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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Exercício SAR I: Voando com o 1º G.T.T.




Até o início desta semana, a população de Florianópolis e região, ao olhar para o céu, teve a chance de ver, além dos habituais aviões comerciais, os quadrimotores C-130 Hercules da Força Aérea Brasileira, com seu ruído e silhueta inconfundíveis. Utilizando desde o dia 16 do mês passado, o pátio da Base Aérea de Florianópolis como ponto de partida das missões, os aviões, pertencentes ao Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT) e ao Primeiro Grupo de Transporte de Tropas (1º GTT), ambos sediados na Base Aérea do Galeão, localizada no Rio de Janeiro (RJ), participaram na capital catarinense de uma série de treinamentos.

Denominado de SAR I, o exercício teve seu foco em uma das muitas missões executadas pelas duas Unidades Aéreas, a de Busca e Salvamento (SAR, do inglês, Search And Rescue) e é parte do seu treinamento anual, agora feito de forma conjunta por ambos os esquadrões, com o objetivo de qualificar as tripulações que já voam o C-130, bem como capacitar os novos integrantes, nas diversas técnicas e peculiaridades deste tipo de missão. O lançamento de cargas que simulam botes e kits de sobrevivência e a realização de buscas programadas sobre o mar e a terra, estavam entre as situações que foram treinadas em Florianópolis.

Na última quinta-feira (31/07), a Base Aérea de Florianópolis foi palco do Mídia Day, evento organizado pela Seção de Comunicação Social da Unidade e pela direção do exercício, dirigido aos veículos de imprensa interessados em conhecer e divulgar a manobra, entre eles, o blog Aviação em Floripa. Dentre as atividades planejadas para o dia, sem dúvida, o ponto alto, foi a oportunidade única de poder realizar uma missão completa de Busca e Salvamento a bordo de uma das aeronaves C-130 Hercules, tema central desta matéria.

O voo, programado para o período da tarde, teve uma duração de cerca de quatro horas e incluiu dois lançamentos de botes sobre a Baía Sul, logo após a decolagem. Em seguida a aeronave rumou para a realização de buscas em mar aberto (em direção ao norte do Estado) tendo como limite, áreas localizadas entre Barra Velha e o sul do município de Joinville. Neste ponto as buscas passaram a ocorrer sobre terra, no sentido inverso, de volta a Florianópolis. Antes do pouso, ainda foram efetuados dois lançamentos de kits de sobrevivência, sobre a pista 03/21 do Aeroporto Internacional Hercílio Luz.

O blog Aviação em Floripa participou deste voo e, a partir de agora, compartilha com seus leitores esta experiência ímpar e inesquecível. Através de fotos e de alguns vídeos mostraremos o passo-a-passo do treinamento. De forma a tornar a matéria mais dinâmica e próxima do que vivenciamos, as fotos e os vídeos estarão dispostos na ordem cronológica do voo e, sempre que possível, acrescentaremos pequenos textos abaixo das mesmas, com o objetivo de fornecer detalhes e informações adicionais. Então, bem-vindos a bordo e um bom voo!



O avião escalado para o voo foi FAB 2462. Sob a designação de KC-130M, é um dos dois Hercules da FAB, que, além das outras atribuições, cumpre as missões de Reabastecimento em Voo (REVO).


Para as missões de Busca e Salvamento, o Hercules é equipado com um dispositivo removível, colocado sobre a parte inferior da rampa traseira. As laterais altas (na cor laranja) funcionam como um quebra-vento, protegendo a equipe de resgate e minimizando a ação do vento durante a operação de lançamento de botes ou kits de sobrevivência.


Militares do 1º G.T.T. preparam a aeronave para o voo. É impressionante o número de pessoas envolvidas e a quantidade de detalhes que precisam ser observados para que a missão alcance seus objetivos.


 Foto 1

Foto 2

As cargas que simulam os botes (foto 1) e os kits de sobrevivência (foto 2) são transportadas até a aeronave. Como se trata de um exercício, não há a necessidade de se utilizar equipamento real. Entretanto, para que o treinamento seja efetivo, elas precisam apresentar o mesmo formato e peso, permitindo que tenham trajetória idêntica durante o lançamento.


As primeiras cargas já posicionadas e presas sobre a rampa e os assentos dos observadores fixados em suas posições, indicam que a hora do voo se aproxima.


