O Primeiro Esquadrão do Décimo
Quarto Grupo de Aviação (1º/14º GAv), também conhecido como Esquadrão Pampa, é
uma das três Unidades Aéreas operadoras dos caças supersônicos Northrop F-5EM/FM Tiger
II na Força Aérea Brasileira. As outras duas estão localizadas nas Bases Aéreas
de Santa Cruz/RJ (1º Grupo de Aviação de Caça) e Manaus/AM (1º/4º GAv) e fazem
parte da primeira linha da Aviação de Caça da FAB, responsável pela manutenção
da soberania do Espaço Aéreo brasileiro.
Um pouco de história
A história do Esquadrão Pampa
confunde-se com a da própria Base Aérea de Canoas e tem sua origem no Terceiro
Regimento de Aviação (3º RAV), pertencente à Aviação Militar do Exército
Brasileiro, criado no início da década de 30 na cidade de Santa Maria/RS e
posteriormente transferido para Canoas, em 5 de agosto de 1937. Cerca de quatro
anos depois, mais precisamente no dia 20 de janeiro de 1941, surge o Ministério
da Aeronáutica e com ele, as Forças Aéreas Nacionais (denominação alterada para
Força Aérea Brasileira em 22 de maio de 1941), incorporando todas as aeronaves,
equipamentos e pessoal oriundos das Aviações Militar (Exército Brasileiro) e
Naval (Marinha do Brasil).
Agora ocupando as instalações
onde hoje localiza-se a Base Aérea de Canoas, em 17 de agosto de 1944, o 3º RAV
passou a ser composto por duas Unidades Aéreas, o Primeiro Grupo de Bombardeio
Leve (1º GpBL), utilizando o Douglas A-20K Havok e o Terceiro Grupo de Caça (3º
GpCa), equipado com os Curtiss P-40 Warhawk, sendo este o primeiro esquadrão de
caça sediado no sul do Brasil. Após o término da Segunda Guerra Mundial toda a
estrutura operacional e administrativa da Força Aérea Brasileira passou por uma
ampla reorganização, assim, em 24 de março de 1947, o 3º Grupo de Caça passou a
denominar-se Primeiro Esquadrão do Décimo Quarto Grupo de Aviação (1º/14º GAv),
designação que se mantém até os dias atuais.
Hangar do Esquadrão Pampa e no detalhe, o emblema da Unidade.
A operação dos caças P-40 Warhawk
durou até o ano de 1954, quando o Esquadrão Pampa entrou na era do jato,
passando a utilizar o caça de fabricação britânica Gloster Meteor, nas versões monoplace (F-8) e biplace (TF-7). Após cerca de doze anos de operação com o Meteor, o
1º/14º GAv recebeu um novo vetor, o jato Lockheed TF-33, utilizando-o por nove
anos. Em 1974, com a entrada em serviço do Embraer AT-26 Xavante, primeiro
avião a jato montado no Brasil, sob licença da italiana Aermacchi, sua
fabricante, toda a frota de TF-33 foi concentrada em Canoas, até sua completa
desativação um ano mais tarde.
Linha de voo do 1º/14º GAv sob os hangateres.
Finalmente, em 26 de novembro de
1976, o Esquadrão Pampa entrou na era supersônica, quando passou a operar o
Northrop F-5E Tiger II, recebendo 12 aeronaves do tipo. A introdução do modelo
foi um marco histórico para a Unidade e para a própria Base Aérea de Canoas,
que precisou inclusive de algumas reformas para se adequar à operação do jato.
O novo avião e as suas características de voo e desempenho, inclusive com a
possibilidade de efetuar reabastecimento em voo, elevaram drasticamente a exigência
e o preparo dos integrantes do esquadrão e a sua operacionalidade, com a
introdução de uma doutrina de emprego voltada para o cumprimento de missões de
ataque ao solo.
Northrop F-5EM Tiger II
Northrop F-5FM Tiger II
A partir de 1988, o Esquadrão
passou a operar um lote de 26 F-5 (sendo vinte e dois do modelo “E” e quatro do
modelo “F” de dois lugares), todos ex-USAF (United
States Air Force ou Força Aérea dos Estados Unidos) adquiridos nos Estados
Unidos, onde eram utilizados como aeronaves de treinamento de combate aéreo.
