O Terceiro Esquadrão do Décimo
Grupo de Aviação (3º/10º GAv), também conhecido como Esquadrão Centauro, enviou
uma de suas aeronaves de ataque A-1 para a EXPOAER deste ano na Base Aérea de
Canoas. Sediado na Base Aérea de Santa Maria, o esquadrão forma com o 1º
Esquadrão do 10º Grupo de Aviação (Esquadrão Poker - Santa Maria/RS) e o 1º
Esquadrão do 16º Grupo de Aviação (Esquadrão Adelphi - Santa Cruz/RJ), as três
unidades que operam o modelo na Força Aérea Brasileira.
O A-1, como é designado na FAB, é
uma aeronave de ataque subsônica equipada com uma turbina Rolls-Royce Spey
Mk.807 sem pós-combustão, podendo alcançar uma velocidade máxima de cerca de 1.100 km/h . A eletrônica
sofisticada e os diversos equipamentos e sensores a bordo permitem voar baixo e
atacar alvos com uma precisão surpreendente. A grande autonomia da aeronave
combinada com a possibilidade de reabastecimento em voo amplia em muito a
capacidade de atingir alvos bem distantes, até mesmo, atrás das linhas
inimigas, fazendo do A-1 um vetor extremamente valioso para missões de ataque e
de reconhecimento tático. Na versão brasileira é equipado com dois canhões DEFA
554 de 30 mm
e pode transportar quase três toneladas de armas e equipamentos em quatro
suportes sob as asas, um suporte ventral além de dois trilhos para mísseis
ar-ar de curto alcance nas pontas das asas. As possibilidades de armamentos
incluem bombas dos mais variados tipos, lançadores de foguetes não guiados,
tanques suplementares de combustível, pods de reconhecimento, entre outros.
Fruto da parceria entre a Embraer
e as empresas italianas Aeritalia (atual Alenia) e Aermacchi, o Projeto AMX
nasceu em meados da década de 70 com o finalidade de desenvolver um
caça-bombardeiro para a Força Aérea Italiana cujo objetivo principal era substituir
sua frota de aeronaves Aeritalia G-91.
Nesta época o Brasil vinha desenvolvendo estudos para o projeto e construção de
uma aeronave de ataque, programa este denominado A-X. A parceria entre Brasil e
Itália não era novidade, já que a Embraer havia adquirido no início da década,
licença da Aermacchi para montar no Brasil a aeronave de treinamento avançado
MB-326G, aqui batizada de AT-26 Xavante. Assim, em razão dos interesses comuns
e da parceria anterior, a Embraer juntou-se ao programa em 1981.
Com o estabelecimento do acordo e
o refinamento dos requerimentos técnicos de forma a criar uma aeronave que
satisfizesse as necessidades dos dois países, foi criada o Consórcio AMX
Internacional. Na divisão de responsabilidades (cerca de 30% para o Brasil e
70% para a Itália), coube à Embraer a fabricação dos conjuntos do trem de pouso
principal, válvulas e atuadores de acionamento, conjuntos de rodas, freios,
conjuntos de suporte e alijamento de cargas subalares. Também ficou sob a
responsabilidade da empresa brasileira a montagem dos 79 exemplares para a
Força Aérea Brasileira, mais tarde reduzidos para 56 aeronaves em função da
contingência de gastos. O primeiro protótipo brasileiro do AMX (o quarto do
programa), designado YA-1 e com a matrícula militar FAB 4200, voou em 16 de
outubro de 1985 sob o comando do piloto de testes da Embraer, Luiz Cabral,
sendo que os primeiros exemplares de série começaram a entrar em serviço na FAB
em 1989. É importante ressaltar que o programa AMX proporcionou à Embraer uma
excelente oportunidade para a absorção de conhecimento em diversas áreas que
envolvem o projeto e a construção de aeronaves, fato este que permitiu à
empresa a criação posterior de diversos projetos de aeronaves civis e militares
de excelente qualidade, colocando-a atualmente como uma das principais
fabricantes de aeronaves do mundo.
Para receber as primeiras
unidades do A-1, foi reativado o 1º Esquadrão do 16º Grupo de Aviação na Base
Aérea de Santa Cruz (RJ). Completada a dotação de aeronaves da unidade, os dois
esquadrões sediados em
Santa Maria (RS), 1º e 3º Esquadrões do 10º Grupo de Aviação,
passaram a receber seus exemplares em substituição aos AT-26 Xavante operados
por ambos. Na FAB, o A-1 é empregado em missões de interdição, apoio aéreo
aproximado e reconhecimento tático (esta função sendo executada pelas aeronaves
do 1º/10º GAv).
Atualmente está em curso um
programa de modernização de 43 aeronaves A-1 operados pela FAB, elevando-a para
o padrão A-1M. O projeto está sendo executado pela Embraer e visa colocar todas
as aeronaves num mesmo patamar, com a revisão estrutural das células e a instalação
de novos sistemas de navegação, armamentos, sensores, contramedidas
eletrônicas, além de outros equipamentos. A modernização também resultará em um
alto grau de compatibilidade e padronização com outros tipos de aviões
utilizados pela Força Aérea Brasileira, sobretudo o A-29 Super Tucano e o
Northrop F-5EM/FM Tiger II, gerando uma logística mais enxuta e em substancial
economia de tempo e de recursos.
Entre os principais itens a serem
focados na modernização, destacam-se a incorporação do radar multimodo SCP-01 Scipio,
fabricado pela empresa MECTRON de São José dos Campos (SP), painel de
instrumentos com telas multifunção (MFD) e com iluminação compatível com o uso
de óculos de visão noturna (NVG), capacidade de lançar armamento inteligente,
como por exemplo, bombas guiadas a laser, instalação de cabeamento permitindo o
lançamento de mísseis ar-ar de curto alcance a partir dos trilhos das pontas
das asas, novo sistema de alerta radar (RWR), adição de lançadores automáticos
de mecanismos de defesa contra mísseis e radares (flare e chaff), visor montado
no capacete (HMD), entre outros recursos. O primeiro A-1 modernizado,
matriculado FAB 5520, foi entregue à Força Aérea Brasileira no dia 03 de
setembro deste ano. Outras 16 aeronaves já encontram-se na planta da Embraer em Gavião Peixoto ,
interior de São Paulo, em diferentes estágios do processo de modernização.
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