Todos os dias milhares de
passageiros chegam e saem da capital catarinense pelo Aeroporto Internacional
Hercílio Luz (FLN/SBFL). Imersos em suas atividades cotidianas e compromissos pessoais,
uma boa parcela deste contingente, muitas vezes não se dá conta que por trás de
cada pouso e decolagem, profissionais altamente qualificados e treinados estão diuturnamente,
durante os 365 dias do ano, zelando pela segurança de voo. Visitar as
instalações do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Florianópolis
(DTCEA-FL) e conhecer de perto o trabalho ali desenvolvido era um desejo antigo
deste editor e que na manhã desta quarta-feira (14/09), tornou-se realidade.
Tudo foi atentamente observado e registrado, materializando-se na presente
matéria, que compartilhamos a partir de agora com nossos leitores.
A divisão do Espaço Aéreo:
Para que o Controle do Espaço
Aéreo aconteça de forma efetiva e segura, além de treinamento constante por
parte dos profissionais envolvidos, todos os procedimentos, fraseologias e
termos utilizados devem ser padronizados, afinal de contas, a aviação é uma
atividade altamente globalizada, na qual a segurança de voo deve ser seguida à
risca, com margem de erro ou tolerância nula para improvisações. Tendo este princípio
como norte, o espaço aéreo em qualquer lugar do mundo deve obedecer às mesmas
regras, definidas e aprovadas pelas entidades e organizações aeronáuticas
nacionais e internacionais que regulamentam a circulação do tráfego aéreo.
Por espaço aéreo de um país,
entende-se como a porção da atmosfera que se sobrepõe ao seu território,
incluindo a parte marítima, indo do nível de superfície até 100 quilômetros de
altitude, no qual se detém o controle sobre a movimentação de aeronaves. A
Organização de Aviação Civil Internacional (OACI) divide o espaço aéreo em sete
tipos ou classes, cada uma delas com diferentes regras quanto à separação entre
aeronaves, vigilância exercida pelos órgãos de controle de tráfego aéreo,
exigência de autorização, condições meteorológicas mínimas para voos visuais,
limites de velocidade e obrigação de contato por rádio com os controladores de
tráfego. São designados com as letras de A a G, sendo o Espaço Aéreo Classe A,
o setor com o nível mais elevado de controle, enquanto que o classe G, diz
respeito ao espaço aéreo não controlado. No caso do espaço aéreo controlado,
existem regras específicas para voos por instrumentos (IFR, do inglês, Instrument Flight Rules) e para voos
visuais (VFR, do inglês, Visual Flight
Rules). Isto significa que, nesses espaços, os pilotos devem respeitar
diversos requisitos e normas de operação.
O quadro acima resume as características principais relacionadas a cada classe de Espaço Aéreo (fonte: www.ivao.com.br).
O quadro acima resume as características principais relacionadas a cada classe de Espaço Aéreo (fonte: www.ivao.com.br).
Outro tipo de divisão diz
respeito à verticalidade. Neste quesito, o espaço aéreo é classificado em
superior e inferior. O espaço aéreo inferior vai do nível do solo até o FL 245
(Nível de Voo 245 ou 24.500 pés, que em condição padrão de pressão equivale a
7.450 metros de altitude), excluindo-se este. O espaço aéreo superior vai do FL
245, inclusive, até o limite do espaço aéreo. O espaço aéreo superior é
horizontalmente dividido em áreas não controladas e áreas controladas chamadas
UTA (Área de Controle Superior), constituídas por aerovias e setores com grande
densidade de tráfego aéreo. O espaço aéreo inferior contém também regiões não
controladas, chamadas de FIR, e quatro tipos de espaços aéreos controlados:
ATZ ou Zona de Tráfego de Aeródromo: Espaço aéreo controlado pela Torre de Controle. É a área em que os controladores na Torre de Controle do
aeródromo têm contato visual com a aeronave em procedimento visual (VFR) de
pouso e decolagem.
Gráfico mostrando a área de atuação da ATZ (fonte: www2.ita.br).
