Introdução
Entre os dias 2 e 13 de março, a
Base Aérea de Florianópolis (BAFL) está sediando o Exercício Carranca IV. No
total, mais de 450 militares e diversas aeronaves da Força Aérea Brasileira,
entre aviões e helicópteros, além do Navio Patrulha Babitonga da Marinha do
Brasil, participam da operação. Procurando manter nosso público informado, o
blog Aviação em Floripa publicou nas duas últimas semanas algumas matérias
específicas sobre a operação militar que ocorre na capital catarinense. Acompanhe
a partir de agora uma ampla cobertura sobre este que é considerado o maior
treinamento de Busca e Salvamento da América Latina.
Um treinamento, muitos benefícios
Organizado e coordenado pelo
Subdepartamento de Operações do Departamento de Controle do Espaço Aéreo
(DECEA), o Exercício Carranca a cada edição ganha importância e tem o objetivo
principal de aperfeiçoar as técnicas de busca e salvamento utilizadas em
resgates tanto na terra como no mar, através do treinamento conjunto entre os
Centros de Coordenação de Salvamento Aeronáutico (RCC) e as Unidades Aéreas.
Algumas das aeronaves participantes do treinamento no pátio da Base Aérea de Florianópolis.
Tendo este princípio como ponto
de partida, o exercício representa para todos os envolvidos na nobre tarefa de
salvar vidas, uma excelente oportunidade para a troca de experiências. Além
disso, o treinamento funciona como um laboratório, permitindo a introdução de
novos equipamentos e a validação de técnicas de resgate, servindo ainda para
avaliar a capacidade e a operacionalidade de toda a cadeia de comando e
coordenação quanto ao planejamento e execução de missões de Busca e Salvamento,
um dos mais relevantes trabalhos realizados pela Força Aérea Brasileira e que
muitas vezes permanece no anonimato, longe dos holofotes e dos olhares de
grande parcela da população brasileira, porém, de fundamental importância e inesquecível
para quem um dia já necessitou do auxílio destes anjos da guarda, quando o
socorro que vem do céu, faz a diferença entre a vida e a morte.
O nome do exercício é uma
homenagem a um destes profissionais, o Major Médico Carlos Alberto Santos,
conhecido entre seus pares pela alcunha de “Carranca”, militar que serviu no
Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (2º/10º GAv) e no Esquadrão de
Salvamento Aeroterrestre (PARASAR) de Campo Grande (MS), cuja vida foi marcada
pela dedicação e obstinação para que outros pudessem viver.
Três Brasis em um só
O Brasil como nação livre e
soberana, é signatário de diversos acordos internacionais. Como membro da
Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), é responsável por efetuar
missões de busca e salvamento em uma área de aproximadamente 22 milhões de
quilômetros quadrados, englobando além do território nacional, boa parte das
águas do Atlântico Sul, área esta equivalente a quase três vezes o tamanho do
Brasil. Esta tarefa inclui a localização de ocupantes de aeronaves e
embarcações em perigo, o resgate de tripulantes e vítimas de acidentes
aeronáuticos e marítimos, bem como a interceptação e a escolta de aeronaves em
emergência.
Aeronaves como o P-3AM Orion (ao fundo) são de fundamental importância para que o Brasil marque presença em sua área de jurisdição.
De forma a cumprir estas funções
foi criado o Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico (SISSAR), formado por
cinco Centros de Coordenação e Salvamento (RCC) ou Salvaeros, responsáveis por
executarem as atividades de busca e salvamento em suas respectivas áreas de
jurisdição. Sob o lema “Localizar, Socorrer, Resgatar”, o sistema de busca e
salvamento brasileiro, funciona de maneira integrada e interligada, como os elos
de uma corrente, atuando de forma ininterrupta, diuturnamente, durante os 365
dias do ano. Apresentando um alto índice de prontidão e eficiência, é
considerado um dos melhores do mundo, resultado de muita dedicação e de
constantes treinamentos como o Exercício Carranca.
