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quarta-feira, 18 de junho de 2025

FAB 4110: uma jornada por mar, terra e ar!

 

No final da manhã de ontem (17/6), decolou do Aeroporto Internacional Ministro Victor Konder, em Navegantes, litoral norte de Santa Catarina, mais um caça F-39E Gripen para a Força Aérea Brasileira, encerrando o sétimo processo de entrega desses aviões. Mantendo a tradição, o site Aviação em Floripa acompanhou todos os passos da operação e apresenta aos seus leitores, a partir de agora, a maior e mais completa cobertura jornalística sobre a chegada do mais novo vetor de combate da FAB, com fotos e conteúdos visuais exclusivos, além de muitas informações. Seja bem-vindo a bordo, escolha seu assento, aperte o cinto e tenha uma boa leitura!!


A jornada iniciou-se nas primeiras horas da madrugada do dia 23 de maio, pelo horário da Suécia, utilizando-se da mesma organização vista nas entregas anteriores. A razão disso é simples e atende a dois fatores principais, ambos relacionados com a logística da operação. O primeiro deles é a proximidade entre os Aeroportos de Linköping (onde fica a planta industrial da Saab) e de Norrköping, local onde o avião é embarcado. São apenas 40 quilômetros, vencidos em poucos minutos de voo. Após o pouso, a aeronave seguiu rebocada por via terrestre até o porto da cidade. O processo foi rápido, em função da pequena distância que separa as duas instalações, facilitado pela infraestrutura, com vias largas, com boa pavimentação e livres de obstáculos. Desta vez, a embarcação contratada para o transporte, foi o MV "Fagelgracht", um Navio de Carga Geral, de bandeira holandesa e pertencente à Companhia de Navegação Spliethoff, com sede em Amsterdã. Cabe ressaltar que esta empresa foi responsável por efetuar seis das sete operações de recebimento de caças Gripen para a FAB, realizadas até o momento. A bordo, a exemplo das últimas duas entregas, estava apenas uma aeronave, com a matrícula FAB 4110, quebrando a sequência numérica que vinha se mantendo desde o começo, iniciada com o FAB 4100 (em setembro de 2020) e tendo no FAB 4108, o último caça a chegar, em setembro do ano passado. Acredita-se que o indicativo visual FAB 4109 esteja reservado para o F-39 Gripen que encontra-se atualmente em fase final de produção na Embraer, com apresentação programada para novembro desse ano.

Arte: Marcelo Lobo da Silva. Fonte da imagem/fotos: Google Earth

Rota feita pelo navio, iniciada no Mar Báltico e que depois, seguiu pelo Canal de Kiel, no norte da Alemanha, Mar do Norte, Canal da Mancha, norte da Espanha, Portugal, Costa Oeste da África até a altura de Cabo Verde. Nesse ponto, aconteceu a travessia do Atlântico Sul em direção ao litoral brasileiro, descendo na sequência até seu destino final, a cidade de Navegantes/SC. Arte: Marcelo Lobo da Silva

Conforme previsto, o navio chegou a Navegantes no dia 12 de junho. A embarcação permaneceu ancorada em uma área destinada para essa finalidade, aguardando o momento de entrada no porto, que aconteceu por volta das 15hs. Na imagem, o MV "Fagelgracht" iniciando o procedimento para o ingresso no Complexo Portuário de Itajaí e Navegantes. Fonte: Marine Traffic

O MV "Fagelgracht", seguindo pelo rio Itajaí-Açu, em direção à Portonave, na tarde do dia 12 de junho. A embarcação contratada para a sétima operação de entrega é um Navio de Carga Geral, construído em 2011, com 137 metros de comprimento, 19 metros de boca (largura) e capacidade de carga para 8.620 toneladas. Fotos: Marcelo Lobo da Silva

A viagem marítima teve duração de 20 dias, tempo necessário para percorrer os cerca de 12 mil quilômetros entre Norrköping e Navegantes. A chegada à cidade catarinense ocorreu, como previsto pelos sites de rastreamento marítimo, no dia 12 de junho. Como das outras vezes, o avião veio a bordo, preso a uma estrutura especial, fixada no assoalho do porão de carga. Para isso, as rodas do trem de pouso principal foram removidas. Da mesma forma, por questões de segurança, o assento ejetável e o conjunto de cargas explosivas para o seu acionamento, vieram separados em um contêiner. Na sequência, em um procedimento rápido, porém cuidadoso, a aeronave foi içada e retirada da embarcação por um dos grandes guindastes usados para a movimentação de cargas no terminal portuário. Já no pátio, com o auxílio de macacos hidráulicos, teve as rodas recolocadas, deixando-a pronta para a próxima etapa, o traslado até o aeroporto. Ainda durante o período de permanência na Portonave, o FAB 4110 teve a documentação verificada pelos órgãos aduaneiros, um procedimento rotineiro, uma vez que trata-se de uma carga como qualquer outra que está entrando no Brasil.

