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domingo, 30 de agosto de 2020

Uma imagem curiosa #23


Esta matéria é parte integrante de uma série de fotos e/ou vídeos especialmente escolhidos em nosso acervo analógico e digital, trazendo algum tipo de curiosidade, raridade ou informação interessante a respeito destas imagens, seja acerca da aeronave em si ou um fato ou história relacionados a ela. Ocasionalmente, publicaremos uma destas imagens, junto com um pequeno texto explicativo sobre a mesma. Informamos que a preocupação aqui não é com a qualidade em si da imagem, mas com o seu resgate histórico, tendo ainda o objetivo de auxiliar na preservação de uma parte da memória e da cultura aeronáutica brasileira. Seja muito bem vindo(a) a bordo e boa leitura!


Dassault Mirage 5D, FAB 4909, Base Aérea de Canoas, Outubro de 2004.

Sim meu caro leitor, você não leu errado a legenda da foto acima. A Força Aérea Brasileira operou ao longo de sua história com uma dupla de Mirage 5 em seu inventário. Essa história começa muito longe daqui, mais precisamente no continente africano em meados da década de 70, quando em maio de 1974, a então República do Zaire e a Dassault assinaram um contrato que previa a aquisição por parte do país africano de um lote de 14 Mirage 5 monopostos e 3 bipostos, denominados como Mirage 5M (matrículas M401 a M414)* e Mirage 5DM (matrículas M201 a M203), respectivamente, tornando-se assim o segundo país no continente a operar o famoso caça com asa em delta, atrás apenas da África do Sul. Entretanto, a operação do jato nunca foi adequada às condições climáticas do país centro-africano, aliado a isso, sucessivas guerras e disputas pelo poder acabaram por transformar o Zaire novamente em República Democrática do Congo, em meados dos anos 90. Dados precisos sobre datas ou outras informações sobre a operação dos Mirage 5 zairenses na internet são escassos mas o fato é que após a troca do comando político do país, os jatos remanescentes foram comprados ou repassados de volta para a Dassault.

Nesse mesmo período a FAB buscava no mercado internacional algumas células adicionais de Mirage da variante D (biposta) para repor sua frota e dois destes Mirage 5 ex-Zaire (M201 e M203) acabaram sendo adquiridos em 1997, aqui recebendo as matrículas FAB 4908 e FAB 4909. O Mirage 5 é um derivado direto do Mirage III, desenvolvido inicialmente para a Força Aérea Israelense e acabou se tornando uma opção mais econômica de exportação para países com menos recursos. Dadas as similaridades entre ambos, sua versão de Treinamento e Conversão Operacional é praticamente a mesma Mirage IIID, compartilhando inclusive a mesma motorização SNECMA Atar 09C. O tema é polêmico e controverso, uma vez que IIID e 5D são a mesma aeronave, variando apenas a designação de acordo com o modelo comprado pelo operador, entretanto, não deixa de ser curioso que dois Mirage originalmente entregues como 5D vieram parar em terras tupiniquins.

* Nota Editorial: A título de curiosidade os três últimos exemplares monopostos Mirage 5M encomendados pelo Zaire (matrículas M412/M413/M414) nunca chegaram a ser entregues, sendo posteriormente vendidos pela Dassault à Venezuela como Mirage 50EV.

Vistas do Mirage IIID, a versão do Mirage 5D é idêntica. Fonte: www.http://richard.ferriere.free.fr/3vues/


Tabela retirada do livro "Mirage III EBR/DBR na Força Aérea Brasileira, de autoria de Paulo Fernando Kasseb, onde é possível ver a procedência dos FAB 4908 e 4909 (destacados em vermelho), antes de voarem com as cores da FAB. Imagem via Giulliano B. Frassetto.





FAB 4909, Base Aérea de Canoas, Outubro de 2004.





FAB 4908 preservado no Museu da TAM, fotografado em maio de 2012, embora este Editor não possa comprovar se efetivamente esta célula seja realmente pertencente a esta matrícula.





7 comentários:

Fabio Bittencourt disse...

Excelente, nunca soube desses Mirage no cocar da FAB. So o Mirage III e o 2000.

Fabio Bittencourt disse...

Zoia no whatapp, tem uma msn pra tu

Aviação em Floripa disse...

boa tarde, fábio, pode mandar a mensagem novamente

Pedro B S Filho disse...

Tenho pouco conhecimento técnico e/ou histórico sobre essa paixão que é a aviação. É aqui e em outros sites da mesma natureza que me informo. Mais uma vez obrigado Marcelo.

Aviação em Floripa disse...

Eu que agradeço, sempre bom ter você a bordo.

Moisés disse...

Interessante...O V era pra operar em regiões sem problemas maiores com clima e o radar era menor ou diferente do CyranoIII... Mais uma opção pra aviação brasileira!

Alexandre Margonar disse...

Show. Matéria muito interessante. Não sabia sobre essa história. Parabéns por nos trazer essa informação.

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