CTR ou Zona de Controle: Espaço aéreo controlado cujo principal
objetivo é proteger aeronaves em pouso ou decolagem por instrumentos (IFR).
Geralmente os aeródromos que tem CTR não tem ATZ, porém os procedimentos de
pouso e decolagem visuais continuam sendo controlados pela Torre de Controle.
Gráfico mostrando a abrangência da CTR. No seu interior, encontra-se uma ATZ (fonte: www2.ita.br).
TMA ou Área de Controle Terminal: Espaço aéreo controlado situado
em regiões em que existe uma grande densidade de tráfego aéreo. Geralmente
situado ao redor de aeroportos importantes, destina-se ao controle dos
procedimentos de aproximação por instrumentos.
Gráfico mostrando a área coberta pela TMA. Observe duas CTRs no interior da figura, denotando o extenso espaço aéreo sob sua responsabilidade (fonte: www2.ita.br).
Gráfico mostrando a área coberta pela TMA. Observe duas CTRs no interior da figura, denotando o extenso espaço aéreo sob sua responsabilidade (fonte: www2.ita.br).
CTA ou Área de Controle Inferior: Espaço aéreo controlado no qual
situam-se as aerovias. Geralmente ficam entre os níveis FL 145 (cerca de 4.400
m de altitude) e o FL 245 (aproximadamente 7.450 m de altitude).
É para gerenciar, coordenar e
controlar a movimentação aérea que existe o Controle de Tráfego Aéreo (ATC, do
inglês Air Traffic Control), acompanhando, orientando e monitorando o percurso
das aeronaves no ar e no solo, para garantir um fluxo de maneira segura e ordenada. Os controladores de tráfego aéreo fornecem indicações e
autorizações de voo, de acordo com as características operacionais das
aeronaves e as condições de tráfego em determinado momento. Essas autorizações
podem incidir sobre a rota, altitude e/ou velocidade propostas pelo operador da
aeronave, para determinado voo, devendo os pilotos cumprir todas as instruções
e autorizações, inclusive repetindo-as para os controladores, para garantir que
não haja falhas ou dúvidas na comunicação. É importante ressaltar que durante
todo o seu trajeto pelo espaço aéreo, uma aeronave vai sendo acompanhada e “transferida”
aos diferentes órgãos de controle (que se mantém em contato permanente entre si),
conforme as distintas etapas do voo. São três tipos principais de órgãos de
controle:
Torre de Controle de Aeródromo (TWR, do inglês, Tower): Controla os
tráfegos de pousos e decolagens que ocorrem nas dependências do aeródromo em que está
instalada. Também controla o tráfego das aeronaves no solo. Dentro da área de
movimento do aeródromo, tem autoridade para controlar inclusive os
deslocamentos de pessoas e de veículos automotores.
Controle de Aproximação (APP, do inglês, Approach): Controla os
tráfegos que ocorrem dentro de uma CTR e/ou dentro de uma TMA, o que inclui
tanto as aeronaves que saíram do voo de cruzeiro (fase "em rota" ou en route) para descer, dentro da CTR ou
TMA, em direção ao aeródromo de destino (pouso), quanto a situação
inversa, ou seja, as aeronaves que saíram do aeródromo de partida
(decolagem) e que estão subindo dentro de uma CTR ou TMA para posteriormente
ingressarem no voo de cruzeiro.
Centro de Controle de Área (ACC, do inglês, Area Control Center): Controla os tráfegos que ocorrem dentro das Aerovias
(AWY), das Áreas de Controle (CTA) e das Áreas de Controle do Espaço Aéreo
Superior (UTA). Esses espaços aéreos interligam as TMA e as CTR umas com as
outras e são usados pelas aeronaves durante o voo de cruzeiro.
Quadro com as respectivas responsabilidades de cada órgão de controle sobre as diversas divisões do Espaço Aéreo (fonte: ivao.com.br)
A figura acima ajuda a entender como funciona a divisão do Espaço Aéreo e seus diversos órgãos de controle. De forma didática, pode ser comparado a uma enorme caixa, com dimensões definidas e funções específicas, com cada área sendo controlada por um ou mais órgãos (fonte: ivao.com.br).