O MV "Fagelgracht" atracou no berço nº 3 da Portonave. Essa é a posição normalmente ocupada pelos navios que fazem as operações de entrega dos aviões. Foto: Portonave/Divulgação


Foto: Portonave/Divulgação


Foto: Portonave/Divulgação

O transporte do avião entre a Portonave e o Aeroporto Internacional Ministro Victor Konder aconteceu no início da madrugada de sexta, 13 de junho, de forma a não impactar o trânsito e evitar a aglomeração de pessoas ao longo do percurso. Mesmo assim, muita gente acompanhou o cortejo com grande interesse, registrando em fotos e vídeos, esse momento especial, afinal de contas, não é sempre que se tem a oportunidade de observar de perto, um avião de caça capaz de voar a mais de duas vezes a velocidade do som, deslocando-se lentamente pelas ruas. Outro fator que justifica o traslado nesse horário, é o encerramento dos voos comerciais no aeroporto, liberando a pista de pousos e decolagens para que o avião chegasse sem maiores percalços, ao local onde ficou abrigado. Toda a operação foi coordenada pela Saab e pela Força Aérea Brasileira e contou com um forte aparato de segurança, capitaneado pela Infantaria da Aeronáutica, por meio de militares e viaturas do Grupo de Segurança e Defesa da Base Aérea de Canoas (GSD-CO) e com o apoio da Portonave, Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), Guarda Municipal de Navegantes, Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC), Polícia Civil de Santa Catarina (PCSC), Associação de Bombeiros Voluntários de Navegantes, Prefeitura Municipal, Fundação Municipal de Vigilância e Trânsito (NAVETRAN) e da CCR, empresa que administra o aeroporto.

Arte: Marcelo Lobo da Silva. Fonte da imagem: Google Earth

Da mesma forma como ocorreu na Suécia, o deslocamento pelas ruas de Navegantes foi rápido e durou cerca de 45 minutos, tempo necessário para superar os cerca de dois quilômetros que separam o porto do aeroporto. Esse é um dos principais motivos pelo qual a cidade catarinense foi escolhida como a porta de entrada no Brasil, dos caças F-39 Gripen fabricados na Suécia. Acompanhe abaixo, os principais momentos do traslado do FAB 4110, através de fotos exclusivas, com a participação do colaborador Ângelo dos Santos Melo, além da cobertura em vídeo, realizada pelo parceiro do site Aviação em Floripa, Leandro Silva.

Fotos: Ângelo dos Santos Melo

Fotos: Marcelo Lobo da Silva

Clique sobre o banner, para assistir ao vídeo produzido pelo canal Leandro LS01.

A principal novidade desta operação de entrega foi o fato do FAB 4110 ter saído de fábrica, com o novo desenho de asa desenvolvido pela Saab para o Gripen E. A modificação foi implementada no segundo semestre de 2023, a partir do protótipo sueco com a matrícula 39-6002 e envolveu toda a seção traseira da asa, também chamada de bordo de fuga, onde ficam as superfícies de controle conhecidas como elevons, típicas de aeronaves de combate com asas em formato de delta e sem a presença de estabilizadores horizontais. Nestes modelos de aviões, estas estruturas são responsáveis pelos movimentos de rolagem e de arfagem, que é a inclinação do nariz da aeronave para cima ou para baixo, em relação ao seu eixo longitudinal. Os novos elevons, internos e externos, apresentam dimensões maiores, ocupando agora, todo o bordo de fuga da asa. A mudança resultou em uma área alar maior e de acordo com as observações feitas em túnel de vento e nos voos de teste, trouxe uma sensível melhora na sustentação aerodinâmica, principalmente em baixas velocidades, auxiliando também no transporte de cargas externas de maior volume e peso. Além disso, os canards do Gripen E, que são pequenas aletas que auxiliam no controle de voo, situadas logo à frente das asas, sofreram leves ajustes de posicionamento e na sua forma. Aqui no Brasil, apenas o F-39 Gripen com a matrícula FAB 4100, utilizado no Programa de Desenvolvimento e Ensaios em Voo, havia recebido os novos dispositivos. Importante dizer que todos os demais exemplares já em operação com a FAB, também receberão os mesmos aperfeiçoamentos.