Carranca IV
Chegando a sua quarta edição (as
outras foram realizadas nos anos de 2009, 2013 e 2014), o exercício tem o
objetivo de treinar as equipes de coordenação e de execução do sistema de busca
e salvamento em favor da eficiência da missão SAR, centrada na tarefa de salvar
vidas. De acordo com o Tenente-Coronel Aviador Sílvio Monteiro Júnior, Diretor
do Exercício, o treinamento deste ano tem seu foco na atividade de resgate, com
a elaboração de cenários mais realistas e uma avaliação mais criteriosa e
objetiva das missões. Outras novidades, segundo o militar, são o emprego da
aeronave de patrulha Lockheed P-3AM Orion, a intensificação do emprego de
óculos do Visão Noturna (NVG), a simulação de acidentes em plataformas de
petróleo, o treinamento da técnica de içamento sobre convés de navio e a ênfase
no trabalho e na atuação das equipes de resgate terrestre.
Helicóptero H-34 do Esquadrão Puma.
Com relação a este último
aspecto, ressalta-se pela primeira vez a participação no Exercício Carranca, do
Grupo de Apoio à Força Aérea Brasileira (GAFAB), entidade formada por
voluntários e que tem sua sede na cidade de Piracicaba, interior paulista. Há
cerca de dois anos o GAFAB vem desenvolvendo o projeto chamado de “Cão de Busca
e Salvamento” com a participação de 15 integrantes do grupo. Aqui em
Florianópolis, Thor, Lora e Rita, respectivamente dois Labradores e uma
Foxhound participam ativamente do treinamento, atuando lado a lado com os
militares na localização das aeronaves acidentadas, tripulantes e passageiros
desaparecidos. Os três animais e seus instrutores acompanham diariamente as
simulações e espera-se que futuramente sejam mais uma ferramenta na busca de
aeronaves e tripulantes desaparecidos.
Três integrantes do GAFAB posam junto a seus cães, enquanto aguardam o momento de participarem do treinamento.
A escolha da capital catarinense
para a realização da manobra não é por acaso, e sim, motivada por sua excelente
localização geográfica, características climáticas e por reunir em um curto
espaço territorial, uma ampla variedade de cenários (mar, montanhas, entre
outros) possibilitando às aeronaves atingir a área de treinamento com rapidez,
resultando em substancial economia de tempo e de combustível, constituindo-se
em um dos melhores locais do país para este tipo de treinamento. Outro ponto
fundamental para os esquadrões é o apoio logístico e de manutenção
proporcionado pela própria Base Aérea.
Missão de resgate na Baía Sul, localizada em frente à Base Aérea de Florianópolis. Treinar no "quintal de casa" faz toda a diferença quando se pensa em economia de tempo e combustível.
Aeronave SC-105 Amazonas do Esquadrão Pelicano decolando da pista 03/21 do Aeroporto Internacional Hercílio Luz.
Assim nasce uma missão
Antes que uma aeronave seja
acionada no pátio da Base Aérea de Florianópolis e inicie uma missão simulada
de busca ou resgate, seus preparativos já se iniciaram muitas horas antes,
envolvendo além da tripulação, um grande número de profissionais dedicados ao seu
planejamento. Tudo começa no centro nervoso do exercício, localizado junto ao
pátio da base aérea e composto por cinco módulos infláveis, onde se encontram
os setores responsáveis pela elaboração dos cenários e situações que serão
treinadas e por planejar, acompanhar, coordenar e avaliar todas as missões. Em
alguns casos, o período de tempo necessário para se planejar e executar uma
simulação pode ter início durante a madrugada e se estender até a noite do dia
seguinte. O trabalho só termina com o objetivo alcançado ou, quando envolve o
resgate de vítimas, elas são entregues aos cuidados das equipes médicas.
O Quartel-General do Exercício: destes abrigos infláveis tudo é planejado e coordenado.
Tripulação do 3º/8º GAv parte em direção ao seu helicóptero, que já está sendo preparado pela equipe de voo.