Quadro com as respectivas responsabilidades de cada órgão de controle sobre as diversas divisões do Espaço Aéreo (fonte: ivao.com.br)
A figura acima ajuda a entender como funciona a divisão do Espaço Aéreo e seus diversos órgãos de controle. De forma didática, pode ser comparado a uma enorme caixa, com dimensões definidas e funções específicas, com cada área sendo controlada por um ou mais órgãos (fonte: ivao.com.br).
O décimo terceiro trabalho de Hércules:
De acordo com a Mitologia, para
aplacar a ira dos deuses e provar a sua força e coragem, o herói greco-romano conhecido como Hércules ou Héracles, deveria realizar doze trabalhos ou façanhas, impossíveis de serem executadas
por meros mortais. Ao nos transportarmos para a realidade e verificarmos as
dimensões gigantescas do Brasil, além da necessidade de prover uma eficiente e
completa cobertura radar sobre o território nacional (que por força de tratados
internacionais se estende muito além de suas fronteiras), fica fácil perceber
que monitorar este imenso espaço aéreo, se assemelha a um ofício digno das proezas daquele personagem mítico. Para cumprir esta tarefa hercúlea, algo sui generis deveria ser pensado.
Somando-se a Extensão Territorial, a Zona Econômica Exclusiva e os Acordos Internacionais, o Brasil é responsável por prover Controle do Espaço Aéreo e executar missões de Busca e Salvamento (SAR) numa aérea equivalente a mais de duas Europas inteiras (Fonte da imagem: Defesanet).
Somando-se a Extensão Territorial, a Zona Econômica Exclusiva e os Acordos Internacionais, o Brasil é responsável por prover Controle do Espaço Aéreo e executar missões de Busca e Salvamento (SAR) numa aérea equivalente a mais de duas Europas inteiras (Fonte da imagem: Defesanet).
Os avanços da aviação
experimentados a partir da década de 30, tornaram o avião o meio de transporte
mais eficiente e rápido para se cruzar grandes distâncias, popularizando os
voos comerciais em todo o mundo. Para regular, padronizar e fiscalizar a
atividade área mundial foi criada em abril de 1947, a Organização da Aviação
Civil Internacional (OACI), entidade ligada à Organização das Nações Unidas
(ONU) e que tem sua com sede na cidade de Montreal, Canadá. Como Membro-Fundador,
o Brasil começou ainda em meados da década de 40, a organizar o controle do seu
espaço aéreo, através da criação da Diretoria de Rotas Aéreas (vinculada ao
Ministério da Aeronáutica) e com a instalação dos primeiros equipamentos de
auxílio à navegação aérea espalhados pelo território nacional.
Logotipo da Organização da Aviação Civil Internacional.
Durante os anos seguintes o país
seguiu aprimorando e ampliando sua rede de comunicações, radares e demais
equipamentos de proteção ao voo, porém, o grande divisor de águas ocorreu no
final da década de 60, quando a escassez de aporte financeiro, frente aos
constantes avanços tecnológicos na área de eletrônica e o crescente aumento na
quantidade de voos, exigiu uma solução pioneira de forma a otimizar os parcos
recursos. Nascia assim, o Sistema de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo
(SISDACTA), capitaneado por uma ideia então inédita no mundo, ou seja, integrar
dentro de uma mesma estrutura, o monitoramento e o controle das atividades
pertencentes à Circulação Aérea Geral e à Defesa Aerospacial, conceito que
ganhou forma definitiva em 1976 com a implantação do Primeiro Centro Integrado
de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (CINDACTA I), em Brasília/DF.
Inicialmente visto com desconfiança e alvo de críticas, o modelo brasileiro
hoje é tido como exemplar, sendo inclusive recomendado pela OACI aos demais
países-membros
O Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro:
Com uma área total sob sua
responsabilidade de cerca de 22 milhões de quilômetros quadrados (envolvendo o território
brasileiro e boa parte das águas do Atlântico Sul), esta enorme superfície,
equivalente a quase duas vezes e meia o continente europeu, encontra-se atualmente
inserida no Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), estrutura
sob responsabilidade do Comando da Aeronáutica e que tem como ponto central, o
Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), com sede no Aeroporto Santos
Dumont, no Rio de Janeiro/RJ. Compete a este órgão, entre outras atribuições, o
gerenciamento das atividades relacionadas com o Controle do Espaço Aéreo, com a
Proteção ao Voo e com o serviço de Busca e Salvamento, assim como o apoio
logístico e a segurança de Sistemas de Informação necessários à realização
dessas atividades.