Fotos: Marcelo Lobo da Silva

Após a entrada nas dependências do aeroporto, o avião seguiu para um hangar particular, utilizado desde a segunda operação de entrega, em abril de 2022. Nesse local, o FAB 4110 permaneceu por três dias, tempo necessário para a instalação do assento ejetável, do kit de sobrevivência e para os testes de rotina visando a decolagem. Além dos técnicos da Saab, fabricante da aeronave, a operação envolveu a participação direta de várias Organizações Militares da FAB, entre elas, a Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), Comando de Preparo (COMPREP), Centro de Transporte Logístico da Aeronáutica (CTLA), Centro de Inteligência da Aeronáutica (CIAER) e do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA). 

Arte: Marcelo Lobo da Silva. Fonte da imagem: Google Earth

Na tarde de segunda-feira, dia 16, foi realizado o teste de motor, simulando todos os procedimentos de decolagem. Para tal, o avião foi trazido para o pátio 2, próximo ao hangar onde estava abrigado. Após a verificação em solo e acionamento, seguiu até a cabeceira 08, onde alinhou e deu plena potência ao motor por alguns segundos, retornando em seguida para o mesmo local de partida. O procedimento é importante para assegurar que os parâmetros de motor e todos os sistemas a bordo, estejam em perfeito funcionamento. Concluída a atividade, o FAB 4110 foi conduzido novamente ao hangar.

Fotos: Marcelo Lobo da Silva

Arte: Marcelo Lobo da Silva. Fonte da imagem: Google Earth

Finalmente, no fim da manhã de terça-feira, dia 17, aconteceu o ápice de toda a operação de entrega, o momento mais aguardado e pelo qual, todos os esforços foram feitos. Precisamente às 11h40, o FAB 4110, utilizando o código de chamada "Prova Uno Zero Sete", deixou para trás a pista do Aeroporto Internacional Ministro Victor Konder e ganhou pela primeira vez o céu brasileiro. A decolagem ocorreu pela cabeceira 26 e o destino da aeronave foi a Base Aérea de Anápolis, em Goiás, sede do Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA). O responsável por conduzir a aeronave até lá, foi o Tenente-Coronel Aviador Cristiano de Oliveira Peres, um experiente Piloto de Provas da Força Aérea Brasileira e que já participou de outras operações de entrega desses aviões. Esse foi o nono exemplar operacional recebido e, até o presente momento, todos os F-39 Gripen de série encontram-se alocados junto ao Esquadrão Jaguar, Unidade Aérea escolhida como a precursora no emprego do jato na FAB.

Fotos: Marcelo Lobo da Silva

Clique sobre o banner, para assistir ao video produzido pelo canal Leandro LS01.


Exatamente 1h após decolar de Navegantes, o FAB 4110 pousou pela cabeceira 06 da Base Aérea de Anápolis (BAAN), tocando o solo do Planalto Central pela primeira vez. A partir de agora, o mais novo integrante do Esquadrão Jaguar, soma-se aos demais exemplares em operação, totalizando até o momento, nove aeronaves à disposição da Unidade Aérea. Veja abaixo, o momento da chegada do FAB 4110 em Anápolis/GO, através de fotos gentilmente cedidas pelo amigo, Marcos Aurélio do Couto Ramos.

Fotos: Marco Aurélio do Couto Ramos/www,spotter.com.br

Como mencionado anteriormente, essa foi a sétima operação de entrega de caças F-39E Gripen para a FAB, uma logística que costuma levar em torno de quatro semanas para a sua conclusão. No caso do FAB 4110, a jornada por mar, terra e ar iniciou no dia 20 de maio, com a decolagem do caça, das instalações da Saab em Linköping, na Suécia. Neste mesmo dia, chegou ao Porto de Norrköping, o navio contratado para a empreitada. A etapa em território sueco demandou três dias, finalizada com a partida da embarcação rumo a Navegantes, no início da madrugada do dia 23, pelo horário local. Após 20 dias de navegação, no dia 12 de junho, o MV "Fagelgracht" chegou ao porto catarinense. A partir deste momento, foram mais cinco dias, incluindo o transporte do FAB 4110 para o aeroporto, a conclusão dos trabalhos de hangar, o teste de motor, a decolagem e a chegada em seu destino final, a Base Aérea de Anápolis, em Goiás. É um processo bem rápido e que a cada recebimento, vai se tornando mais ágil e rotineiro, em função da experiência adquirida nas operações anteriores. Cabe destacar que Navegantes funciona como um elo de ligação entre as duas pontas da cadeia. Nesse sentido, o período de  permanência do avião na cidade é sempre muito curto. levando de três a cinco dias para ser finalizado.

