Entre os dias 1 e 17 de abril, a Base Aérea de Florianópolis está sediando o Exercício Técnico (EXTEC) "Içamento no Mar", com a presença de aeronaves H-60L Black Hawk e militares do Quinto Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (5º/8º GAv), também conhecido como Esquadrão "Pantera", Unidade Aérea pertencente à Aviação de Asas Rotativas da FAB, localizada em Santa Maria/RS. O objetivo principal da manobra é o aperfeiçoamento das tripulações e equipes de resgate nas diversas técnicas que envolvem missões de Busca e Salvamento (SAR) em ambiente aquático, além da qualificação dos integrantes recém-chegados à Unidade Aérea, neste tipo de atividade, uma das muitas realizadas pelo Esquadrão. Conheça a partir de agora, através de fotos, informações e conteúdos visuais exclusivos, detalhes da estrutura atual da Aviação de Asas Rotativas da FAB, do Esquadrão Pantera e sobre o treinamento. Boa leitura!!
O Esquadrão Pantera é uma das cinco Unidades Aéreas que compõem o Oitavo Grupo de Aviação, estrutura que reúne o emprego operacional com helicópteros na Força Aérea Brasileira e que atende à seguinte distribuição geográfica: Primeiro Esquadrão (1º/8º GAv, Natal/RN); Segundo Esquadrão (2º/8º GAv, Porto Velho/RO); Terceiro Esquadrão (3º/8º GAv, Santa Cruz/RJ); Quinto Esquadrão (5º/8º GAv, Santa Maria/RS) e; Sétimo Esquadrão (7º/8º GAv, Manaus/AM). Estas unidades são responsáveis por uma grande variedade de atividades, incluindo Transporte Aeroterrestre, Ataque, Busca e Salvamento, Evacuação Aeromédica, Missões Humanitárias, entre outras. Além dos Esquadrões subordinados ao Oitavo Grupo, a Aviação de Asas Rotativas da FAB possui outras três unidades dedicadas às missões de Instrução de Voo, Busca e Salvamento e Transporte de Autoridades, localizadas respectivamente em Natal/RN, Campo Grande/MS e Brasília/DF.

De forma resumida, a história do Esquadrão Pantera está ligada à criação do Quarto Esquadrão Misto de Reconhecimento e Ataque (4º EMRA), no início da década de 70, em Santa Maria/RS, mais tarde redesignado como 5º EMRA. Na época, assim como as demais Unidades Aéreas deste tipo, o 5º EMRA operava uma frota combinada de aviões e helicópteros, daí advindo a palavra "Misto", realizando uma ampla gama de missões. Em setembro de 1980, todas essas Unidades Aéreas foram extintas e em seu lugar, surgiu o Oitavo Grupo de Aviação, passando a empregar exclusivamente aeronaves de asas rotativas. Em sua nova fase, agora denominada como 5º/8º GAv, a Unidade continuou operando com o lendário Bell UH-1H até 2011, quando começaram a chegar os Sikorsky H-60L Black Hawk, vetor que equipa o Esquadrão Pantera na atualidade. Ao longo do tempo, foram inúmeras participações em resgates e situações de calamidade pública, prestando um apoio fundamental para a população. Entre as mais marcantes, a remoção para hospitais das vítimas do incêndio da boate Kiss, em Santa Maria (2013), auxílio aos atingidos por desastres climáticos em Santa Catarina (2008) e no Rio Grande do Sul, no ano passado. O Esquadrão Pantera é subordinado operacionalmente ao Comando de Preparo (COMPREP) e administrativamente à Base Aérea de Santa Maria (BASM). O Emblema da Unidade traz como elemento central, uma pantera negra com semblante agressivo e seu grito de guerra é a expressão "Oigalê Fera!", típica das terras gaúchas, utilizada para chamar a atenção de algo, exprimir admiração ou respeito por algum fato ou situação. Atualmente a Unidade Aérea é comandada pelo Tenente-Coronel Aviador Kleison Roni Reolon.