No Ar, no Mar e na Terra
Sem dúvida alguma, em qualquer
operação aérea militar, o que mais chama a atenção das pessoas são as
aeronaves. Nestas duas semanas Florianópolis e região estão ganhando sons e
formas diferentes daquelas que a população está acostumada a ver diariamente
quando olha para o céu.
Estão participando do Exercício
Carranca IV, o Segundo Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (2º/10º GAv), o
Esquadrão Pelicano, sediado na Base
Aérea de Campo Grande (MS), com dois helicópteros H-1H e dois aviões SC-105
Amazonas; o Primeiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (1º/7º GAv), com sede
em Salvador (BA), com a presença de uma aeronave P-3AM Orion; o 3º Esquadrão do
Oitavo Grupo de Aviação (3º/8º GAv), o Esquadrão Puma, localizado na Base Aérea
dos Afonsos (RJ) e operando dois helicópteros H-34 Super Puma; o Quinto
Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (5º/8º GAv), o Esquadrão Pantera, sediado
em Santa Maria (RS), com três helicópteros H-60L Blackhawk; além da Unidade
Aérea anfitriã, o Segundo Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (2º/7º GAv), o
Esquadrão Phoenix, empregando suas aeronaves P-95 Bandeirante Patrulha. No mar,
a Marinha do Brasil está empregando um de seus Navios Patrulha, o NPa P-63
Babitonga.
H-1H - Esquadrão Pelicano (2º/10º GAv)
SC-105 Amazonas - Esquadrão Pelicano (2º/10º GAv)
P-3AM Orion - Esquadrão Orungan (1º/7º GAv)
H-34 Super Puma - Esquadrão Puma (3º/8º GAv)
H-60L Blackhawk - Esquadrão Pantera (5º/8º GAv)
P-95B Bandeirante Patrulha - Esquadrão Phoenix (2º/7º GAv)
Os Esquadrões Netuno (3º/7º GAv)
de Belém (PA), Harpia (7º/8º GAv) de Manaus (AM) e Gavião (1º/11º GAv), sediado
em Natal (RN) enviaram militares para acompanhar e participar do treinamento.
Mesmo sem a presença de aeronaves, o intercâmbio, os ensinamentos e lições
vivenciadas durante a operação certamente renderão um excelente material a ser
repassado para o restante dos integrantes destas Unidades Aéreas.
Participam ainda desta edição do
Exercício Carranca, militares da Marinha do Brasil pertencentes ao Serviço de
Busca e Salvamento da Marinha (SALVAMAR), profissionais da Petrobrás e do Corpo
de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBM-SC), através do seu Grupo de Busca
e Salvamento (GBS). Além disso o treinamento é apoiado pelo 1º Grupo de
Comunicações e Controle (1º GCC) e pelo Destacamento de Controle do Espaço
Aéreo de Florianópolis (DTCEA-FL).
Agradecimentos
O blog Aviação em Floripa
gostaria de agradecer à Assessoria de Comunicação Social do DECEA, ao Centro de
Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), à Comunicação Social da Base
Aérea de Florianópolis e à Direção do Exercício, pela oportunidade em poder
acompanhar e registrar este importante treinamento da Força Aérea Brasileira.
Sem o apoio das organizações citadas e de seus profissionais, esta cobertura
fotográfica e jornalística não teria sido possível.
A seguir, publicamos uma pequena
seleção de imagens das aeronaves envolvidas no treinamento, que nada mais é o
do que o cotidiano destas Unidades Aéreas e de seus integrantes, sempre
engajados e dedicados à missão de salvar vidas e fiéis ao lema da Aviação de
Busca e Salvamento da Força Aérea Brasileira, “Para que outros possam viver”.
1 comentários:
Parabéns Marcelo pela excelente cobertura durante a Operação Carranca IV em Florianópolis,as fotos demonstram a qualidade de seu trabalho,parabéns...."Para que outros possam viver....Busca"
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