Mapa do Brasil mostrando a área de atuação dos quatro CINDACTA e as cinco Regiões de Informação de Voo (FIR) sob responsabilidade do SISCEAB (Fonte: DECEA).
Mapa do Brasil mostrando a área de atuação dos quatro CINDACTA e as cinco Regiões de Informação de Voo (FIR) sob responsabilidade do SISCEAB (Fonte: DECEA).
Para cumpri-las com eficiência
conta com treze Organizações Militares diretamente subordinadas e mais de 12
mil profissionais distribuídos em uma complexa rede operacional composta por 5
Centros de Controle de Área (ACC Brasília, ACC Curitiba, ACC Amazônico, ACC
Recife e ACC Atlântico), vinculados aos quatro Centros Integrados de Defesa
Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA), localizados nas cidades de
Brasília/DF, Curitiba/PR, Recife/PE e Manaus/AM; 47 Centros de Controle de
Aproximação (APP); 59 Torres de Controle de Aeródromo (TWR); 79 Destacamentos
de Controle do Espaço Aéreo (DTCEA); 90 Estações de Telecomunicações
Aeronáuticas; 75 Estações Prestadoras de Serviços de Telecomunicações e de
Tráfego Aéreo; 170 Radares; 50 Sistemas de Pouso por Instrumentos (ILS); além
de muitos outros equipamentos de auxílio à navegação aérea. É um destes
Destacamentos de Controle do Espaço Aéreo, seus setores e serviços prestados,
que passamos a apresentar aos nossos leitores a seguir.
Para cumprir com suas responsabilidades, O DECEA conta em sua estrutura com 13 Organizações Militares subordinadas.
Para cumprir com suas responsabilidades, O DECEA conta em sua estrutura com 13 Organizações Militares subordinadas.
O DTCEA-FL
As atividades aéreas na capital
catarinense começaram a ganhar forma a partir de 1923, com a instalação do
Centro de Aviação Naval, vinculado à Marinha do Brasil, ocupando área onde hoje
se encontra a Base Aérea de Florianópolis (BAFL). Desde o início já se tinha a
preocupação com o controle aéreo e a segurança de voo, porém, a primeira Torre
de Controle em Florianópolis foi construída pelos americanos somente após o término da
Segunda Grande Guerra, em 1945, localizada entre a Base Aérea e o Aeroporto e
próxima à pista de táxi que dá acesso à Base.
Segunda Torre de Controle do Aeroporto, atualmente desativada.
Vista a partir da Torre de Controle, dos pátios principal e secundário do Aeroporto Hercílio Luz. Observe no canto direito da foto, a antiga Torre de Controle.
Vista aérea mostrando as pistas de pouso e decolagem, suas respectivas cabeceiras e a localização do DTCEA-FL dentro da área do Aeroporto Internacional Hercílio Luz (Foto: DTCEA-FL).
Em 1950 foi construído o
aeroporto novo (instalações atuais), onde depois foi situado o Núcleo de
Proteção ao Voo. A Torre de Controle de concreto junto ao Aeroporto foi
construída no ano de 1968 e definitivamente ocupada a partir de 1970. Finalmente, em 30 de
outubro de 1979, por meio da Portaria nº 1351/GM3, o Núcleo de Proteção ao Voo
foi ativado e elevado ao nível de Destacamento de Categoria “A”. Atualmente, o DTCEA-FL é
subordinado administrativamente à Base Aérea de Florianópolis (BAFL) e
operacionalmente ao Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de
Tráfego Aéreo (CINDACTA II), e tem por finalidade prover os serviços de Controle de Tráfego Aéreo,
a prestação de Informações Meteorológicas e Aeronáuticas, Comunicações e a manutenção dos equipamentos de auxílio à navegação aérea, à aproximação e ao pouso nas pistas do Aeroporto Hercílio Luz.
