma a facilitar a soltura da carga. O fardo é simulado por uma bombona plástica, presa a um paraquedas e com o tamanho e o peso aproximados do equipamento real. Elas são lançadas uma a uma, de forma a maximizar o treinamento. Em uma situação de salvamento, os fardos poderiam ser liberados em sequência, em uma única passagem. Junto à rampa traseira, existe um dispositivo luminoso que informa aos responsáveis pelo lançamento, o momento exato em que a carga deve deixar a aeronave, de acordo com a sua altitude e velocidade. Importante dizer que essas operações também pode ocorrer no período noturno, nesse caso, com o auxílio de granadas iluminativas presas a paraquedas. A prática constante, a expertise das tripulações da FAB nesse tipo de atividade, aliado à tecnologia, faz com que o índice de sucesso em "bingar o alvo" seja altíssimo.







A aeronave que está sendo empregada no treinamento em Florianópolis é o KC-390 Millennium com a matrícula FAB 2855, um dois dois aviões desse modelo que compõem atualmente a frota do 1ª/1º GT. A outra Unidade Aérea que opera com o Millennium é o 1ª Grupo de Transporte de Tropa (1º GTT), com sede em Anápolis/GO. Até o presente momento, a FAB conta com seis KC-390 em operação, de uma encomenda total de dezenove unidades (veja infográfico mais abaixo). Mesmo com poucos exemplares em serviço, graças à excelência do projeto do avião e ao trabalho zeloso das equipes de manutenção, o índice de disponibilidade é altíssimo. Todos os dias, a qualquer hora, com qualquer tempo, os KC-390 Millennium estão voando pelos quatro cantos do Brasil e até mesmo, mundo afora, cumprindo suas missões. Desde que entrou em serviço com a FAB em 2019, o avião vem se consolidando como uma ferramenta essencial tanto no transporte logístico militar, como em missões de caráter humanitário. Destaca-se a participação durante a pandemia, no transporte de usinas de oxigénio para a região Norte e no transporte de mantimentos, roupas, colchões, médicos e voluntários para o Rio Grande do Sul, em apoio à Operação Taquari 2. Somente nas asas do Esquadrão Gordo, foram aproximadamente duzentas de toneladas de donativos entregues. No exato momento em que você lê esta matéria, o KC-390 está empenhado no combate aos incêndios e queimadas que se alastram pelo país, especialmente na região do Pantanal e no interior paulista.

Os mais atentos irão observar na imagem acima, o Emblema do 1º GTT estampado na fuselagem do FAB 2855. Embora exista uma divisão dos aviões entre os dois Esquadrões, situações que afastem um KC-390 da linha de voo por um longo período, como manutenções programadas, por exemplo, podem resultar no uso compartilhado ou "empréstimo" das aeronaves, de forma a manter a operacionalidade de ambas as Unidades no cumprimento das suas missões.


Projetado e fabricado pela Embraer como um substituto do lendário quadrimotor C-130 Hércules, o KC-390 Millennium é o maior avião militar fabricado no Hemisfério Sul. Juntamente com o caça F-39 Gripen, forma os pilares estratégicos da Força Aérea Brasileira para as próximas décadas. Em comparação ao C-130, além de muito mais moderno, transporta mais carga a maiores distâncias, voando mais alto e mais rápido. É uma aeronave bimotora a jato, de asa alta e cauda em T, preparada para operação em qualquer tipo de pista e equipada com sistemas e aviônicos de última geração. A rampa traseira e as portas laterais, dão acesso a um amplo compartimento interno, capaz de ser configurado rapidamente para diversos tipos de tarefas e cargas, além da capacidade de reabastecer e ser reabastecida em voo. Todas essas funcionalidades vêm chamando a atenção de um crescente número de Forças Aéreas mundo afora, justamente como uma opção ao C-130. Além do Brasil, Portugal, Hungria, Holanda, Áustria, República Tcheca e Coreia do Sul, estão entre os países que já operam ou confirmaram a aquisição de exemplares do KC-390. Outros potenciais compradores vêm demonstrando interesse no avião ou encontram-se no momento, em negociação com a Embraer. Para quem quiser conhecer mais detalhes sobre a aeronave, o site Aviação em Floripa publicou no ano passado, uma extensa matéria sobre o KC-390, que pode ser acessada através do banner abaixo.

Clique sobre a imagem acima, para acessar a matéria.

Vista geral do KC-390 no pátio da Base Aérea de Florianópolis. A altura do chão até o topo da cauda é de 11,84 m, equivalente a um prédio de quatro andares. Esta é a maior aeronave militar fabricada no Hemisfério Sul do planeta, um orgulho para a Indústria Aeronáutica brasileira.


Detalhe da lança, contendo a sonda para reabastecimento em voo.





Desde o final do ano passado, o KC-390 Millennium assumiu integralmente todas as missões no 1º/1º GT. Até aquele momento, as atividades eram divididas com os três C-130M Hércules que ainda restavam em serviço. O Esquadrão Gordo, como o 1º/1º GT também é conhecido, operou com diferentes versões do Hércules durante quase seis décadas ininterruptas, aeronave que é considerada um verdadeiro ícone da aviação mundial e o cargueiro militar mais fabricado e utilizado em todos os tempos. O curioso nome da Unidade Aérea, remonta ao início do período de utilização do C-130 na FAB, em meados da década de 60 e tem sua origem associada ao tamanho avantajado e fuselagem larga do Hércules, características comuns às aeronaves de transporte. Com a passagem do bastão, o KC-390 Millennium herdou não apenas o código-rádio, mas principalmente, a responsabilidade de substituir uma lenda e vem cumprindo a tarefa com louvor. "No Gelo, no Revo, na Busca", o lema do 1º/1º GT sintetiza muito bem o leque de atividades executadas pela Unidade Aérea. Nascido com o caráter multimissão em seu DNA, não poderia haver substituto melhor para o venerável Hércules. Vida longa ao Esquadrão Gordo e ao KC-390 Millennium.


4 comentários:

sergio m. borba disse...

Interessante saber que os exercícios não se restringem somente a Florianópolis , alcançando outros municípios como Jaraguá do Sul e Barra Velha. Pena que a FAB só dispõe de 6 aeronaves uma vergonha. E parabéns por mais esta excelente reportagem.

Anônimo disse...

Muito interessante!!! Parabéns!!! 👏

Marcelo Cardozo disse...

Matéria rica em detalhes, de fácil compreensão nos abrilhantando mais uma vez com esta obra prima! Parabéns!

Adelidio Cunha disse...

É um avião imponente, excelente material com riqueza nas explicações. Parabéns ao Aviação em Floripa pelos belíssimos registros fotográficos!

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