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segunda-feira, 14 de agosto de 2023

FAB realiza Exercício SAR em Florianópolis

 


Entre os dias 8 e 17 de agosto, Florianópolis está recebendo o treinamento EXTEC SAR (Exercício Técnico de Busca e Salvamento). Duas aeronaves pertencentes ao 1º Esquadrão do 1ª Grupo de Transporte (1º/1º GT), um KC-390 Millennium e um C-130M Hércules, estão atuando na manobra, que é coordenada pelo Comando de Preparo (COMPREP) e tem o objetivo de adestrar Pilotos, Mestres de Carga e Observadores nas diversas técnicas de Busca e Salvamento, uma das muitas missões realizadas pelo Esquadrão Gordo, como o 1º/1º GT, também é conhecido. Como forma de registrar mais este importante treinamento da FAB na capital catarinense, o site Aviação em Floripa preparou esta matéria, trazendo informações e imagens das aeronaves participantes.

O Brasil é signatário de vários tratados internacionais de aviação e, uma das atribuições destes acordos, envolve a prestação do serviço de Busca e Salvamento. Em atendimento a este requisito, é responsabilidade da Força Aérea Brasileira, planejar e executar missões de busca e resgate  de pessoas, embarcações e aeronaves, em uma extensa área que vai muito além das fronteiras do nosso país, englobando uma grande porção do Atlântico Sul, totalizando cerca de 22 milhões de km², área equivalente a quase três vezes o território brasileiro. Estar bem treinado, neste tipo de atividade é essencial e é por esse motivo, que rotineiramente as Unidades Aéreas da FAB que executam este tipo de missão, realizam treinamentos voltados para esta tarefa. O trabalho diuturno e quase anônimo da cadeia de Organizações que zelam pela segurança daqueles que utilizam os meios aéreos para os mais diversos fins, ganha visibilidade e as manchetes apenas nos episódios de maior vulto ou comoção, como nos acidentes com o voo 1907 da Gol e o Air France 447. Em ambos, lá estava a FAB e suas Equipes de Busca e Salvamento, preparadas para cumprir sua missão.

O conceito chamado de Dimensão 22, envolve as ações de Controlar, Defender e Integrar. Dentro da vertente Controlar, está a atividade de Busca e Salvamento, responsabilidade da Força Aérea Brasileira e de suas Unidades Aéreas que realizam este tipo de missão, sobre uma vasta área correspondente a 22 milhões de km².

Durante o EXTEC SAR, os voos têm início a partir da Base Aérea de Florianópolis, localizada em área anexa ao Aeroporto Internacional Hercílio Luz (SBFL/FLN). Para que o treinamento aconteça com segurança, o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) emitiu no início deste mês, uma série de Notificações aos Aeronavegantes (NOTAM), com validade de 8 a 18 de agosto. De acordo com estes documentos, foram criados setores específicos e com altitudes definidas para a atuação das aeronaves militares e restritas aos demais tráfegos aéreos, localizadas próximas à Ilha de Santa Catarina, se prolongando ao norte até as imediações da cidade de Itajaí e a região próxima de Jaguaruna como seu limite ao sul. Essas áreas receberam os nomes de "Albatroz 1 e 3", ambas com um limite vertical que vai da superfície do mar (SFC) até 6 mil pés (FL060 ou 1.828,8 metros). Já a área "Albatroz 2", encontra-se um pouco mais afastada da costa e apresenta um teto máximo de 12 mil pés (FL120 ou 3.657,6 metros). É nestes locais que as aeronaves KC-390 Millennium e C-130 Hércules executam os diversos padrões e técnicas utilizados para a busca de pessoas ou objetos sobre o mar.

Localização das áreas "ALBATROZ 1" e "ALBATROZ 3", destinadas ao treinamento EXTEC SAR. Fonte: https://aisweb.decea.mil.br/?i=aerodromos&codigo=SBFL#notam

Área de busca marítima "Albatroz 2". Fonte: https://aisweb.decea.mil.br/?i=notam&view=single&notam_id=8861296

Uma outra atividade que está sendo realizada em Florianópolis, envolve o lançamento de fardos e botes infláveis. Em uma situação real, esses equipamentos fornecem condições para que pessoas à deriva tenham a condição de sobrevivência aumentada enquanto esperam a chegada das equipes de resgate. Durante o exercício são usados modelos simulados em peso e tamanho aos originais. Eles são lançados a partir da rampa traseira dos aviões e tem sua queda amenizada por paraquedas presos às cargas. É um trabalho que exige por parte da tripulação, muita atenção e destreza para que o material possa cair o mais próximo possível do seu "alvo", ou seja, de quem está em terra ou no mar, à espera de socorro, o que em muitas situações, pode representar a diferença entre a vida ou a morte. O lançamento dos botes está sendo feito sobre as águas calmas e abrigadas da Baía Sul, local perfeito para esta prática. Por sua vez, o lançamento dos fardos ocorre sobre a pista auxiliar 03/21 do Aeroporto. Para garantir uma maior precisão, os lançamentos são efetuados a baixa altura. Assim como o treinamento de busca em mar aberto, aqui também foi reservada uma área específica (conforme mostra a imagem abaixo), com teto de mil pés, ou seja, cerca de 300 metros de altitude.

