Há exatos 80 anos, no dia 22 de maio de 1942, a tripulação de um dos recém-incorporados B-25 Mitchell da Força Aérea Brasileira, alçava voo de Fortaleza para realizar mais uma missão de treinamento rotineira. Fabricado pela North American, este bombardeiro bimotor de médio porte era um dos mais modernos e capazes aviões de sua categoria e representava um substancial incremento para a atividade de patrulhamento da FAB. No comando da aeronave, estavam os Capitães Aviadores Affonso Celso Parreiras Horta e Oswaldo Pamplona, juntamente com instrutores e integrantes da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF). No início da tarde daquela sexta-feira, ao decolar da pista da Base Aérea de Fortaleza, eles não poderiam imaginar que estavam prestes a escrever um capítulo especial na história da aviação militar brasileira. Durante o voo de instrução, a rotina foi quebrada pelo avistamento de um submarino sobre as águas do Atlântico. Era o "Agostino Barbarigo", pertencente à Regia Marina italiana e que dias antes havia atacado e afundado o navio mercante brasileiro Comandante Lyra. Ao perceber a presença do avião, o submarino abriu fogo com seus canhões e metralhadoras de convés contra o B-25. Em rápida decisão, de forma a evitar que a nave submergisse, a tripulação lançou seu armamento contra a embarcação. Embora os danos não tenham sido suficientes para o seu afundamento, este embate ficou registrado como o primeiro ataque feito por uma tripulação brasileira, marcando seu batismo de fogo e eternizando a data como o Dia da Aviação de Patrulha da Força Aérea Brasileira. Nos meses subsequentes outros encontros ocorreram entre aviões brasileiros e submarinos alemães e italianos, resultando até o final do conflito no Atlântico Sul em 11 afundamentos ao longo de mais de 15 mil missões de patrulhamento.
Da Segunda Grande Guerra até os dias atuais, a Aviação de Patrulha da FAB evoluiu a passos largos, empregando ao longo de sua história, diferentes tipos de aeronaves. Atualmente seu efetivo e meios aéreos encontram-se subordinados ao Comando de Preparo (COMPREP) e é composta por três Esquadrões, sendo eles: o Primeiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (1º/7º GAv), o Esquadrão Orungan, com sede em Santa Cruz (RJ), equipado com os quadrimotores Lockheed P-3AM Orion; o Segundo Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (2º/7º GAv), o Esquadrão Phoenix, localizado em Canoas (RS); e o Terceiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (3º/7º GAv), o Esquadrão Netuno, sediado em Belém (PA), ambos utilizando a versão modernizada do EMB-111 Bandeirante Patrulha, também chamado de “Bandeirulha” e designado na FAB como P-95BM. Decorridas oito décadas daquele feito histórico, muita coisa mudou na forma como se conduz a vigilância sobre os mares, com o desenvolvimento de modernas aeronaves e sensores, a incorporação de novas tecnologias e a utilização de táticas e doutrinas de emprego mais eficientes. Entretanto, os ideais, o legado e o espírito combativo dos patrulheiros de outrora permanece vivo e inabalável nas equipagens de hoje, firmes na salvaguarda das nossas riquezas e recursos naturais espalhados ao longo do extenso litoral brasileiro. Na solidão do mar, em longos voos de patrulhamento, seja no passado ou no presente, o que não muda e continua a ser a mola mestra para vencer as dificuldades e os novos desafios é o espírito de superação e de dedicação presentes no DNA dos militares que integram a Aviação de Patrulha da FAB. Salve a Patrulha! Salve a Patrulha!
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