O treinamento conta com a participação de três helicópteros H-60L Black Hawk e cerca de sessenta militares. Para isso, o Esquadrão Pantera deslocou para Florianópolis, boa parte de sua estrutura, incluindo também o Alerta SAR. Durante todo o ano, 24 horas por dia, em coordenação com o SALVAERO Sul, a Unidade Aérea mantém uma aeronave em prontidão, capaz de decolar em poucos minutos para atender emergências ou realizar missões de Busca e Salvamento em qualquer ponto da região Sul do Brasil, tanto em terra quanto sobre o mar. O adestramento na capital catarinense é focado em dois tipos de cenários, o resgate de pessoas à deriva na água e situações de Evacuação Aeromédica (EVAM) de tripulantes em embarcações. Ambas as ações fazem parte da rotina do Esquadrão e para tal, os pilotos, operadores de guincho e o pessoal do resgate, precisam estar bem treinados para realizá-las com a máxima eficiência. É uma atividade que exige de todos, muita atenção, trabalho em equipe, coordenação, além de habilidade na pilotagem, para manter a aeronave em voo pairado, à baixa altura e em qualquer condição de tempo, de dia ou de noite, nesse caso, com o auxílio de Óculos de Visão Noturna (NVG). Nesse contexto, o exercício este ano está trazendo como novidade, o resgate noturno. Além da capacitação e do treinamento neste tipo de situação, a prática também vai permitir que o Esquadrão possa testar e validar doutrinas de emprego com este tipo de equipamento, algo fundamental no caso de acionamentos reais. Importante dizer que o treinamento tem validade de um ano e é obrigatório para todos os integrantes operacionais da Unidade Aérea, sejam eles veteranos ou recém-chegados. Também é uma excelente oportunidade para a padronização de procedimentos e o entrosamento das equipes.

Um dos helicópteros em Florianópolis fica de prontidão, em caso de acionamento para qualquer tipo de emergência. A bordo, a aeronave já está guarnecida com os equipamentos necessários para atender todos os tipos de salvamento.
Fotos: Marcelo Lobo da Silva
O treinamento prossegue durante a noite, com o emprego de Óculos de Visão Noturna (NVG). O Esquadrão Pantera foi o pioneiro na FAB na utilização deste equipamento nas operações com helicópteros.

Para o salvamento em meio aquático, existem diversas técnicas de resgate. Uma das mais conhecidas, atende pelo nome de Kapoff, método de içamento desenvolvido pelos ingleses e empregado na FAB, desde os anos 80. O procedimento é utilizado em situações em que não é possível o salvamento por outras formas, a não ser com a presença do helicóptero. Embora possa parecer simples aproximar a aeronave, descer o guincho e trazer uma pessoa para bordo, toda a ação é cercada de condicionantes e variáveis, incluindo o estado de saúde da vítima, as características do local, fatores climáticos, entre outros. O treinamento acontece nas águas da Baía Sul, bem em frente à Base Aérea de Florianópolis, em uma área pré-definida, distante a cerca de 2 km da orla. Já a atividade de resgate em embarcação, foi realizada na semana passada e contou com o apoio da Marinha do Brasil, através da participação do Navio-Patrulha (NPa) P-63 "Babitonga", vinculado ao Quinto Distrito Naval (5º DN), com sede na cidade de Rio Grande/RS. Essa etapa ocorreu nas imediações da cidade de Itajaí, litoral norte catarinense.

Treinamento de resgate em embarcação, com o apoio do Navio-Patrulha (NPa) P-63 "Babitonga", da Marinha do Brasil. Foto: Sgt. Ferraz/Esquadrão Pantera
A relação do Esquadrão Pantera com Florianópolis é antiga. Desde a década de 80, a Unidade Aérea se desloca regularmente para a capital catarinense, com o propósito de realizar seus treinamentos operacionais, anteriormente conhecidos pelos nomes de "Guasca" (Resgate) e "Mata Pato" (Tiro contra alvos aéreos e terrestres). São vários os fatores que justificam o deslocamento da Unidade Aérea desde o interior gaúcho até o litoral catarinense. Entre os principais, está o apoio logístico proporcionado pela Base Aérea de Florianópolis, fornecendo as condições ideais de hospedagem e alimentação para as tripulações e de manutenção e abrigo para as aeronaves. Outro ponto fundamental é a geografia da Ilha de Santa Catarina, com as águas calmas e abrigadas da Baía Sul, servindo como palco perfeito para o adestramento das tripulações. Além disso, a proximidade com a Base Aérea, permite que o helicóptero alcance a área de treino em poucos minutos, resultando em substancial economia de combustível e maior tempo útil de atividade.

