Fechando a série sobre as
aeronaves da Força Aérea Uruguaia que passaram por Florianópolis a caminho da
Base Aérea de Natal (BANT) para participar do Exercício CRUZEX FLIGHT 2013,
neste artigo abordaremos o FMA IA-58 Pucará. Juntamente com as fotos, a matéria
apresenta ainda um breve histórico do avião, alguns detalhes de sua utilização
pela FAU, além de dados técnicos.
A Guerra do Vietnã (1964-1975)
provocou a revisão, por parte dos estrategistas militares, de uma série de
conceitos até então aplicados à guerra aérea, entre eles, a ideia de que
aeronaves de ataque convencional não eram eficazes ao tipo de teatro de
operações caracterizado no conflito do sudeste asiático, representado pela
forma como as tropas norte-vietnamitas se deslocavam e combatiam em seu
território. Desta constatação, surgiu o termo COIN (Contra-Insurgência) e com
ele, a definição de táticas para neutralizar as ações do inimigo neste tipo de
situação. Para cumprir com eficiência o novo tipo de missão, eram necessárias
novas aeronaves e elas começaram a nascer nas pranchetas dos projetistas.
Os três A-58 Pucará (FAU 220, FAU 222 e FAU 227) no pátio da Base Aérea de Florianópolis.
Projetado e desenvolvido na Argentina,
a história do IA-58 Pucará inicia-se em meados dos anos 60, quando a Dirección Nacional de Fabricación e
Investigación Aeronautica (DINFIA), mais tarde redenominada Fabrica Militar
de Aviones (FMA), atendendo a requisitos lançados pela Força Aérea Argentina
(FAA) elaborou o projeto para um avião leve de ataque, chamado de Projeto AX-2.
Utilizando-se como base o IA-50 Guarani II, a nova aeronave realizou seu voo
inaugural em 20 de agosto de 1969, sendo batizada de IA-58 Delfin e logo
seguida ganhando sua denominação definitiva: Pucará, que em linguagem Quechua,
significa Fortaleza. O baixo desempenho apresentado pelos motores Garret TPE331,
fizeram com que o segundo protótipo, cujo voo ocorreu em 6 de setembro do ano
seguinte, fosse equipado com motores Turbomeca Astazou, bem mais potentes,
visando corrigir este problema. Finalizado o programa de testes e sanadas as
dificuldades, o primeiro modelo de produção voou em 8 de novembro de 1974 e a
Força Aérea Argentina começou a receber seus primeiros exemplares no início de
1976.
A possibilidade de pousos e
decolagens em curto espaço (STOL) a partir de pistas semi-preparadas, a grande
autonomia e o poder de fogo conjugado com a excelente manobrabilidade em baixas
velocidades, são as principais características do Pucará. Três suportes para
armas sob cada asa, complementam o armamento orgânico da aeronave formado por
dois Canhões Hispano-Suiza HS.804, de 20 mm, localizados na parte frontal
inferior da fuselagem e quatro metralhadoras FN Browning, de 7,62 mm, montadas
nas laterais, abaixo da cabine de pilotagem, composta por dois assentos
ejetáveis e dispostos em tandem (com
o assento traseiro mais elevado em relação ao dianteiro).
Nesta foto pode-se ver a elevação do assento traseiro em relação ao dianteiro. Observe ainda as aberturas para as metralhadoras FN Browning M2 de 7,62 mm.
Além da Força Aérea Argentina,
seu maior operador, o IA-58 serve atualmente com a Força Aérea Uruguaia.
Colômbia, com três unidades (fornecidas pela Argentina para o combate ao
narcotráfico, operaram até 1997, quando uma foi devolvida e as outras duas
repassadas ao Uruguai) e Sri Lanka (com quatro unidades adquiridas e operadas
entre 1993-1999), constituem os países que já operaram o modelo. O Pucará foi
testado em combate durante a Guerra das Malvinas/Falklands, sendo a única
aeronave de combate argentina a operar diretamente da ilha, graças a sua
capacidade STOL, cumprindo diversas missões de reconhecimento armado e ataque
contra as tropas britânicas. Também atuou a favor da Força Aérea do Sri Lanka
contra os rebeldes tamis.
Emblema do Esquadrão Aéreo Nº 1.
A Força Aérea Uruguaia adquiriu
no final da década de 80, um total de seis IA-58A Pucará dos quais cinco
permanecem em serviço ativo com o Esquadrão Aéreo Nº 1 (Ataque), subordinado à
Brigada Aérea Nº 2 e sediado na Base Aérea Tenente Mario W. Pallarada, localizada
na Província de Durazno e formam com os A-37 Dragonfly, a primeira linha da
aviação de combate do país. Na FAU, os A-58, como são denominados, cumprem
basicamente missões de ataque e também atuam no controle e na vigilância de
voos ilegais que tentam ingressar no espaço aéreo uruguaio. Três A-58 Pucará
foram disponibilizados para compor o destacamento aéreo uruguaio na CRUZEX
FLIGHT 2013, sendo as aeronaves matriculadas FAU 220 (c/n 042), FAU 222 (c/n
044) e FAU 227 (c/n 105).
Ficha técnica:
Aeronave: IA-58A Pucará
Fabricante: Fabrica Militar de
Aviones (Argentina)
Tipo: Avião bimotor turboélice de
ataque leve e contra-insurgência (COIN)
Tripulação: Dois pilotos, em
assentos ejetáveis e dispostos em tandem.
Motores: Dois turboélices
Turbomeca Astazou XVI-G com 986 hp de potência, cada.
Comprimento: 14,5 m
Envergadura: 14,25 m
Altura: 5,36 m
Peso vazio: 4.020 kg
Peso máximo de decolagem: 6.800
kg
Velocidade máxima: 750 km/h
Teto de serviço: 10.000 m
Autonomia de voo: 4 hs
Armamento: Dois canhões Hispano-Suiza
HS.804 de 20 mm e quatro metralhadoras FN Browning M2-20, de 7.62 mm como armamento
orgânico, dispostos nas laterais da parte frontal da fuselagem. Três suportes
sob cada asa totalizando até 1.500 kg de cargas externas, podendo transportar
uma combinação de bombas dos mais variados tipos, lançadores de foguetes, pods
com canhões e outros tipos de armamentos ar-solo, além de tanques suplementares
de combustível.
Fonte: http://richard.ferriere.free.fr/
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