O principal detalhe do compartimento interno desta versão do Hercules, são os dois enormes tanques de combustível, utilizados para reabastecer em pleno voo as aeronaves de caça e ataque da FAB. Na ponta de cada asa há um casulo com uma mangueira retrátil, responsável por levar o combustível até os aviões. O KC-130, em caso de necessidade, também pode utilizar o combustível desses tanques, elevando consideravelmente a sua autonomia de voo.


Acompanhamos da cabine, todo o processo de acionamento dos motores, o táxi e a decolagem da cabeceira 32 da pista principal do Aeroporto Internacional Hercílio Luz, conforme mostra a sequência de fotos abaixo. Toda a frota de C-130 da FAB passou recentemente por um programa de modernização, no qual o principal destaque foi a substituição do painel de instrumentos analógico por outro, dominado por várias telas digitais, diminuindo significativamente a carga de trabalho dos pilotos durante o voo.












Os dois vídeos abaixo mostram um trecho do táxi do KC-130 e a decolagem da cabeceira 32 do Aeroporto Internacional Hercílio Luz. O barulho dentro do avião é ensurdecedor, por este motivo, a tripulação utiliza fones de ouvido durante todas as etapas do voo.




Nota editorial: Em breve os links serão suprimidos e os vídeos poderão ser visualizados diretamente na matéria.


Após a decolagem, seguimos para a Baía Sul, onde foi realizado o treinamento de lançamento de botes. Nesse momento a rampa traseira é aberta e os militares envolvidos na operação posicionam-se na extremidade da mesma. Todos, inclusive nós, utilizam um dispositivo de segurança chamado de “macaquinho”. Composto por um conjunto de tiras de lona, passadas entre os braços e as pernas e um prolongamento, que é preso ao piso do avião por intermédio de um gancho, o equipamento permite e ao mesmo tempo limita o deslocamento dentro da aeronave, evitando que alguém corra o risco de cair da mesma durante o voo.

Antes do lançamento é feita uma passagem, na qual é jogado na água um sinalizador que irá indicar o local aonde os botes devem cair. A aeronave inicia um novo circuito, realizado a 500 pés (cerca de 150 metros) de altura, posicionando-se então para efetuar o lançamento. O conjunto é composto por cinco itens ligados entre si, que são lançados em sequência. Com mais de 300 metros de comprimento, se disposto em linha reta, numa situação real, além de botes infláveis, conteria diversos equipamentos para a sobrevivência no mar, como água, rádio para comunicação, alimentos, entre outros. Durante o nosso voo, foram realizados dois desses procedimentos, ilustrados pela sequência de fotos abaixo:


 Rampa traseira aberta, é hora de iniciar os preparativos para a primeira etapa do treinamento: o lançamento de botes.




Enquanto a aeronave posiciona-se para uma nova passagem sobre a Baía Sul, para nós, meros expectadores, dá tempo para apreciar as belas paisagens da Ilha de Santa Catarina, onde está localizada a cidade de Florianópolis.


Na mão do tripulante, o sinalizador que irá demarcar o local de lançamento.


O vídeo abaixo mostra todo o procedimento de lançamento, desde a abertura da parte inferior da rampa traseira do avião, o posicionamento das cargas, o lançamento e o momento em que o conjunto atinge a água.



Nota editorial: Em breve o link será suprimido e o vídeo poderá ser visualizado diretamente na matéria.


Finalizado o lançamento de botes e com a rampa traseira fechada, foi colocada em prática a segunda fase do nosso voo, envolvendo procedimentos de busca em alto-mar e em terra. De Florianópolis seguimos em direção ao norte do Estado, até as proximidades da área sul do município de Joinville. Após uma passagem baixa sobre a pista do Aeroporto Internacional Ministro Victor Konder, em Navegantes, o avião acompanhou o litoral até a altura de Barra Velha, quando iniciou o seu retorno para Florianópolis, desta vez, sobre terra, realizando buscas neste tipo de terreno. As técnicas empregadas no treinamento foram as denominadas de Pente e do Quadrado Crescente. Na primeira, o avião voa em linhas retas paralelas e separadas entre si por uma pequena distância. Já no Quadrado Crescente, a área de busca parte de um ponto central e vai se ampliando. Estas são apenas duas das muitas técnicas utilizadas, de acordo com a situação, pelas equipes de Busca e Salvamento.