Área "BOTE SAR", destinada ao lançamento de fardos e botes.  Fonte: https://aisweb.decea.mil.br/?i=aerodromos&codigo=SBFL#notam

FAB 2857 utilizando o código-rádio "SAR57", realizando circuitos sobre a Baía Sul para o lançamento de fardos. Fonte da imagem: Print de tela do site FlightRadar24

Para a busca sobre área terrestre, foi delimitado um setor na região norte do Estado, localizado entre Navegantes e Joinville, na altura da cidade de Barra Velha. Fonte: https://aisweb.decea.mil.br/?i=notam&view=single&notam_id=8860851

De acordo com a rota conhecida da aeronave ou embarcação desaparecida, a sua última posição ou contato efetuado ou qualquer outro indício, as equipes de busca traçam diferentes tipos de padrões de busca, com a maior probabilidade de localização.

O "SAR72" executando padrão de busca do tipo pente sobre o mar, ao largo de Florianópolis. Fonte da imagem: Print de tela do site FlightRadar24

Duas aeronaves estão participando do treinamento em Florianópolis, um KC-390 Millennium (com a Matrícula FAB 2857) e um C-130M Hércules (FAB 2472), ambas operadas pelo 1º Esquadrão do 1ª Grupo de Transporte (1ª/1º GT), que tem sua sede na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro. O C-130 Hércules é um quadrimotor turboélice fabricado pela norte-americana Lockheed, uma das mais famosas aeronaves de transporte na história da Aviação Militar, utilizado por inúmeras Forças Armadas ao redor do planeta e com diversas versões destinadas para diferentes finalidades. É considerado o avião mais produzido de todos os tempos e até os dias atuais, sua linha de produção mantém-se aberta, sendo seu modelo mais recente, o C-130J Super Hércules. A Força Aérea Brasileira operou um total de 29 C-130 Hércules nas seguintes variantes: C-130E (8), SC-130E (3), C-130H (16) e KC-130H (2). Ao longo do tempo, a frota passou por dois grandes programas de modernização, o último deles, mais importante e abrangente, dotou o avião com uma cabine de voo com instrumentos digitais, além da incorporação de equipamentos de auto-defesa. Atualmente a FAB conta com quatro Hércules em atividade, todos empregados pelo Esquadrão Gordo (os C-130M com as Matrículas FAB 2472, FAB 2473, FAB 2476 e o KC-130M FAB 2462), exemplares que em breve deverão ser retirados de operação, encerrando uma longa carreira marcada por uma impecável folha de serviços prestados à população brasileira.






Lockheed C-130M Hércules.

Em primeiro plano, o C-130M Hércules, ao fundo, a aeronave que o está substituindo na FAB, o KC-390 Millennium.

A outra aeronave participante do EXTEC SAR iniciou sua atividades com o Esquadrão Gordo a pouco tempo e vem gradativamente substituindo o C-130 Hércules no cotidiano operacional da Unidade Aérea. Estamos falando do Embraer KC-390 Millennium, um cargueiro multimissão, o maior avião de uso militar projetado e construído no Brasil, um orgulho para a Indústria Aeronáutica do Brasil e um dos pilares estratégicos da Força Aérea Brasileira, juntamente com o caça F-39 Gripen. Na FAB, é utilizado em missões de Transporte Tático e Logístico, Busca e Salvamento, Reabastecimento em Voo e Combate a Incêndios florestais. A encomenda total do modelo pela FAB ficou estabelecida em 19 exemplares, dos quais seis já encontram-se em atividade, quatro com o Esquadrão Zeus (1º GTT, Anápolis/GO) e dois com o Esquadrão Gordo (1º/1º GT, Galeão/RJ). O KC-390 apresenta algumas características que se destacam em relação a outros aviões de sua categoria, entre elas, a grande flexibilidade e rapidez na configuração do compartimento interno, espaço que pode ser rapidamente alterado para cumprir diferentes funções, sistema computadorizado para o lançamento de cargas, capacidade de ser reabastecido em voo, cabine de pilotagem com aviônica digital e de última geração, incluindo a presença  de dois HUD (Head-Up Display), visores que projetam informações essenciais do voo e da missão ao nível dos olhos dos Pilotos. Além do Brasil, o KC-390 Millennium encontra-se em serviço com a Força Aérea Portuguesa e tem encomendas confirmadas da Holanda e Hungria.



