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quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

APP Sul começa a ganhar forma em Florianópolis

 

A Base Aérea de Florianópolis está a partir de hoje (15/1), subordinada a uma nova Organização Militar. Sai de cena o Comando de Preparo (COMPREP) e entra o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Em evento reservado, na manhã desta quarta-feira, aconteceu o ato de transferência. A partir de agora, começam efetivamente, as obras que visam a adaptação do local escolhido para receber os equipamentos e toda a logística necessária para a implementação do projeto e a operação desta estrutura. Na primeira matéria do ano, nossos leitores vão conhecer detalhes e informações da APP Sul, que vai gerenciar daqui de Florianópolis, todo o tráfego aéreo da região Sul do Brasil. Boa leitura!


Quando se fala em monitoramento do espaço aéreo, para a grande maioria das pessoas, a primeira imagem que vem á cabeça, remete à Torre de Controle de um Aeroporto. Entretanto, o sistema que coordena e controla todas as atividades aéreas e aeronaves, tanto no solo como nos céus, sejam elas tripuladas ou não, é muito mais complexo e envolve uma extensa rede interligada, composta por um grande número de organizações e profissionais, dedicados diuturnamente, todos os dias do ano, em zelar pela segurança do voo, com o objetivo de que todos cheguem aos seus destinos. Uma destas estruturas, atende pelo nome de Controle de Aproximação, conhecido pela sigla APP (do inglês Approach Control). Ele é responsável pelo controle dos tráfegos aéreos e fornecer informações durante a chamada fase intermediária do voo, que acontece logo após a decolagem e vai até os momentos que antecedem o pouso de uma aeronave. Também monitora os tráfegos aéreos que estão de passagem sobre a sua área de atuação, cruzando o espaço aéreo. Cabe ao Controle de Aproximação, proporcionar a adequada separação entre as aeronaves, disciplinar, acelerar e manter ordenado o fluxo de tráfego aéreo, além de orientar e instruir as aeronaves na execução dos procedimentos de espera, saída e chegada aos aeródromos em sua jurisdição. Os principais aeroportos brasileiros, incluindo aqueles localizados em todas as capitais das Unidades da Federação brasileiras, possuem seu próprio APP, totalizando 41 estruturas deste tipo espalhadas pelo país.

As áreas sob a responsabilidade de um APP compreendem a fase intermediária do voo, iniciada logo após a decolagem e finalizada momentos antes do pouso de uma aeronave. Essa importante etapa do voo é composta por dois espaços aéreos bem definidos, chamados de CTR (Control Zone, ou Zona de Controle) e TMA (Terminal Control Area, ou Área de Controle Terminal). Infográfico: Aline Prete/DECEA/Divulgação

Vista do interior de uma sala de controle de tráfego aéreo em um APP. Foto: DECEA/Divulgação

No Brasil, o organismo responsável pelo controle do espaço aéreo, por prover serviços de navegação aérea que viabilizam os voos e a ordenação dos fluxos de tráfego aéreo é o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), um dos braços da Força Aérea Brasileira e que tem sua sede na cidade do Rio de Janeiro. Em resposta ao aumento do volume de tráfegos aéreos, à maior diversidade de meios aéreos e aos recentes desenvolvimentos tecnológicos no campo da aviação, o DECEA instituiu o Programa SIRIUS, composto por uma série de empreendimentos com o objetivo de tornar o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), muito mais eficiente e seguro sobre os 22 milhões de quilômetros quadrados que abrangem a área sob responsabilidade e jurisdição da Força Aérea Brasileira, incluindo todo o território nacional e boa parte das águas do Atlântico Sul.

Estrutura atual do Sistema de Controle do Espaco Aéreo Brasileiro (SISCEAB). Fonte: DECEA/Divulgação

Um dos empreendimentos do Programa SIRIUS é composto pela aglutinação dos Órgãos de Controle de Aproximação. Nesse sentido, a Região Sul do Brasil passará a receber um serviço centralizado de coordenação e monitoramento dos tráfegos aéreos sobre os três Estados, unificando a partir da capital catarinense, as operações dos APPs de Curitiba (APP-CT), Porto Alegre (APP-PA) e da própria Florianópolis (APP-FL), reunidos na APP Sul, que deve começar a funcionar integralmente a partir do próximo ano. Até lá, o atual sistema continua em pleno funcionamento e fornecendo o suporte necessário às operações aéreas. Uma outra consequência da implementação da APP Sul, será a desativação do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Florianópolis (DTCEA-FL), com suas funções sendo absorvidas e integradas à nova estrutura, que ficará sediada nas dependências da Base Aérea de Florianópolis.

