Entre os dias 1 e 19 de abril, a Base Aérea de Florianópolis (BAFL) está recebendo o Exercício Técnico (EXTEC) Pantera, com a presença de aeronaves H-60L Black Hawk e militares do 5º Esquadrão do 8º Grupo de Aviação (5º/8º GAv), também conhecido como Esquadrão "Pantera", Unidade Aérea pertencente à Aviação de Asas Rotativas da FAB, sediada em Santa Maria/RS. O objetivo principal do treinamento é aperfeiçoar as tripulações e equipes de resgate nas diversas técnicas que envolvem missões de Busca e Salvamento (SAR) em ambiente aquático, além de qualificar os integrantes recém-chegados à Unidade Aérea nesta atividade, uma das muitas realizadas pelo Esquadrão. A manobra também serve como um apronto para o Exercício Operacional (EXOP) Carranca, considerado o maior treinamento de Busca e Salvamento da América Latina, marcado para ocorrer durante o mês de maio, também em Florianópolis, o qual deve contar com o Esquadrão Pantera, entre os participantes.
Nota Editorial: A Força Aérea Brasileira define Exercício, como uma atividade militar conjunta ou singular, envolvendo forças reais ou fictícias, que tem por objetivo o preparo do pessoal militar para o cumprimento de Ações de Força Aérea específicas, sob a direção de uma Base Aérea designada. No âmbito do Comando de Preparo (COMPREP), que é o braço operacional e de pronto emprego da FAB, eles são subdidivididos em três tipos: Exercício Técnico (EXTEC), abrangendo o treinamento individual de uma Unidade Aérea ou focado em um único tipo de missão ou objetivo. Treinamentos de maior envergadura, reunindo meios aéreos distintos e envolvendo as diversas Aviações e Esquadrões, recebem as denominações de Exercício Operacional (EXOP) ou Exercício Conjunto (EXCON). Estes dois últimos, obrigatoriamente contam com uma estrutura própria de Comando e Planejamento, chamada de Direção do Exercício (DIREX), um cenário tático fictício e podem ter a participação de Unidades Militares da FAB, Marinha e/ou Exército.
Para a realização do seu treinamento, este ano o Esquadrão Pantera deslocou para a capital catarinense uma estrutura completa, composta por cerca de 50 militares do seu efetivo, entre tripulações, equipes de resgate, mecânicos, especialistas de diversas áreas, incluindo pessoal administrativo. Duas aeronaves H-60L Black Hawk estão em Florianópolis, uma delas, destinada ao treinamento e a outra permanecendo de prontidão 24h, cobrindo daqui, o Alerta SAR da região Sul do Brasil em apoio ao SALVAERO Sul, uma das muitas atribuições da Unidade Aérea. Durante o período do treinamento, haverá também o rodízio das tripulações e demais militares diretamente envolvidos nas atividades, oportunizando que um maior número de integrantes do Esquadrão, recebam este tipo de formação. Importante ressaltar que essa capacitação tem validade de um ano. Após este período, todos devem passar novamente pelo treinamento. Este é o motivo pelo qual, uma vez por ano, o Esquadrão Pantera vem a Florianópolis praticar as técnicas de resgate em ambiente aquático.
Com relação ao treinamento em si, dois tipos de missões compõem os objetivos principais da manobra, envolvendo cenários de resgate de pessoas na água e a Evacuação Aeromédica (EVAM) de tripulantes em embarcações. No primeiro caso, a localização da "vítima" na água é demarcada com o uso de um sinalizador de fumaça, que serve também para indicar a direção e intensidade do vento. De acordo com a condição da pessoa a ser resgatada, utiliza-se a alça de içamento ou a maca (em situações mais graves, como por exemplo, se houver suspeita de lesão ou fratura de coluna. Está previsto no treinamento ainda, nos próximos dias, missões conjuntas com a Marinha do Brasil, simulando o resgate em embarcação. Para tal, o Esquadrão Pantera deslocará sua aeronave para Navegantes, litoral norte catarinense, a fim de operar com o Navio de Apoio Oceânico (NApOc) G-150 "Mearim". Neste caso, o procedimento de resgate é muito semelhante ao feito na água, podendo o tripulante ser resgatado pela alça de içamento ou com o auxílio da maca. Em ambas as situações, ou seja, tanto no resgate sobre a água ou embarcação, a aeronave permanece todo o tempo em voo pairado a baixa altitude, demandando grande concentração dos pilotos.