O segundo semestre de 2025 promete novidades e o alcance de marcas importantes no Programa F-39 Gripen. Uma delas, será o recebimento do primeiro avião montado em território nacional. A cerimônia de apresentação e o voo inaugural estão agendados para o mês de novembro, em Gavião Peixoto, interior de São Paulo, local que abriga a planta industrial da Embraer, parceira da Saab nos projetos de desenvolvimento e construção do Gripen. Ainda dentro do campo industrial, a expectativa é que ainda este ano, o modelo biposto, designado como F-39F, versão exclusiva da Força Aérea Brasileira, possa fazer seu primeiro voo na Suécia e iniciar a campanha de ensaios e certificação. Todo o processo está sendo conduzido em Linköping, onde ficam as instalações da Saab, com a participação direta de técnicos brasileiros em todas as etapas de fabricação. Um outro marco, este operacional, é esperado para os próximos meses, quando o F-39E Gripen deve atingir a sua Capacidade Inicial de Operação (IOC, do inglês, Initial Operating Capability). Desde que entrou em serviço com a FAB, em dezembro de 2022, junto ao Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA), em Anápolis/GO, pilotos e máquinas vêm realizando um extenso e rigoroso cronograma de etapas, visando esse objetivo. Quando isso acontecer, uma das mudanças, será o cumprimento das missões de Alerta pelo F-39 Gripen, demanda que no presente momento, ainda é executada de maneira integral por uma dupla de caças F-5EM Tiger II, destacada em Anápolis, para esta função.

Reconhecido pela eficiência, baixo custo de operação, elevada disponibilidade e capacidade tecnológica avançada, a chegada do F-39 Gripen representou um enorme salto de qualidade e operacional para a Força Aérea Brasileira. A aeronave apresenta tecnologias de ponta, incluindo os mais modernos sistemas, sensores e armas para a operação em ambientes hostis e em cenários de combate complexos. Na atualidade, o Gripen, juntamente com os F-5EM/FM Tiger II e A-1AM/BM, forma a "Primeira Linha" da Aviação de Caça da FAB e em um futuro próximo, substituirá os dois modelos mais antigos, cumprindo com a mesma eficiência, as atividades de Defesa Aérea, Ataque ao Solo e Reconhecimento, reforçando o seu caráter multimissão. O caça é dotado de um canhão interno de 27 mm e é capaz de transportar uma ampla gama de armamentos, tanto para emprego ar-ar, como ar-solo, entre outros. O motor tem capacidade supercuise, podendo manter velocidades supersônicas sem o uso de pós-combustor. Também pode ser reabastecido em voo, ampliando seu alcance ou o tempo de missão. Outra funcionalidade importante do Gripen é a condição de realizar decolagens e pousos em pistas curtas, possibilitando a operação em locais com pouca infraestrutura ou mesmo em rodovias, caso seja necessário.

O contrato assinado em 2013, entre os governos brasileiro e sueco, estabeleceu a aquisição de 36 unidades do Gripen, sendo 28 aviões de um assento (monopostos), designados como F-39E, além de 8 exemplares de dois lugares, denominados de F-39F, como visto, variante exclusiva da FAB e que inicialmente, seria desenvolvida no Brasil. Com o passar do tempo, decidiu-se migrar a linha de produção do modelo biposto para a Suécia, priorizando a escala industrial e o maior número de caças monopostos, não apenas para atender a encomenda brasileira, mas também, aquisições futuras de clientes estrangeiros, principalmente de países sul-americanos, muitos deles, necessitando substituir com urgência, suas envelhecidas frotas de vetores de combate. Um novo lote de aeronaves para a FAB, também está no radar, porém, ainda sem quantidade definida, prazos de entrega ou dotação orçamentária para tal. Caso isso aconteça, esses aviões também serão construídos em território nacional. O que se tem de certeza até o momento é o que foi firmado em contrato, ou seja, 36 aviões para o Brasil. Com relação ao modelo monoposto, a divisão de produção vigente, estabelece a fabricação de quinze exemplares no Brasil e treze na Suécia. O avião recebido esta semana, foi o décimo produzido pela Saab, sendo assim, restam três unidades para serem entregues e, ao que tudo indica, da mesma forma, por via marítima e utilizando-se a logística por Navegantes. Quanto à variante de dois assentos, ainda é prematuro afirmar quando e de que maneira essas aeronaves chegarão ao país. Sobre isso, teremos que aguardar mais um pouco.