A imagem acima mostra a localização da área destinada ao treinamento de resgate sobre a água. Um dos principais trunfos para que este treinamento aconteça na capital catarinense, é a proximidade com a Base Aérea de Florianópolis. Fonte da imagem: Google Earth
H-60L Black Hawk do Esquadrão Pantera, decolando para mais um exercício de resgate. Foto: Marcelo Lobo da Silva
Durante o treinamento em Florianópolis, uma típica missão de resgate envolve a participação de um helicóptero e de um bote inflável. A bordo da aeronave, estão, além dos dois pilotos, o operador do guincho e a equipe de resgate. Na embarcação, seguem militares da Força Aérea Brasileira, que farão o papel de "vítimas" à deriva na água, para serem resgatadas. Na condução do bote, estão sempre integrantes experientes em salvamento, aptos a atuarem com rapidez, em caso de emergência ou necessidade. Na manhã de ontem, segunda-feira (14/4), o site Aviação em Floripa teve o privilégio em acompanhar uma dessas missões, embarcando junto com a equipe no bote. No total, foram realizados quatro içamentos individuais, além de alguns resgates com o uso da maca. Nesse caso, um boneco simula uma pessoa com um quadro de saúde mais crítico, necessitando do equipamento para ser conduzida ao helicóptero. Tudo acontece a poucos metros de altura sobre o mar, requerendo grande atenção, destreza e coordenação de todos a bordo da aeronave. Acompanhe abaixo, em fotos do colaborador Ângelo dos Santos Melo, detalhes do resgate na água.

A equipe que participou da missão, juntamente com o Editor do site Aviação em Floripa, primeiro à esquerda na foto e, ao seu lado, o colaborador e fotógrafo, Ângelo dos Santos Melo. Foto: Sgt. Jeber/SCS BAFL
Fotos: Ângelo dos Santos Melo
O Sistema de Busca e Salvamento Aeronáutico Brasileiro, conhecido pela sigla SISSAR, é vinculado ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), um dos braços da Força Aérea Brasileira. A estrutura é reconhecida mundialmente pelo seu preparo, prontidão e eficiência para localizar e socorrer ocupantes de aeronaves e embarcações em situações de perigo, em uma área de 22 milhões de quilômetros quadrados, equivalente a mais de duas vezes toda a extensão do continente europeu. São diversas Organizações Militares, tendo na ponta da lança, as Unidades Aéreas, as tripulações e equipes de resgate. É uma cadeia coordenada, organizada e motivada, trabalhando diuturnamente com um único objetivo: "Para que outros possam viver!". Existe um famoso ditado que diz que "Você luta como treinou". Esta máxima também é verdadeira quando se trata de salvar vidas. Por este motivo, exercícios como o que está ocorrendo em Florianópolis são tão importantes. É por intermédio deles, que a FAB e suas equipes de resgate se capacitam para estar sempre prontas e preparadas para atuar em prol da Segurança de Voo e da sociedade brasileira.
O site Aviação em Floripa agradece ao Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER), ao Comando de Preparo (COMPREP), à Seção de Comunicação Social da Base Aérea de Florianópolis (SCS/BAFL) e ao Esquadrão Pantera, pela autorização, acesso, acompanhamento e informações prestadas sobre o Exercício, sem os quais, esta matéria não teria sido possível.
👐👏👏👏👏👏👏
ResponderExcluirO Aerojota citou vc ao publicar o exercício, hoje fui no aeroporto e não vi os helicópteros.
ResponderExcluirBom dia Sergio, os helicópteros ficam no patio da Base. Se você for na praia da Tapera é possivel ver a manobra sobre o mar.
ExcluirBom dia, Marcelo. Muito legal. Obrigado.
ResponderExcluirShow!! Parabéns aos guerreiros do Esquadrão Pantera pela missão e aos repórteres pela bela reportagem.
ResponderExcluirNossa lida, Vossa vida!!!
Cel R1 Ottero ex OPR 58GAV
Parabéns Marcelo mais uma vez pelo conteúdo informativo e ilustrativo. Agradeço a voce, ao Ten. Mesquita e demais envolvidos pela oportunidade de realizar essa cobertura!
ResponderExcluirParabéns pela excelente matéria, muito bem elaborada e ricamente ilustrada. Este Esquadrão é um dos grandes pioneiros na Força Aérea, formando as primeiras equipagens de Helicópteros do Exército , criando doutrinas de emprego no cenário de combate, e disseminando o método de resgate inglês, durante a década de 80. Mais recentemente vem aperfeiçoando o emprego dos visores noturnos. Vida longa ao Esquadrão Pantera!
ResponderExcluirServi na BASM na decada de 70 no tempo do SAPÃO bons tempos moro em Santa Maria RS.
ResponderExcluirMuito boa a matéria, mais o navio que realizou o treinamento e o que aparece na foto foi o NPa Babitonga e não o Tritão.
ResponderExcluirObrigado pelo contato e pelo esclarecimento. Irei retificar a informação.
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