Com a chegada destas aeronaves, os doze F-5 originalmente recebidos em 1976
foram repassados ao 1º Grupo de Aviação de Caça. A introdução dos “novos” aviões também implicou na alteração da missão primária da Unidade Aérea, voltando seu
foco agora para as missões de Interceptação e Defesa Aérea, ou seja, o Combate
Aéreo agora passava a fazer parte do DNA do Esquadrão Pampa.
Mísseis ar-ar Rafael Python 4 e Rafael Derby (sob a asa). Duas armas utilizadas nas missões de Defesa Aérea.
Em 21 de setembro de 2005, o
1º/14º GAv recebeu seu primeiro F-5 modernizado e continua até os dias atuais
operando-os de forma eficiente e com altíssimo grau de operacionalidade no
cumprimento de suas missões. A Unidade ainda deve operar com os F-5 por alguns
anos, porém no futuro próximo, deverá ser um dos Esquadrões escolhidos para
receber os novos caças Saab Gripen, de fabricação sueca e vencedor do Programa
FX-2 para ser o avião de caça padrão da Força Aérea Brasileira. Perpetua-se
assim em Canoas, a tradição da Caça, que através da dedicação de seus
integrantes ao longo de toda a história do Esquadrão Pampa, sempre empenhados na
defesa e soberania do Espaço Aérea Brasileiro, o tornaram um dos mais
importantes e aguerridos Esquadrões de Caça da Força Aérea Brasileira.
O vetor
Nascido das experiências de
combate de pilotos estadunidenses contra caças de fabricação soviética na Guerra da Coréia,
o F-5 tem sua gênese num projeto desenvolvido pela equipe da Northrop, chamado
de N-156. Dentre as inovações que o modelo apresentava, estavam a aplicação do
conceito de regra de área, melhorando a sua performance em velocidades
supersônicas e a utilização de asas bastante finas, com a finalidade de reduzir
o arrasto aerodinâmico. Dentre as versões propostas destacaram-se o N-156T, de
treinamento, adquirido imediatamente pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF)
e denominado de T-38 Talon e o N-156F, que voou pela primeira vez em 30 de
julho de 1959 e foi escolhido pelo Departamento de Defesa dos E.U.A. como o
avião de caça padrão a ser oferecido a países aliados e membros da Organização
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), recebendo o nome de F-5A/B Freedom Fighter (Caça da Liberdade).
Nesta foto superior, é possível observar com clareza o acinturamento da fuselagem na altura das asas, uma das propostas do conceito de regra de área para melhorar o voo supersônico.
Em 1965, durante a Guerra do
Vietnã, um lote de aviões F-5A foi avaliado em combate sob o programa chamado
de “Skoshi Tiger”. Embora os resultados obtidos tenham demonstrado limitações
quanto ao alcance e a sua carga de armamentos, a aeronave agradou aos pilotos
que a voaram, motivando a Northrop a desenvolver uma versão melhorada,
denominada de F-5-21. Este modelo venceu uma concorrência da USAF para o
fornecimento de um novo caça para as nações aliadas, tornando-se o F-5E Tiger
II, que fez seu voo inaugural em 11 de agosto de 1972. Entre as suas principais
características estavam a adoção de motores mais potentes, a fuselagem
redesenhada e mais alongada em relação ao F-5A, maior capacidade de combustível
e de carga bélica. Já a versão biplace, que voou pela primeira vez em 1975 e designada
de F-5F, ao contrário do seu antecessor F-5B, também podia ser empregada em
combate, com a presença de um canhão no nariz e a possibilidade de utilização
de mísseis ar-ar. Também foi desenvolvida uma versão de reconhecimento com um
conjunto de câmeras instaladas no nariz do avião, denominada de RF-5E e
batizada de Tigereye.
Detalhe da tubeira de um dos motores General Electric J85-21A.
O modelo tornou-se um sucesso de
exportação, sendo também adquirido pela Força Aérea dos Estados Unidos como
avião de treinamento de combate aéreo, uma vez que seu desempenho era muito
semelhante ao do MiG-21, então o caça padrão da União Soviética e dos países do
Pacto de Varsóvia. No total foram construídos 1.166 exemplares do modelo F-5E,
241 F-5F e 12 do modelo RF-5E e até os dias de hoje, diversas Forças Aéreas ao redor
do mundo ainda operam o modelo.