Entre os principais equipamentos do DTCEA-FL, está o radar primário e secundário (com a antena em forma de barra horizontal). O Radar Primário emprega o mesmo princípio de funciomento dos primeiros radares, permitindo que a posição da aeronave seja determinada através da análise de sinais de radiofrequência que são enviados e, então, “rebatidos” pela mesma. Já o Radar Secundário, além de receber informações sobre a identidade e a altitude de cada sinal captado na tela, analisa outras informações de voo, emitidas através do transponder das aeronaves.
Outro equipamento de fundamental importância é o DVOR (da sigla em inglês, Doppler VHF Omnidirectional Range), responsável por informar aos pilotos, por intermédio de equipamentos instalados a bordo, a localização da aeronave em relação ao aeródromo.
ILS ou Sistema de Pouso por Instrumentos (do inglês, Instrument Landing System), equipamento responsável por fornecer informações para o alinhamento com o eixo da pista (localizer) e com o ângulo correto de descida (glideslope). Florianópolis opera ILS do tipo CAT I, suficiente para as condições geográficas e meteorológicas da região onde o aeroporto está localizado (Foto: DTCEA-FL).
Tendo como missão principal, operar e manter os equipamentos de Controle do Espaço Aéreo na área de Florianópolis e Navegantes, o DTCEA-FL conta com um efetivo de cerca de 150 profissionais, distribuídos nas Seções de Administração (SA), de Operações (SO) e Técnica (ST), cada uma delas com suas responsabilidades e setores subordinados. O efetivo é composto por militares de várias especialidades, entre elas, Controle de Tráfego Aéreo, Meteorologia, Comunicações, Informações Aeronáuticas, Administração, Eletrônica, Eletromecânica, Eletricidade e Suprimento. Atualmente o Destacamento é comandado pelo Major Especialista em Controle de Tráfego Aéreo Marcus Luiz Pogianelo, 46 anos de idade, natural de Juiz de Fora/MG, estando à frente da Organização Militar desde janeiro deste ano.
Rotas de chegada e saída ligando os Aeroportos de Campinas (SBKP), Brasília (SBBR), Curitiba (SBCT), Congonhas (SBSP), Guarulhos (SBGR), Galeão (SBGL), Santos Dumont (SBRJ), Porto Alegre (SBPA) e Chapecó (SBCH) a Florianópolis (Fonte: DTCEA-FL).
Áreas propostas para a utilização do Aeroclube de Santa Catarina (SSKT), em São José (Fonte: DTCEA-FL).
Entre os principais equipamentos do DTCEA-FL, está o radar primário e secundário (com a antena em forma de barra horizontal). O Radar Primário emprega o mesmo princípio de funciomento dos primeiros radares, permitindo que a posição da aeronave seja determinada através da análise de sinais de radiofrequência que são enviados e, então, “rebatidos” pela mesma. Já o Radar Secundário, além de receber informações sobre a identidade e a altitude de cada sinal captado na tela, analisa outras informações de voo, emitidas através do transponder das aeronaves.
Outro equipamento de fundamental importância é o DVOR (da sigla em inglês, Doppler VHF Omnidirectional Range), responsável por informar aos pilotos, por intermédio de equipamentos instalados a bordo, a localização da aeronave em relação ao aeródromo.
ILS ou Sistema de Pouso por Instrumentos (do inglês, Instrument Landing System), equipamento responsável por fornecer informações para o alinhamento com o eixo da pista (localizer) e com o ângulo correto de descida (glideslope). Florianópolis opera ILS do tipo CAT I, suficiente para as condições geográficas e meteorológicas da região onde o aeroporto está localizado (Foto: DTCEA-FL).