Pode se dizer que o Esquadrão Pantera é um visitante frequente na capital catarinense, com a Base Aérea de Florianópolis sendo quase como sua segunda "casa". Desde os tempos em que operava com o lendário e saudoso H-1, a Unidade Aérea costuma se deslocar do interior gaúcho para o litoral catarinense, uma ou duas vezes por ano, a fim de realizar seus exercícios focados em missões de Busca e Salvamento ou de Tiro Aéreo, conhecidos anteriormente pelos nomes de "Guasca" e "Mata-Pato", respectivamente. A escolha por Florianópolis não é por acaso, pois a Ilha de Santa Catarina reúne as condições ideais para a prática dessas atividades, principalmente de resgate em ambiente aquático, com as calmas e abrigadas águas da Baía Sul, bem em frente à Base Aérea, servindo de cenário perfeito para os treinamentos. Além disso, a proximidade com o local, distante a poucos minutos de voo, resulta em substancial economia de combustível e maior tempo de treino. Soma-se a isso, o apoio logístico (alimentação e hospedagem para os militares, segurança e manutenção para as aeronaves), fornecido pela Base Aérea de Florianópolis. Sem ter uma Unidade Aérea orgânica desde 2017, quando o Esquadrão Phoenix foi transferido para Canoas/RS, de lá para cá, a BAFL se dedica em ser a casa de todas as Unidades Aéreas da FAB, atendendo-as com eficiência, profissionalismo e hospitalidade, virtudes sempre elogiadas e registradas com satisfação por todos que por lá passam.
No transcorrer do treinamento, uma situação real colocou à prova o Serviço de Busca e Salvamento da Força Aérea Brasileira. No final da manhã de quarta-feira (3/4), uma aeronave de pequeno porte havia decolado do Aeroclube de Santa Catarina (SSKT), localizado em São José, município da Grande Florianópolis, para a cidade de Videira, no meio oeste catarinense, entretanto, a falta de contato com os órgãos de controle aéreo e a ausência do pouso no destino final, deram início às buscas pelo monomotor, já na tarde do mesmo dia. Acionado pelo Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), um SC-105 Amazonas SAR do 2º Esquadrão do 10º Grupo de Aviação, com sede em Campo Grande/MS, avião especializado neste tipo de missão, se deslocou para Florianópolis e imediatamente começou o trabalho para localizar a aeronave. Graças à pronta resposta, ao empenho e experiência dos militares da FAB e aos equipamentos a bordo do SC-105 Amazonas, no dia seguinte o avião foi encontrado, na área rural do município catarinense de Ponte Alta do Norte, distante cerca de 70 km de Videira. O piloto, que viajava sozinho, foi resgatado com vida pela equipe a bordo do helicóptero H-60 do Esquadrão Pantera e trazido para a capital catarinense, sendo encaminhado ao Hospital Celso Ramos em Florianópolis, de forma a receber os cuidados médicos necessários.
No total, as duas aeronaves da FAB voaram aproximadamente 12 horas e cobriram uma área de mais de 1.500 Km². Este episódio serve para demonstrar toda a capacidade, o grau de prontidão e de preparo do Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico Brasileiro (SALVAERO), formado por diversas Organizações Militares tendo na ponta da lança, as Unidades Aéreas, as tripulações e as equipes de resgate. É uma cadeia coordenada, organizada e motivada, trabalhando diuturnamente com um único objetivo: "Para que outros possam viver!". Existe um famoso ditado militar que diz que "Você luta como você treina". Esta máxima também é verdadeira quando se trata de salvar vidas humanas. Por este motivo, exercícios como o que está ocorrendo em Florianópolis são tão importantes. É por intermédio deles que a FAB e suas equipes de resgate se capacitam para estar sempre prontas e preparadas para atuar nestas situações.
O 5º Esquadrão do 8º Grupo de Aviação é herdeiro direto do 5º Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (5º EMRA), ativado em 10 de novembro de 1972, em Santa Maria/RS e recebeu a atual designação em 9 de setembro de 1980. A Unidade é subordinada operacionalmente ao Comando de Preparo (COMPREP) e administrativamente à Base Aérea de Santa Maria (BASM), onde fica sediada. Entre as tarefas realizadas pelo Esquadrão Pantera estão as de Transporte Aeroterrestre, Busca e Salvamento, Ataque, Ligação e Observação e Evacuação Aeromédica. Para cumpri-las, utiliza desde 2011, o Sikorsky H-60L Black Hawk, considerado um dos melhores helicópteros multimissão do mundo, equipados com dois motores General Electric T-700-GE-701C, radar multimodo AN/APQ-174 e que também pode ser armado com duas metralhadoras rotativas General Electric M134 Minigun, com seis canos e calibre de 7,62 mm, instaladas nas janelas laterais da aeronave. O emblema da Unidade trás como elemento central, uma pantera negra com semblante agressivo. O lema do Esquadrão é a expressão "Oigalê Fera!", palavra típica das terras gaúchas, utilizada para exprimir admiração ou temor por algo. Atualmente a Unidade Aérea é comandada pelo Tenente-Coronel Aviador Kleison Reolon, ocupante do cargo desde janeiro deste ano.
O site Aviação em Floripa agradece à Força Aérea Brasileira, através do seu Centro de Comunicação Social (CECOMSAER), ao Comando da Base Aérea de Florianópolis e ao Esquadrão Pantera, através de suas respectivas Comunicações Sociais, pela autorização de acesso, oportunidade do registro de imagens, além das informações prestadas para a realização desta matéria.
4 comentários:
Parabéns pela qualidade do trabalho e do texto. Sua página engrandece a FAB!
Mais uma vez o esquadrão Pantera opera em situação real durante o treinamento, da última vez foi durante o deslocamento para o exercício por ocasião do furacão Catrina.
Parabéns Marcelo,baita matéria!!!
Parabéns Marcelo, conteúdo e imagens excelentes!
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