O "Gordo 57" fotografado em sua chegada a Florianópolis, no final da manhã do dia 7/8. Observe na foto acima, o pod Rafael Litening, instalado na parte inferior da seção dianteira da fuselagem. O equipamento conta com câmeras e sensores eletro-ótico e infravermelho que auxiliam na navegação e na identificação e observação de objetos, principalmente a noite ou com pouca visibilidade.


FAB 2857 no pátio da Base Aérea de Florianópolis.

Como já comentado, dois tipos de atividades estão sendo treinadas durante o EXTEC SAR, a busca sobre área marítima e terrestre e o lançamento de botes e fardos. Todos os anos, as diversas Unidades Aéreas da FAB que executam a missão de Busca e Salvamento, mantém um programa de qualificação e capacitação desta atividade, tanto para as tripulações já veteranas quanto para os novos integrantes destes Esquadrões. Para a realização da busca sobre mar ou terra, as portas laterais situadas na seção traseira da fuselagem, são substituídas por portas envidraçadas, específicas para as missões de Busca e Salvamento. É através delas que os observadores farão o trabalho de vasculhar o oceano, atentos a qualquer indício daquilo que se está buscando, seja uma pessoa, embarcação, uma aeronave ou destroços. Uma expressão popular que exemplifica bem a atividade é a de "procurar uma agulha num palheiro". Mesmo com toda a tecnologia utilizada pelas aeronaves, com o uso de sensores e equipamentos de apoio, o componente humano continua sendo essencial e imprescindível para o sucesso da missão.

Detalhe da porta envidraçada do C-130 Hércules. Se existe uma palavra que resume o tarefa dos observadores é atenção. Qualquer detalhe que passar despercebido pode representar a diferença entre a vida ou morte para quem está a espera de socorro. Todas as fotos: Marcelo Lobo da Silva (acervo pessoal)

No KC-390, as portas são substituídas durante o voo. O kit contém duas portas e dois assentos para os observadores. O destaque fica para as grandes bolhas que permitem um ângulo bem maior de visão.

Para as missões de lançamento de botes ou fardos, o elemento principal é a rampa traseira da aeronave. É através dela que estes dispositivos chegam até as pessoas ou objetos no mar ou na terra. O bote inflável é utilizado essencialmente em missões de resgate sobre áreas marítimas. Por sua vez, os fardos são empregados tanto para o socorro de vítimas em qualquer tipo de terreno. Dentro deles, vão equipamentos e artigos de primeira necessidade, como água, alimentos, rádio de comunicação, kit de primeiro-socorros, entre outros, permitindo uma sobrevida até a chegada das equipes de resgate. Antes do lançamento, o local é marcado com o uso de sinalizadores. É um trabalho que exige por parte da tripulação, muita destreza e noção de tempo conjugada com a velocidade e altitude da aeronave, a fim de que o fardo caia o mais próximo possível do local desejado. Para amenizar a queda e não danificar os objetos em seu interior, o fardo conta com um paraquedas, que é acionado logo após o seu lançamento.

No lançamento de fardo, a palavra-chave é precisão. Todas as fotos: Marcelo Lobo da Silva (acervo pessoal)

O treinamento em Florianópolis prossegue até a próxima quinta-feira, 17 de agosto. Para esta matéria, o site Aviação em Floripa contou mais uma vez com a colaboração do amigo e spotter Ângelo dos Santos Melo, que gentilmente nos cedeu algumas de suas imagens. Gostaríamos de agradecer à Força Aérea Brasileira e ao Comando de Preparo pela autorização em poder acompanhar uma tarde de operações do EXTEC SAR. Agradecimentos também ao Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER) e à Seção de Comunicação Social da Base Aérea de Florianópolis (SCS/BAFL) pelo apoio para a realização desta matéria.


4 comentários:

Angelo disse...

Parabéns pelo excelente conteúdo e ilustrações! A comparação das duas aeronaves foi o destaque da materia. Muito bacana ver a participação das mulheres na FAB no comando de aeronaves, é um incentivo pras proximas gerações.

sergio m. borba disse...

Mais uma brilhante cobertura, interessante saber que atualmente a FAB só possui 4 c -130, quando já teve quase 20 unidades.

Anônimo disse...

Parabéns pela excelente cobertura!

VOZ NATIVA COMUNICAÇÕES disse...

Parabéns Marcelo,te espero no Portões Abertos na Ala 3 Canoas, abraços Cauê

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