O conteúdo que você terminou de ler, encerrou mais uma cobertura do site Aviação em Floripa, relativa ao recebimento de caças Gripen para a FAB, permanecendo como o único veículo de mídia especializada em Aviação, presente em todas as operações de entrega já realizadas. Desta vez, foram três matérias produzidas, além de diversas publicações no Instagram, mantendo nossos leitores e seguidores atualizados sobre a viagem do navio rumo a Navegantes. Da mesma forma, acompanhamos in loco, todas as etapas de passagem do avião pela cidade catarinense. Mais uma vez, contamos com a colaboração e o apoio dos amigos, Ângelo dos Santos Melo e Leandro Silva, através de seu canal Leandro LS01. Da mesma forma, fica aqui registrada a participação especial nesta matéria, do amigo, fotógrafo e entusiasta da aviação, Marcos Aurèlio do Couto Ramos. Aos três profissionais, o nosso mais sincero agradecimento. Por fim, o site Aviação em Floripa reafirma o compromisso em manter seu público sempre na vanguarda da informação no tocante à chegada desses importantes vetores de combate para a FAB e em todos os detalhes que cercam a operação de entrega, mantendo-se como uma das principais referências no Brasil sobre esse assunto. O trabalho continua! Que venham os próximos! 

sexta-feira, 30 de maio de 2025

Uma visita ao Primeiro Grupo de Aviação de Caça

 

Encerrando com chave de ouro, a série de conteúdos referentes aos 80 anos do dia 22 de abril e à Reunião da Aviação de Caça deste ano, o site Aviação em Floripa apresenta aos seus leitores, uma reportagem fotográfica especial e inédita, sobre uma das mais tradicionais e conhecidas Organizações Militares da Força Aérea Brasileira, o Primeiro Grupo de Aviação de Caça. Tivemos o privilégio em percorrer os principais ambientes e espaços da Unidade Aérea, que guardam muito da história da própria Aviação de Caça da FAB. O resultado dessa visita, apresentamos aos nossos leitores, a partir de agora.


O Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa), foi criado em 18 de dezembro de 1943, sendo a mais antiga entre todas as quarenta Unidades Aéreas que compõem a atual Ordem de Batalha da Força Aérea Brasileira, com mais de 81 anos de atividades ininterruptas. Entre 31 de outubro de 1944 e 2 de maio de 1945, o Grupo de Caça lutou com grande coragem e determinação nos céus italianos, realizando um total de 444 missões de combate durante a Segunda Guerra Mundial, contribuindo de forma decisiva para a vitória dos Aliados sobre as Forças do Eixo. Desde que retornou da vitoriosa Campanha da Itália, sua sede é a Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. A Unidade Aérea integra a chamada "Primeira Linha" da Aviação de Caça da FAB, equipada com os supersônicos Northrop F-5EM/FM Tiger II. O Primeiro Grupo de Aviação de Caça é formado por dois Esquadrões, "Jambock" (1º/1º GAvCa) e "Pif Paf" (2º/1º GAvCa). Ambos dividem as instalações e as aeronaves, porém, cada um deles, têm identidade própria e preserva seus personagens, histórias e tradições com muito orgulho. A Unidade Aérea é subordinada operacionalmente ao Comando de Preparo (COMPREP) e administrativamente, à Base Aérea de Santa Cruz.


O Primeiro Grupo de Aviação de Caça é atualmente comandado pelo Major Aviador Gusttavo Freitas de Souza, no cargo desde 21 de janeiro de 2025. Uma particularidade da Unidade Aérea são os códigos "King 01" e "King 02", utilizados respectivamente, pelo Comandante e pelo Oficial de Operações. Sua origem é incerta, entretanto, segundo relatos, surgiram no início dos anos 50, após a criação do Esquadrão "Pif Paf", como uma forma de diferenciar e destacar as duas funções. Outra versão, diz que o termo foi inspirado no filme "O Rei da Aviação", que narrava as aventuras de um piloto de caça. Histórias à parte, importante dizer que o código "King" não é pessoal ou vitalício, sendo repassado aos novos Oficiais quando assumem os cargos de comando da Unidade Aérea. Outro detalhe interessante referente ao Comandante e ao Oficial de Operações é que ambos utilizam o Emblema do Primeiro Grupo de Aviação de Caça no macacão de voo, ao invés das tradicionais "bolachas" em formato circular que identificam os dois Esquadrões que compõem o Grupo de Caça (veja infográfico mais abaixo).