Tendo como missão principal, operar e manter os equipamentos de Controle do Espaço Aéreo na área de Florianópolis e Navegantes, o DTCEA-FL conta com um efetivo de cerca de 150 profissionais, distribuídos nas Seções de Administração (SA), de Operações (SO) e Técnica (ST), cada uma delas com suas responsabilidades e setores subordinados. O efetivo é composto por militares de várias especialidades, entre elas, Controle de Tráfego Aéreo, Meteorologia, Comunicações, Informações Aeronáuticas, Administração, Eletrônica, Eletromecânica, Eletricidade e Suprimento. Atualmente o Destacamento é comandado pelo Major Especialista em Controle de Tráfego Aéreo Marcus Luiz Pogianelo, 46 anos de idade, natural de Juiz de Fora/MG, estando à frente da Organização Militar desde janeiro deste ano.
Maj. Esp. CTA Pogianelo, Comandante do DTCEA-FL.
Durante nossa visita, tivemos oportunidade em conhecer algumas dependências e atividades realizadas pelo DTCEA-FL, entre elas, o setor responsável pela Meteorologia. Duas vezes por dia (08:30 h e 20:30 h) são lançados balões contendo um sensor ou radiossonda, que registra os dados de Temperatura, Pressão Atmosférica e Umidade Relativa do Ar, informações essenciais para a previsão meteorológica fornecida aos pilotos e às empresas aéreas, tendo em vista a segurança das operações de voo e do próprio aeródromo.
Procedimento de soltura do Balão Meteorológico (Foto: DTCEA-FL).
Estação de recebimento dos dados meteorológicos,
Radiossonda
A radiossonda transmite em tempo real os dados de temperatura, pressão atmosférica e umidade relativa do ar, que são coletados e analisados por um programa específico em terra.
Acompanhado pelo Major Pogianelo, conhecemos a Torre de Controle (TWR) e a sala do Controle de Aproximação (APP Florianópolis), setor responsável por monitorar todas as aeronaves que trafegam pela Área Terminal de Florianópolis (TMA FL).
Vista geral do interior da Torre de Controle.
Aeronave vindo para o pouso pela cabeceira 32, vista a partir da Torre de Controle.
Aeronave vindo para o pouso pela cabeceira 32, vista a partir da Torre de Controle.
Vista geral do Controle de Aproximação.
Controladores de Tráfego Aéreo operando em seus consoles.
Console mostrando a TMA e a CTR Florianópolis.
Detalhe da tela onde se pode ver as TMA de Florianópolis (mais abaixo), Navegantes e Joinville. Os plotes alfanuméricos na cor laranja são aeronaves.
Sala de Treinamento, onde diversas situações são simuladas.
Numa área diretamente ligada aos avanços da eletrônica e da informática, os equipamentos utilizados pelos controladores têm que estar sempre atualizados. Na foto, o console utilizado até 2006.
Muito em breve o Controle do Espaço Aéreo na área sob responsabilidade do CINDACTA II passará por mudanças significativas, com uma nova e completa reestruturação das rotas aéreas na região Sul do Brasil. Tendo em vista um melhor gerenciamento do tráfego aéreo, disciplinar de forma mais segura os espaços aéreos utilizados pelos vários tipos de usuários, a otimização de recursos e em consonância com os avanços da aviônica a bordo das aeronaves e com as mais recentes tecnologias de controle do espaço aéreo, o DECEA, deverá implantar a partir de meados do ano que vem a chamada Navegação Baseada em Performance (PBN, do inglês, Performance-Based Navigation).
O novo sistema, já em uso nas principais rotas e aeroportos da região Sudeste do país, altera a forma como os aviões navegam pelo espaço aéreo, desligando-se dos auxílios em terra, como por exemplo VOR, DVOR, NDB, entre outros, passando a utilizar sinais de satélite como referência, fazendo com que o percurso entre os pontos de partida e chegada possa ser cumprido através de rotas mais diretas, gerando economia de tempo e combustível. Falando especificamente de Florianópolis, uma das principais mudanças será a junção das Áreas Terminais de Florianópolis e Navegantes em uma única TMA, que passará a ser controlada a partir das instalações do DTCEA-FL, ficando sob a responsabilidade de Navegantes, o controle e monitoramento final dos pousos e decolagens, através da Torre de Controle daquele aeródromo.
