Introdução
A Base Aérea de Florianópolis (BAFL)
está sediando até o dia 11 de abril, o Exercício Carranca 3. O treinamento,
focado em ações simuladas na atividade de Busca e Salvamento, envolve um
contingente de cerca de 350 militares, quatro Esquadrões e sete aeronaves,
entre aviões e helicópteros, além da participação e apoio de diversas outras
Organizações Militares da Força Aérea Brasileira e da Marinha do Brasil. Uma
matéria completa sobre o treinamento pode ser vista clicando no link ao lado (Exercício Carranca 3),
ou visitando a página oficial do Exercício Carranca 3:
O período da tarde do dia 08 de
abril foi reservado pela organização do Exercício Carranca 3, a cargo do
Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), para receber os veículos de
imprensa e mídia especializada, interessados em conhecer de forma mais
detalhada, o treinamento que está sendo realizado em Florianópolis. O Media Day, como o evento foi denominado,
além de uma entrevista coletiva com a Direção do Exercício e uma visita às
instalações de Comando e Controle do treinamento, teve como ponto alto, a
possibilidade de acompanhar ao vivo, uma simulação de resgate de uma vítima em
terra, feita por um helicóptero H-60L Blackhawk do Esquadrão Pantera. É
importante salientar que o resgate efetuado, não foi programado para a
imprensa, mas sim, parte integrante do treinamento, inclusive, toda a ação
estava sendo atentamente observada e avaliada por militares da Força Aérea
Brasileira. Se podemos apontar algo diferente na rotina do treinamento,
certamente foi a nossa presença, privilegiados expectadores da missão de
resgate.
O vetor
Um helicóptero H-60L Blackhawk
está participando do Exercício Carranca 3, em Florianópolis. A aeronave
pertence ao Quinto Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (5º/8º GAv), também
conhecido como Esquadrão Pantera e tem sua sede na Base Aérea de Santa Maria
(RS). A Força Aérea Brasileira conta atualmente com 16 exemplares do Blackhawk,
sendo que oito deles estão sediados em Santa Maria e a outra metade encontra-se
alocada ao Sétimo Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (7º/8º GAv), o Esquadrão
Harpia, localizado na Base Aérea de Manaus (AM), na região Norte do Brasil. De
origem estadunidense e fabricado pela Sikorsky, o Blackhawk é um helicóptero
multimissão de porte médio. Dotado de duas turbinas e moderna aviônica, é
considerado um dos melhores helicópteros de sua categoria. Em diferentes versões,
é utilizado por diversas Forças Aéreas, Exércitos e Marinhas ao redor do mundo
e já foi inúmeras vezes testado em combate, tendo participado de várias
campanhas militares recentes, como por exemplo, a Guerra do Golfo e a invasão
do Afeganistão. Também ganhou fama no cinema, protagonizando o filme de ação
“Falcão Negro em perigo” (Black Hawk down), de 2001.
Helicóptero H-60L Blackhawk
O resgate
A partir de agora passamos a tratar
do tema central desta matéria, a simulação de resgate que acompanhamos. Com o
objetivo de deixar a leitura mais interessante, faremos a sequencia dos fatos na
forma de narrativa. O texto será intercalado com fotos, e sempre que for
necessário, acrescentaremos legendas às mesmas, a fim de complementar o que foi
escrito.
Nota editorial: esta matéria contém algumas imagens que podem ser fortes para algumas pessoas. Insistimos porém que tudo não passa de uma simulação e os ferimentos aqui mostrados são fictícios.
Após a entrevista coletiva, nos
dirigimos a duas vans que aguardavam os veículos de imprensa no estacionamento
da Base Aérea de Florianópolis. Elas nos levariam a uma área dentro da própria
base, onde a simulação aconteceria. Depois de rápido deslocamento e uma breve
caminhada por uma picada aberta em meio a vegetação, chegamos ao local, uma
pequena clareira. A cena e a “vítima” já estavam sendo preparadas para o
treinamento, sendo que uma rápida observação, sugeria que se tratava de um
piloto abatido, pela presença de um paraquedas e uma cadeira, simulando um
assento ejetável. Impressionou o realismo da “vítima”, sendo que a mesma
encontrava-se com o braço esquerdo decepado.