As principais instalações do Primeiro Grupo de Aviação de Caça estão concentradas em um amplo prédio, dividido em dois blocos, com aproximadamente 2.250 m² de área construída, reunindo os setores Administrativos e Operacionais da Unidade Aérea. Além da sede, a estrutura conta ainda com um Hangar de Manutenção, Casa de Pista, Sala de Equipamentos de Voo e a linha de voo propriamente dita, onde ficam os aviões disponíveis para cumprir as missões diárias. A partir de agora, nossos leitores vão conhecer, através de imagens, os principais locais de destaque do Primeiro Grupo de Aviação de Caça. Todas podem ser visualizadas em maior resolução, facilitando a observação de detalhes. Além das informações disponíveis em cada parágrafo, sempre que necessário, as fotos estarão acompanhadas de legendas complementares. A visita começou pelo Salão Histórico, onde ficam guardados os documentos e itens que contam a trajetória e os fatos marcantes da Unidade Aérea, ao longo do tempo. Ali estão presentes, maquetes de todos os modelos de aviões operados pelo Grupo de Caça, troféus e prêmios conquistados e muitas raridades, como a carta escrita pelo Tenente-Coronel Nero Moura, contando para sua mãe sobre o desaparecimento em combate do seu irmão, Tenente Danilo Moura. 

Entrada principal da sede do Primeiro Grupo de Aviação de Caça.

Emblema do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, totalmente confeccionado com munições de diversos calibres. A obra de arte foi elaborada pelo Senhor Wagner Dissenha e oficialmente inaugurada em 17 de agosto de 2023.

Junto à recepção, encontra-se uma grande tela, retratando o P-47D Thunderbolt pertencente ao Tenente-Coronel Nero Moura, primeiro Comandante do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, além do vetor atual operado pela Unidade Aérea, o F-5EM/FM Tiger II.


Nas paredes do corredor principal, estão quadros com todos os modelos de aviões de caça utilizados pela Unidade Aérea. O Primeiro Grupo de Aviação de Caça foi pioneiro na FAB, na implantação do P-47 Thunderbolt, Gloster Meteor, AT-26 Xavante, F-5B Freedom Fighter e F-5E Tiger II.

Entrada do Salão Histórico.



Vistas gerais do Salão Histórico.


Carta original, escrita por Nero Moura a sua mãe, informando sobre o desaparecimento em combate de seu irmão mais novo, Danilo Moura.


Coleção de "bolachas", medalhas e outros itens.

O Salão Histórico conta também com maquetes em escala reduzida, de todos os modelos de aviões utilizados pelo Primeiro Grupo de Aviação de Caça.

Outro local interessante é o "Jink Out Bar", uma espécie de lounge ou sala de estar. O nome tem origem no jargão aeronáutico militar, representando o ato de realizar curvas ou manobras evasivas para escapar ou distanciar-se de um avião inimigo durante um combate aéreo. Fazendo uma analogia, é um ambiente de descanso, conversas e descontração para os pilotos, onde podem deixar de lado por alguns momentos, o cotidiano e as tensões do dia a dia. O espaço é temático e decorado com diversos objetos que remetem ao universo de uma Unidade Aérea de Caça. Para o visitante, principalmente se for um entusiasta da aviação, tudo chama a atenção, entretanto, o grande destaque é a seção dianteira de um caça F-5, disposta como se estivesse entrando pelo teto. Embora pareça parte de um avião de verdade, trata-se de uma maquete, representando o F-5EM Tiger II com a matrícula FAB 4826, sendo reabastecido em voo. O projeto ganhou corpo durante uma reforma no local e a maquete foi produzida e cedida gratuitamente pela equipe cenográfica da Rede Globo. Importante destacar que tanto o posicionamento do avião como a idealização e organização dos demais itens na sala, contaram com a participação e consultoria dos veteranos do Grupo de Caça.




Detalhes dos puxadores da porta, confeccionados com partes do manche do caça F-5 Tiger II.

Míssil Ar-Ar Python 3, em sua versão de manejo.

Míssil ar-ar MAA-1 Piranha, também em sua versão de manejo.

Canhão Pontiac M39A2, de 20 mm, que equipa o caça F-5.


