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segunda-feira, 26 de maio de 2025

RAP 2025: A Aviação de Patrulha reunida em Florianópolis

 


Entre os dias 22 e 24 de maio, a Base Aérea de Florianópolis, sediou mais uma edição da Reunião da Aviação de Patrulha (RAP), tradicional encontro entre suas Unidades Aéreas. O ponto alto do evento aconteceu no sábado, dia 24/5, com a realização da Solenidade Militar alusiva aos 83 anos da Aviação de Patrulha da Força Aérea Brasileira. A Cerimônia também comemorou os 84 anos de criação da Base Aérea de Florianópolis e encerrou a 38ª Reunião da Aviação de Patrulha, que acontece desde 1983, quando ocorreu a primeira edição, por coincidência, tendo a capital catarinense como sede. A Solenidade foi presidida pelo Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, ele próprio um patrulheiro de carreira, além de autoridades militares, convidados, integrantes das Unidades Aéreas atuais e veteranos. Acompanhe a partir de agora, em fotos gentilmente cedidas pelo amigo e colaborador, Giulliano Bittencourt Frassetto e pela Seção de Comunicação Social da Base Aérea de Florianópolis, os principais momentos do cerimonial.

Tropa perfilada no pátio durante a Solenidade.

Cada Unidade Aérea enviou para Florianópolis, uma de suas aeronaves. Na foto, o P-95BM Bandeirante Patrulha com a matrícula FAB 7108, pertencente ao Esquadrão Phoenix, sediado em Canoas/RS.

Busto do Major-Brigadeiro do Ar Dionísio Cerqueira de Taunay, Patrono da Aviação de Patrulha da Força Aérea Brasileira. Veterano de guerra, o Oficial realizou 74 missões de combate durante a Segunda Guerra Mundial. Em uma dessas ações, atacou um submarino alemão e conseguiu retornar em segurança, mesmo após severos danos em sua aeronave.

A Solenidade foi presidida pelo Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar, Marcelo Kanitz Damasceno (ao centro). Foto: SCS/BAFL


Deposição de coroa de flores junto ao busto do Major-Brigadeiro do Ar Dionísio Cerqueira de Taunay, Patrono da Aviação de Patrulha da Força Aérea Brasileira. Fotos: SCS/BAFL

Pavilhão Nacional assumindo lugar de destaque durante a Solenidade. Foto: SCS/BAFL



Entrega da Medalha Mérito Operacional Brigadeiro Nero Moura ao Comandante do Primeiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação, Tenente-Coronel Aviador Alan Elias Lemos Mattar. A Condecoração destina-se a distinguir os Comandantes de Unidade Aérea, no âmbito do Comando da Aeronáutica, pela conduta em prol da operacionalidade da sua Organização Militar e da Força Aérea Brasileira. Fotos: SCS/BAFL



A Solenidade encerrou-se com o tradicional Desfile Militar.

A foto oficial da Reunião da Aviação de Patrulha (RAP 2025). Foto: SCS/BAFL

Em 22 de maio de 1942, a tripulação de um dos recém-incorporados B-25 Mitchell da Força Aérea Brasileira, alçou voo de Fortaleza para realizar mais uma missão de treinamento rotineira.  Fabricado pela North American, este bombardeiro bimotor de médio porte era um dos mais modernos e capazes aviões de sua categoria e representou um substancial incremento para a atividade de patrulhamento da FAB. Embora o Brasil ainda não estivesse oficialmente em guerra contra as Forças do Eixo, formadas por Alemanha, Itália e Japão, a tensão era grande e as tripulações voavam sempre prontas para o combate. No comando da aeronave, estavam os Capitães Aviadores Affonso Celso Parreiras Horta e Oswaldo Pamplona, juntamente com instrutores e integrantes da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF). No início da tarde daquela sexta-feira, ao decolar da pista da Base Aérea de Fortaleza, eles não poderiam imaginar que estavam prestes a escrever uma página marcante na história da Aviação Militar brasileira. Durante o voo, a rotina foi quebrada pelo avistamento de um submarino sobre as águas do Atlântico. Era o "Agostino Barbarigo", pertencente à Regia Marina italiana e que dias antes, havia atacado e afundado o navio mercante brasileiro Comandante Lyra, ceifando a vida de vários tripulantes. Ao perceber a presença do avião, o submarino abriu fogo com seus canhões e metralhadoras de convés contra o B-25. Em rápida decisão, de forma a evitar que a nave submergisse, a tripulação lançou seu armamento contra a embarcação, composto por dez bombas de 45 kg. Embora os danos não tenham sido suficientes para o seu afundamento, este embate ficou registrado como o primeiro ataque feito por uma tripulação brasileira, marcando o batismo de fogo da Força Aérea Brasileira e eternizando a data como o Dia da Aviação de Patrulha. Nos meses subsequentes, outros encontros ocorreram entre aviões da FAB e submarinos alemães e italianos, resultando até o final do conflito no Atlântico Sul,  em mais de quinze mil missões de patrulhamento, além de onze afundamentos de submarinos inimigos ao longo do litoral brasileiro.

Representação artística do ataque do bombardeiro B-25 contra o submarino italiano "Barbarigo". Fonte da imagem: website Porder Aéreo

Da Segunda Grande Guerra até os dias atuais, a Aviação de Patrulha da FAB evoluiu a passos largos, empregando ao longo de sua história, diferentes tipos de aeronaves. Atualmente seu efetivo e meios aéreos encontram-se subordinados ao Comando de Preparo (COMPREP) e é composta por três Esquadrões, sendo eles: o Primeiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (1º/7º GAv), o Esquadrão Orungan, com sede em Santa Cruz (RJ), equipado com os quadrimotores Lockheed P-3AM Orion e as Aeronaves Remotamente Pilotadas (ARPs) IAI RQ-1150 Heron I; o Segundo Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (2º/7º GAv), o Esquadrão Phoenix, localizado em Canoas (RS); e o Terceiro Esquadrão do Sétimo Grupo de Aviação (3º/7º GAv), o Esquadrão Netuno, sediado em Belém (PA), ambos utilizando a versão modernizada do EMB-111 Bandeirante Patrulha, também chamado de “Bandeirulha” e designado na FAB como P-95BM. 

Decorridos 83 anos daquele feito histórico, que marcou o batismo de foto da recém-criada Força Aérea Brasileira, muita coisa mudou na forma como se conduz a vigilância sobre os mares, com o desenvolvimento de modernas aeronaves e sensores, a incorporação de novas tecnologias e a utilização de táticas e doutrinas de emprego mais eficientes. Entretanto, os ideais, o legado e o espírito combativo dos patrulheiros de outrora permanece vivo e inabalável nas equipagens de hoje, firmes na salvaguarda das nossas riquezas e recursos naturais espalhados ao longo do extenso litoral brasileiro. Na solidão do mar, em longos voos de patrulhamento, seja no passado ou no presente, o que não muda e continua a ser a mola mestra para vencer as dificuldades e os novos desafios é o espírito de superação e de dedicação presentes no DNA dos militares que integram a Aviação de Patrulha da FAB. Salve a Patrulha! Salve a Patrulha!

2 comentários:

Anônimo disse...

Boa noite, Marcelo. Uma bela reportagem relatando acontecimentos históricos bastantes relevantes. Obrigado.

Anônimo disse...

Excelente matéria! Relembrou meus tempos de patrulheiro em Florianópolis, realizei missões de Patrulha sob o comando do então Capitão Damasceno.

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