Local escolhido para abrigar a APP Sul, em Florianópolis. Fonte da imagem: Google Earth



O local que irá abrigar a estrutura da APP Sul, são os centenários hangares existentes na Base Aérea de Florianópolis, construídos na década de 1920, quando o local pertencia à Marinha do Brasil, que ali operava o Centro de Aviação Naval de Florianópolis. Fotos: Marcelo Lobo da Silva (arquivo pessoal).

A escolha de Florianópolis para sediar a APP Sul se deve à localização geográfica, em posição  centralizada, cobrindo de forma mais efetiva todos os pontos da Região Sul. Florianópolis passa a ser a primeira Base Aérea em plena atividade da FAB a ser subordinada operacionalmente ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA). Recentemente a área outrora ocupada pela extinta Base Aérea de Recife também passou para o controle do DECEA, incorporada ao Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III). Segundo apuramos, a mudança do COMPREP para o DECEA não afetará o cotidiano de atividades da Organização Militar nem o papel exercido pela Base Aérea de Florianópolis dentro do Comando da Aeronáutica, continuando sua função primária em contribuir para a manutenção da soberania do espaço aéreo, ajudando na integração do território nacional, com vistas à defesa da Pátria. Dessa forma, a BAFL deverá seguir recebendo durante o ano, Exercícios Operacionais e as qualificações anuais das diversas Unidades Aéreas que compõem as Aviações da FAB, principalmente aquelas ligadas à missão de Busca e Salvamento (SAR). Quanto ao efetivo, certamente haverá um acréscimo de pessoal, em virtude da chegada dos profissionais que irão atuar diretamente na operação da APP Sul.

Nascida no calor dos combates da Segunda Guerra Mundial, a Base Aérea de Florianópolis (BAFL) é tão antiga quanto à própria Força Aérea Brasileira (FAB), criada em janeiro de 1941, oriunda da fusão entre os componentes aéreos do Exército e da Marinha. Naquele tempo, a aviação já se fazia presente na capital catarinense desde maio de 1923, quando a Marinha do Brasil, expandindo suas asas aos quatros cantos do país, implantou aqui um de seus Centros de Aviação Naval. Ativada oficialmente em 22 de maio de 1941, ao longo do tempo, a Organização Militar recebeu diversas denominações: Base Aérea de Florianópolis (1941-1942), 14º Corpo de Base Aérea de Florianópolis (1942-1944), Base Aérea de 2ª Classe de Florianópolis (1944-1947), Destacamento de Base Aérea de Florianópolis (1947-1970) e novamente Base Aérea de Florianópolis, designação que se mantém até os dias atuais. A partir deste 15 de janeiro de 2025, um novo capítulo começa a ser escrito na história da BAFL.

11 comentários:

Anônimo disse...

Reportagem muito interessante! 👏Florianópolis no centro das atenções! 👏

Angelo disse...

Parabéns pelo material tão bem preparado! Esperemos que a BAFL continue a ser usada como base de desdobramento e que tenhamos portoes abertos este ano!

sergio m. borba disse...

Pelo que entendi, os apps serão centralizados aqui em Florianópolis e mantendo a parte operacional da base em apoio aos exercícios militares.

Pablo disse...

Ótima matéria! Vida nova para a Base!!

Aviação em Floripa disse...

Sim, Sérgio. As estruturas de APP existentes em Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre serão concentradas e unificadas na Base Aérea de Florianópolis. Em conversa com algumas fontes, me foi informado que de resto, nada muda no dia-a-dia da Base.

NILTON disse...

Excelente reportagem Marcelo uma boa notícia para Florianópolis e uma sobrevida para a nossa Base Aérea.

Anônimo disse...

Muito bom!

Mônica Cristina Corrêa disse...

Muito bom e detalhado!

Anônimo disse...

Bom dia, Marcelo. Bom Ano Novo. Aos olhos de um leigo, parece-me que a questão da centralização pesou bastante. Que seja melhor para nosso Brasil. Parabéns, pela importante reportagem

Anônimo disse...

Interessante! Com o avanço tecnológico e a IA, muitas transformações virão no serviço de Controle de Tráfego Aéreo que anda sempre na vanguarda da evolução tecnológica das aeronaves. Com o advento da IA não sei aonde iremos parar. Felicidades aos ATCO's que estão adentrando nessa tão nobre missão experimentando tantas mudanças.

Lauro2004 disse...

Parabéns pela reportagem, Marcelo, muito informativa. Fiquei impressionado com o número de visitantes em tua página, tem até mais americanos, russos e ucranianos do que brasileiros, projetaste teu trabalho a nível internacional. Parabéns pelo teu site.

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