O avestruz e o pinguim confraternizando-se é o espírito que norteia o "Jink Out Bar".


Detalhes da maquete do F-5.

Existem também duas salas temáticas, uma para o Primeiro Esquadrão, denominada como Sala "Brigadeiro Nero Moura", Patrono do Primeiro Grupo de Aviação de Caça e outra, chamada de Sala "Tenente Lima Mendes", Patrono do Segundo Esquadrão. Ambos os espaços prestam uma homenagem à memória e ao legado dos dois aviadores e aos demais integrantes do Grupo de Caça, de ontem, de hoje e de sempre, através de objetos, fotos e outros itens, diretamemte relacionados com a história das duas Unidades Aéreas, assim como as grandes pinturas que emolduram as paredes de fundo de cada um dos ambientes.


Sala Histórica do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º/1º GAvCa).

Fotos anuais com os pilotos pertencentes ao Primeiro Esquadrão.


Sala Histórica do Segundo Esquadrão do Primeiro Grupo de Aviação de Caça (2º/1º GAvCa).

Representação do P-47D Thunderbolt "C5", avião voado por Lima Mendes na Campanha da Itália.

Chapa pertencente a um caça Gloster Meteor, com os nomes de diversos Comandantes do 2º/1º GAvCa.

A partir de agora, nossos leitores vão conhecer, através de imagens e informações, o passo a passo e os locais por onde os pilotos passam até chegar às aeronaves no pátio. Antes de se iniciar qualquer voo, mesmo que rotineiro ou de treinamento, é realizada uma reunião, na qual todos os detalhes e aspectos técnicos da missão são analisados e discutidos. Chamada de briefing, ela acontece em um ambiente destinado para isso. O Grupo de Caça é formado por Esquadrilhas, identificadas por cores: Vermelha, Amarela, Azul e Verde, para o Primeiro Esquadrão e; pelos naipes do baralho: Ouros, Paus, Copas e Espadas, para o Segundo Esquadrão. Interessante destacar que cada Esquadrilha, tem o seu próprio espaço de reuniões. Finalizada esta etapa, os Pilotos dirigem-se a outra sala, onde pegam uma espécie de cartão de memória, denominado de MMC, que contém todas as informações do voo. Esse dispositivo é inserido no painel da aeronave, alimentando os computadores de bordo com os dados da missão. 

Cada Esquadrilha ativa, possui a sua própria sala de briefing.

Vista geral da sala da Esquadrilha Vermelha.

Aviões usados para simular manobras que serão executadas no voo.

Porta-canetões no formato de um míssil Python 4/5.

O Primeiro Grupo de Aviação de Caça também conta com um Auditório, para reuniões maiores.

O próximo passo é se equipar para o voo. Isso acontece na Sala de Equipamentos de Voo (EQV). Cada Piloto tem seu próprio espaço individualizado, onde ficam o traje Anti-G, Colete e Capacete, tudo organizado e separado para rapidamente ser utilizado. Falando em capacete, são dois à disposição, um mais simples e outro chamado de HMD, mais sofisticado, onde diversas informações do voo, são projetadas diretamente no visor. Logo ao lado, está a Casa de Pista, local onde ficam os mecânicos responsáveis pela manutenção direta das aeronaves. Sobre o balcão, estão os manuais de cada avião, contendo a situação de cada um deles. Somente nesse momento é que o Piloto vai saber em qual aeronave vai voar, depois de verificar todas as informações anotadas pela equipe de terra e concordar com elas. Finalizado todo esse processo, chega enfim o momento de se dirigir ao pátio e realizar todos os procedimentos para o acionamento, táxi e decolagem. Após o pouso, tudo acontece novamente, só que na ordem inversa. Uma missão rotineira de treinamento de 45 minutos, por exemplo, pode durar cerca de 2 a 3 horas, considerando tudo que precisa ser feito antes e depois do voo. Assim como acontece em todas as Unidades de Caça da FAB, uma aeronave é mantida em estado de prontidão, 24 horas por dia, todos os dias do ano, capaz de decolar em questão de minutos, em situações que podem envolver uma emergência em voo com outras aeronaves ou a averiguação de tráfegos aéreos desconhecidos, dentro da área de jurisdição do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, que inclui os estados da Região Sudeste do país. Esses acionamentos são feitos, sem aviso prévio, a partir do Primeiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA I), em Brasília/DF e podem representar uma situação real ou apenas uma simulação. Todos os Pilotos da Unidade Aérea revezam-se nessa função, cumprindo uma escala de serviço que pode durar 24h.