O cenário da simulação sendo preparado.
"Vítima" agonizando, a espera do socorro.
No pátio da Base Aérea de Florianópolis,
a tripulação do H-60L, já ciente da missão, finalizava os procedimentos para a
decolagem até o local do resgate. Em poucos minutos, o helicóptero com seu som
e sua silhueta inconfundíveis, já estava pairando sobre o local. Devido à
pequena extensão da clareira, a equipe de resgate do Esquadrão Pantera teve que
chegar ao “piloto abatido” utilizando o guincho da aeronave. Dois resgateiros
desceram com equipamentos de primeiros socorros e uma maca para o transporte do
ferido.
A fumaça simula os destroços fumegando da aeronave abatida ou o lançamento de um fumígeno pelo piloto e auxiliam a localização do local da queda para a equipe de resgate.
Nesta etapa o helicóptero se
afasta um pouco e passa a acompanhar de um plano mais alto o trabalho da equipe
em terra. Um dos motivos para isso é a impressionante corrente de vento
descendente gerada pelo rotor principal do Blackhawk, o que dificultaria
inclusive o trabalho dos socorristas. Com o helicóptero em voo pairado a pouco
metros acima de onde estávamos, conseguir se equilibrar, manter os olhos
abertos e fotografar, não é uma tarefa nada fácil.
Após uma rápida avaliação, os
resgateiros prestam os primeiros socorros, colocam o colete cervical, enfaixam o braço decepado e colocam
a ”vítima” sobre a maca. É importante registrar que durante toda simulação, a
pessoa que faz o papel de resgatado, em nenhum momento facilita o trabalho da
equipe de resgate, se contorcendo e gritando de dor, tornando o treinamento o
mais realista possível.
O helicóptero volta a se
aproximar e um membro da tripulação, ao sinal da equipe de terra, desce o cabo
que vai conduzir todos à aeronave. Primeiramente são içados, a “vítima e um dos
socorristas. Logo depois o outro resgateiro também já encontra-se no interior
da aeronave. Com todos a bordo e em segurança, o helicóptero ruma novamente ao
pátio da Base Aérea de Florianópolis, onde uma equipe médica já aguarda para
encaminhar a “vítima” a uma Unidade de Saúde. Entre o acionamento e o retorno à
BAFL, pouco mais de quinze minutos se passaram, refletindo o alto grau de
preparo e profissionalismo da tripulação e dos resgateiros.
Durante toda a simulação de
resgate, o trabalho dos socorristas foi permanentemente avaliado por um militar
da Força Aérea Brasileira. Com prancheta em mãos e uma câmera instalada sobre a
cabeça, todo o procedimento foi anotado e filmado. Ao final do treinamento,
tripulação, equipe de resgate e avaliador, reúnem-se para discutir o exercício
e analisar o que deu certo e o que pode ser melhorado.
Todo o trabalho dos resgateiros é registrado. Observe a câmera presa à cabeça do avaliador.
Seja numa ação de resgate de um
piloto abatido ou numa operação de grande porte que envolva a participação de
vários meios materiais e humanos, o preparo, o treinamento constante e o
espírito de equipe estão sempre no cerne de exercícios como o Carranca 3, pois
são nessas oportunidades que se aprimora a tarefa de salvar vidas, através da capacidade
de planejamento, de coordenação e de resposta.
Agradecimentos
O blog Aviação em Floripa
agradece à Direção do Exercício, ao DECEA e à Base Aérea de Florianópolis, pela
oportunidade ímpar em poder acompanhar a simulação de resgate durante o
Exercício Carranca 3. Esperamos que a publicação das matérias relativas ao
treinamento possam de alguma forma contribuir para divulgar o trabalho
realizado pela Força Aérea Brasileira.
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