O F-5 Tiger II no Brasil
Em 1973 a Força Aérea Brasileira
selecionou o F-5 como seu avião de caça para missões de superioridade aérea e
interdição substituindo os Lockheed AT-33. No total foram adquiridos 36
Northrop F-5E e seis Northrop F-5B, distribuídos entre o 1º Grupo de Aviação de
Caça e seus dois Esquadrões (24 F-5E e os seis F-5B), sediado na Base Aérea de
Santa Cruz/RJ e o 1º/14º GAv (12 F-5E), em Canoas/RS. Os F-5B receberam
matrículas de FAB 4800 a FAB 4805 e os F-5E foram numerados de FAB 4820
a FAB 4855. Nos anos seguintes, o emprego constante gerou a perda de algumas
aeronaves.
Com a modernização e a padronização da frota, os aviões dos dois primeiros lotes passaram a pertencer de forma aleatória aos esquadrões que os operam na FAB. Observe a barbatana dorsal na foto de cima (identificando-o como um avião do lote original) e a ausência dela na foto acima, indicando que esta aeronave pertence ao segundo lote de aviões,
Com a redução da frota, a FAB
buscou no mercado internacional um lote adicional de aeronaves do tipo,
culminando com a aquisição de 22 F-5E e quatro F-5F, todos ex-USAF, que
receberam as suas matrículas de forma sequencial aos exemplares já em operação,
ou seja, de FAB 4856 a FAB 4877 para os F-5E e FAB 4806 a FAB 4809 para os
F-5F. Estes aviões chegaram ao Brasil no final da década de 80 e como tinham
uma configuração diferente dos F-5 do lote original, foram alocados em Canoas
que por sua vez, repassou seus 12 F-5E para o 1º GAvCa, em Santa Cruz/RJ. Com a retirada do serviço ativo dos F-5B em 1996, a quantidade de modelos de dois lugares na FAB ficou bastante reduzida, fato ainda mais agravado com a perda do F-5F FAB 4809 no mesmo ano. Isso motivou a busca por aeronaves do tipo no mercado
internacional que, por serem raros, condiciona a sua venda à aquisição de
exemplares do modelo “E”. Dessa forma, foram adquiridos em 2007, onze
exemplares (8 F-5E e 3 F-5F) da Real Força Aérea da Jordânia, que atualmente
estão sendo modernizados pela Embraer e serão elevados, como o restante da
frota, ao padrão F-5EM/FM, devendo receber as matrículas FAB 4878 a FAB 4885,
no caso dos modelos “EM” e FAB 4810 a FAB 4812, para os “FM”.
Northrop F-5F Tiger II, avião bastante valorizado pelos operadores de F-5.
Com a retirada de serviço dos Dassault
Mirage 2000, em dezembro do ano passado, no momento, o 1º Grupo de Defesa Aérea
(1º GDA), sediado na Base Aérea de Anápolis/GO e responsável pela Defesa Aérea
do Planalto Central e da Capital Federal, também está operando temporariamente
O F-5, com aviões oriundos dos três esquadrões operacionais, na forma de
rodízio, até a entrada em serviço dos Saab Gripen.
Um tigre com dentes e garras afiadas
Formando a espinha dorsal da
Aviação de Caça da FAB e ciente da importância do F-5 na defesa e na manutenção
da soberania do nosso Espaço Aéreo, a Força Aérea Brasileira decidiu
modernizá-lo, dotando-o com um radar mais moderno e equipamentos eletrônicos e
aviônicos mais próximos do Estado da Arte, de forma a garantir a sua sobrevivência
na moderna arena de combate pela
supremacia aérea, focada na Guerra Centrada em Redes (com a utilização de
sistemas de comunicação criptografada e data link) e em combates aéreos além do
alcance visual (BVR).
A protuberância que aparece na foto é uma das antenas do sistema RWR, incorporado com a modernização e que avisa ao piloto quando o avião está sendo rastreado por um radar hostil.
Denominado de Programa F-5BR, o
projeto teve início em 2001 sob a responsabilidade da Embraer em parceria com a
empresa israelense Elbit Systems. O primeiro avião modernizado foi oficialmente
apresentado em setembro de 2005 e coincidentemente foi o FAB 4856, o F-5E mais
antigo no mundo ainda em serviço operacional, sendo este o F-5E que realizou o
primeiro voo do modelo, em 11 de agosto de 1972. Atualmente todas as aeronaves remanescentes do
primeiro e do segundo lote já encontram-se elevados ao padrão F-5EM/FM,
restando os aviões adquiridos posteriormente da Jordânia.
A sonda de reabastecimento em voo foi instalada em toda a frota de F-5 após a modernização.