Vista geral da Sala de Equipamentos de Voo.

Dentro da bolsa, fica o capacete do tipo HMD.

Balcão na Casa de Pista, com o manual de cada aeronave disponível na linha de voo. É nesse local, que reúne todas as facilidades, que o Piloto de Alerta, juntamente com a equipe de apoio, cumprem sua escala de serviço.






O Primeiro Grupo de Aviação de Caça possui oito hangaretes para abrigar suas aeronaves. Este é o local de onde partem os aviões para cumprirem suas missões diárias em defesa do Espaço Aéreo brasileiro.

Operar e manter uma aeronave de combate de alta performance exige um cuidadoso trabalho de manutenção. Tudo precisa estar em perfeito funcionamento, visando o cumprimento da missão e a segurança de voo. O Primeiro Grupo de Aviação de Caça dispõe de um amplo hangar e de uma equipe técnica, composta por profissionais especialistas em diversas áreas, incluindo motores, eletrônica, estruturas, entre outras. As manutenções mais simples e cotidianas são realizadas localmente. Já as grandes revisões, serviços programados ou situações mais complexas, são competência do Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP), instalado junto ao Campo de Marte, Organização Militar responsável por executar esses trabalhos junto aos caças F-5EM/FM Tiger II da Força Aérea Brasileira, tanto do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, quanto de sua Unidade Aérea co-irmâ, o Primeiro Esquadrão do Décimo Quarto Grupo de Aviação, Esquadrão Pampa, com sede em Canoas/RS.



Vista geral do Hangar de Manutenção.

O site Aviação em Floripa agradece ao Comando e à Seção de Comunicação Social do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, pela oportunidade em conhecer suas instalações e trazer para os nossos leitores, um pouco da história, do dia a dia da Unidade Aérea e do permanente e dedicado trabalho na defesa do Espaço Aéreo brasileiro. Uma atividade silenciosa e anônima, desconhecida de muitas pessoas e que esperamos que esta matéria possa melhor divulgá-la. Senta a Púa! Brasil!

A visita ao Primeiro Grupo de Aviação de Caça finalizou uma série de sete conteúdos, iniciada no dia 17 de abril, com a matéria sobre os 80 anos do dia 22 de abril. De lá para cá, semanalmente, nossos leitores acompanharam a Solenidade em comemoração pelo Dia da Aviação de Caça, conheceram a estrutura atual da Aviação de Caça da FAB e detalhes do seu principal evento anual, a Reunião da Aviação de Caça. Na sequência, foi a vez de apresentar a história e os monumentos da Base Aérea de Santa Cruz, um dos templos sagrados e berços de nossa aviação de combate. Além das imagens e textos, o conjunto de matérias contou com inúmeras tabelas e infográficos exclusivos, apresentando dados nunca antes publicados, resultado de muita pesquisa e que esperamos, possam servir de referência e fonte de consulta para todos que se interessam por esse tema. 

Entretanto, nada disso seria possível, sem a ajuda de pessoas e Instituições que acreditaram no nosso trabalho. Fica aqui o nosso agradecimento aos integrantes da atual Diretoria da Associação Brasileira de Pilotos de Caça (ABRA-PC), ao Comando e à Seção de Comunicação Social da Base Aérea de Santa Cruz (BASC), além do já citado, Primeiro Grupo de Aviação de Caça, por todo o apoio, sem o qual, nada disso teria sido possível. Da mesma forma, gratidão a quem voou na nossa ala, nessa importante missão, em especial, ao colaborador e amigo, Ângelo dos Santos Melo, ao Coronel Aviador Refm e Historiador Aeronáutico, Aparecido Camazano Alamino, ao Coronel Aviador Refm Antônio Ricieri Biasus, aos Pesquisadores Aeronáuticos, Rudnei Dias da Cunha, Luis Gabriel e Vicente Vasquez, ao Restaurador Aeronáutico, Luciano André Schneider e a todos que de alguma forma, contribuíram para a realização dos conteúdos ou ajudaram na sua divulgação. Por fim, deixamos registrado nosso agradecimento mais que especial aos leitores do site Aviação em Floripa, por meio das visitas, comentários e palavras de incentivo. Vocês são o nosso pós-combustor, aqueles que nos dão ânimo e energia extra para seguir em frente e à plena potência, nos mantendo voando em "Céu de Brigadeiro", nivelados e em altitude de cruzeiro. Muito Obrigado!!