A figura acima mostra as dimensões atuais da CTR (20 nm/37 km) e da TMA Florianópolis (35 nm/70 km), respectivamente delimitadas verticalmente pelos FL 60 (6.000 pés ou 1,8 km) e FL 145 (14.500 pés ou 4,4 km).
Nova TMA FL, a ser implantada, englobando as atuais Áreas Terminais de Florianópolis e Navegantes (Fonte: DTCEA-FL).
Além da implementação de novas Aerovias, procedimentos de chegada e saída à nova Terminal de Florianópolis, novas áreas de instrução e treinamento envolvendo os diversos setores ligados à atividade aérea (aeroclubes, escolas de pilotagem, de paraquedismo, aviação desportiva e atividades recreativas aéreas), também foram pensadas de acordo com as experiências vivenciadas ao longo do tempo, buscando uma melhor e mais segura utilização do espaço aéreo para todos os usuários. É importante ressaltar que, quando tudo estiver implantado e em funcionamento, a nova Área Terminal de Florianópolis terá uma movimentação aérea maior que Curitiba e equivalente a Porto Alegre, de acordo com os dados estatísticos de 2015 do Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA).
No gráfico acima (Distância x Altitude), é possível observar que a nova TMA Florianópolis terá seu limite "colado" à TMA Curitiba, propiciando uma melhor cobertura do Espaço Aéreo (Fonte: DTCEA-FL).
Áreas propostas para a utilização do Aeroclube de Santa Catarina (SSKT), em São José (Fonte: DTCEA-FL).
Áreas destinadas para a prática de Voo Livre e Parapente (Fonte: DTCEA-FL).
Áreas destinadas para a prática de Paraquedismo (Fonte: DTCEA-FL).
Conforme evidenciado na introdução desta matéria, conhecer as instalações do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Florianópolis era um desejo antigo e uma pauta há tempos almejada para ver estampada nas páginas do blog Aviação em Floripa. Podemos dizer que a visita superou todas as expectativas e serviu acima de tudo, para atestar o profissionalismo e a dedicação de todos os integrantes desta Organização Militar da Força Aérea Brasileira, imbuídos do propósito de zelar pela Soberania Nacional e pela Segurança de Voo.
Esperamos que o conteúdo aqui apresentado possa ter cumprido a contento o objetivo principal ao qual nos propusemos, isto é, mostrar através de fotos e informações, como funciona o Controle do Espaço Aéreo do Aeroporto Internacional Hercílio Luz e os diversos setores e atividades desenvolvidas pelo Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Florianópolis, fornecendo elementos que contribuam para se entender a importância dos serviços prestados pela Organização em prol do controle e da proteção ao voo.
Agradecimentos:
Gostaríamos de agradecer à Comunicação Social da Base Aérea de Florianópolis pelo apoio e contato para o agendamento da visita. Agradecimentos mais que especiais ao Cap. Esp Met Jaime, Chefe da Comunicação Social do DTCEA-FL e ao Maj. Esp CTA Pogianelo, Comandante do DTCEA-FL, pelo acompanhamento e pelas informações prestadas. Como bons anfitriões, não mediram esforços para atender com presteza e paciência as nossas solicitações, tornando a nossa visita, sem dúvidas, agradável e proveitosa. Sem o suporte destes profissionais, a realização desta matéria não teria sido possível.
7 comentários:
Parabéns Marcelo. Muito grata pelas imagens e informações.
Angelita Pereira R.
Parabéns Marcelo. Muito grata pelas imagens e informações.
Angelita Pereira R.
Bela matéria Maninho!!!
Parabéns pelo trabalho. Muito além da simples narrativa de uma visita.
Claudio "jambock" Severino da Silva
Show de matéria Marcelão.
Obrigado a todos pelos comentários. Eles são a bússola que mostra que estamos no caminho certo e o combustível para seguirmos em frente.
Moderador do site...... está EXCELENTE o conteúdo que o senhor ou senhora apresentou. Estou estudando para o PP e só aqui consegui esclarecer muitas duvidas. Grato e um abraços.
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