A modernização elevou o F-5 para
um caça de 4ª geração, transformando-o num avião completamente novo,
praticamente só permanecendo a estrutura externa como lembrança do avião
original. Entre as principais mudanças em relação àquela aeronave, estão a
adoção do radar multimodo de fabricação italiana FIAR Grifo-F com Pulso Doppler
e capacidade de busca acima e abaixo do avião (Look-Up/Look-Down),
possibilitando a utilização de mísseis ar-ar do tipo BVR e bombas inteligentes
guiadas por GPS ou laser, dois computadores de missão que recebem e analisam os
dados de todos os sensores da aeronave, painel de instrumentos digital com
telas multifunção de cristal líquido (LCD) e compatível com a utilização de
óculos de visão noturna (NVG), sistema HOTAS, que reúne os principais comandos
do avião no manche e na manete de potência, um HUD (Head-Up Dispaly) que
permite ao piloto controlar os parâmetros de voo e de combate sem desviar os
olhos do ambiente externo, possibilidade de utilização de capacetes com sistema
de mira integrado (HMD), sistema de alerta radar (RWR), que avisa ao piloto
quando o seu avião está sendo rastreado por um radar hostil, sistema de
Navegação Inercial/GPS, um avançado computador de voo, entre outros
equipamentos.
A operacionalidade do "Catorze" é garantida pela dedicação da equipe de apoio. Na foto, um mecânico do Esquadrão Pampa recoloca o paraquedas de frenagem.
A eficácia do avião já foi
testada e aprovada em Exercícios Aéreos Multinacionais, como por exemplo, nas
últimas edições do Exercício CRUZEX, onde os aviões modernizados alcançaram
êxito em muitas missões que tomaram parte, mesmo enfrentando oponentes mais modernos.
Também digna de nota foi a participação do Esquadrão Pampa no Exercício Red
Flag, nos Estados Unidos, um dos treinamentos de combate aéreo mais realistas e
importantes do mundo, cumprindo as suas missões de forma exemplar. Parte do
sucesso nestes exercícios pode ser creditada ao avião, entretanto, o
treinamento, as táticas, o trabalho da equipe de terra e a habilidade inerente
ao piloto militar brasileiro também contam valiosos pontos.
Os F-5 na EXPOAER 2014
Ao contrário da edição do ano
passado da EXPOAER, quando a maioria dos F-5 estavam na Base Aérea de Santa
Maria (BASM) participando de um Exercício Operacional, este ano, diversos
aviões estavam na linha de voo ou em exposição ao público. Com a melhora das
condições meteorológicas no período da tarde, houve duas saídas com três aviões
cada, fazendo a alegria dos presentes, sobretudo durante as passagens
baixas. Além deles, havia dois F-5F
também em exposição estática, um sob os hangaretes e o outro, atrás do Hangar
do 5º ETA.
Como tradicionalmente faz todos
os anos, o Esquadrão Pampa expôs um de seus aviões com vários armamentos e
equipamentos, chamando a atenção do público durante todo o dia. Entre os armamentos
mostrados neste ano, estavam versões inertes (sem carga explosiva) dos mísseis
ar-ar de fabricação israelense Rafael Python 4 (nas pontas das asas) e Rafael
Derby (sob as asas). Do lado esquerdo, um Lançador múltiplo SUU-20 com
capacidade para transportar quatro foguetes não guiados SBAT 70 de 70 mm e seis
bombas de treinamento BEX-11 de 11 kg cada (na cor azul). Do lado direito, na
cor vermelha, um alvo aéreo rebocável SECAPEM, utilizado em missões de
treinamento de tiro aéreo. O canhão Pontiac M39 e suas munições de 20 mm também
estavam visíveis, inclusive do lado direito foram dispostos vários cartuchos de
munição formando a sigla do Esquadrão de Material Bélico da Base Aérea de
Canoas (EMB-CO), responsável pela guarda dos armamentos e pela montagem dos
mesmos em torno da aeronave durante a EXPOAER.
Além das imagens presentes na
matéria acima, apresentamos abaixo aos nossos leitores mais algumas fotos dos
F-5 feitas durante a EXPOAER. Informamos ainda que para a elaboração deste artigo utilizamos como
fonte de consulta os seguintes websites:
PORTÕES ABERTOS - BASE AÉREA DE FLORIANÓPOLIS: VENHA FAZER PARTE DESTA GRANDE FESTA
PARA MAIORES INFORMAÇÕES, VISITE O LINK ABAIXO:
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