Voando sobre o mar ou terra, o KC-130 percorre rotas pré-determinadas de acordo com o planejamento feito antes da decolagem ou com as informações recebidas ou atualizadas durante o voo. A grande autonomia da aeronave permite que ela permaneça por um tempo prolongado sobre a área de busca, sendo uma forte aliada para o sucesso da missão.


Nesta etapa do exercício, os protagonistas são os observadores. Sentados diante de portas de vidro especialmente colocadas nas laterais da aeronave para este tipo de missão, suas armas principais são os olhos e a atenção máxima a qualquer detalhe que indique a localização do que se está procurando. Utilizando fones de ouvido com microfone, eles têm contato permanente com os pilotos, repassando informações ou orientando-os a seguir em determinada direção. As buscas pelo voo AF447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico, em maio de 2009, quando fazia o voo entre o Rio de Janeiro e Paris, ainda são uma lembrança bem viva e uma referência para todos os integrantes da FAB que participaram daquela missão. Na época, uma equipe de buscas multinacional foi montada para achar os destroços do avião, entretanto, foi uma equipe da Força Aérea Brasileira, a bordo de um C-130, a primeira a localizar parte deles.






Ocupando assentos estrategicamente posicionados para desempenhar o seu trabalho, os observadores durante uma missão de busca, têm a tarefa de procurar qualquer indício que leve ao objetivo. Atenção, capacidade de concentração e visão apurada, são predicados importantes quando cada segundo conta para o salvamento de vidas.


De volta a Florianópolis, teve início a terceira e última parte do treinamento, através de lançamentos de material simulando kits de sobrevivência, nas proximidades da pista 03/21 do Aeroporto Internacional Hercílio Luz. Uma equipe em solo e um sinalizador de fumaça, marcavam o local onde o objeto deveria cair. Após uma passagem de reconhecimento, a aeronave iniciava uma nova aproximação, feita a 500 pés de altura, baixando para 300 pés no momento do lançamento.


Preparativos para o lançamento dos kits de sobrevivência.



A Ponta da Daniela e as duas ilhas de Ratones, nos davam a confirmação de que estávamos novamente em Florianópolis.




Enquanto aguardava autorização da Torre de Controle do Aeroporto Internacional Hercílio Luz para prosseguir para a área de lançamento, o KC-130 efetuou diversas órbitas sobre a Ilha de Santa Catarina e sobre a parte continental de Florianópolis.


Esperando o momento certo para lançar.


Vista das obras de construção do novo Terminal de Passageiros do Aeroporto Internacional Hercílio Luz.


O início do alinhamento para o lançamento tinha como referência o Ribeirão da Ilha, uma das mais tradicionais comunidades de Florianópolis.


A sequência de fotos abaixo mostra os dois lançamentos dos kits de sobrevivência sobre a pista 03/21. Embora efetuado a baixa altura, é preciso uma correta avaliação da direção e intensidade do vento, para que o fardo não caia distante do objetivo.














Após quase quatro horas de voo, o KC-130 toca a pista principal do Hercílio Luz. Para a tripulação da aeronave, mais uma missão cumprida. Para nós, uma mistura de sentimentos passando pela alegria de novamente estar em terra firme e a tristeza de saber que aquela experiência estava chegando ao fim.




A foto abaixo mostra a tripulação do FAB 2462. Deixamos aqui registrado o nosso agradecimento aos militares do 1º G.T.T. que não mediram esforços para nos orientar e auxiliar durante todas as etapas do voo, atendendo dentro do possível, todas as nossas solicitações. De colete preto, Marcelo Lobo da Silva, editor do blog Aviação em Floripa e, ao seu lado, o amigo de longa data, Giulliano Frassetto, do site Máquinas Voadoras.




Ao final desta matéria, esperamos ter conseguido passar aos nossos leitores, as peculiaridades de uma missão de Busca e Salvamento. Mais uma vez, agradecemos à Força Aérea Brasileira, ao Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, à Seção de Comunicação Social da Base Aérea de Florianópolis e à organização do Exercício SAR I por esta fantástica oportunidade.





5 comentários:

Raul Pereira disse...

Espetacular... Parabéns...

fernandalobo1 disse...

Muito bacana a matéria e os vídeos!!!
Parabéns!!!
Orgulho!!!

Anônimo disse...

Excelente registros!! Parabéns!

Gustavo Ulloque disse...

Excelente!!!!!!

Gustavo Ulloque disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

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